quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Topografias, Topologias

Lisboa. 2012
[Lisbon Ground 13] O objetivo desta recolha fotográfica não era o de ter um grande número de fotografias, mas concluído o trabalho foram feitas algumas dezenas de milhar de imagens. A base metodológica de partida não foi a procura de um enquadramento demorado, estudado ao pormenor, foi o de um exercício de deslocação intuitiva e rápida sobre o solo urbano, sobre a sua topografia, sobre as suas topologias complexas. Contacto entre a face de quem se move e as superfícies materiais envolventes. Esta é uma fotografia física, erguida de um lastro cultural de viagens imensas, que quer dar conta de uma deslocação criativa sobre os lugares. Se perante a Natureza nos confrontamos, perplexos, com uma enorme força telúrica, na cidade deparamo-nos com a singularidade do seu desenho e com a materialização de um desígnio de habitar ambíguo.
Lisboa. 2012

2 comentários:

  1. É isto que me causa um certa desconfiança na fotografia moderna:"Dezenas de milhar de imagens". Entre o estudo moroso - correndo o risco de perder a espontaneidade - da pintura, desenho ou de um certo jeito de fazer fotografia mais analítico e o "metralhar" de milhares de fotos para escolher depois algumas deve haver um meio termo eficaz e verdadeiramente artístico. Sei muito pouco de arte, mas o meu amigo Mestre Lagoa Henriques falava-me muito numa expressão do Leonardo Da Vinci: "A arte é coisa mental" - ou seja nasce de dentro para fora. Talvez por isso me cause mais embaraço a sua estratégia experimentalista. Não me leve a mal. Conforme já lhe disse, percebo pouco de arte, sou engenheiro de profissão e queria apenas informá-lo do meu ponto de vista. Um abraço, LM

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  2. Caro Luís Miguel, tenho ao longo do meu trabalho, particularmente de alguns anos a esta parte, lutado contra a ideia da fotografia-objeto-para-pôr-na-parede. Tenho um grande fascínio pelo documentalismo e, simultaneamente, pela ideia de aproximação, talvez utópica, entre a fotografia e a literatura. Aqui há uma narrativa que vale como um todo, de onde não devemos extrair frases soltas sob pena de perdermos o sentido do discurso. Quando viajo tenho a experienciação de uma realidade que não posso sintetizar em duas ou três imagens. Faço milhares na ânsia de captar um espaço-tempo que constantemente me escapa. O desafio que habito é o de expressar essa complexa relação com os lugares, com o desejo de comunicação, se quiser com o não baixar de braços contra a ideia de que há coisas que não se conseguem dizer por palavras, ou outras formas expressivas. Não tenho qualquer ambição ser apelidado de artista. Gostava de levar cada vez mais longe a minha capacidade de comunicar, mas essa é uma luta quotidiana comigo mesmo. Claro que estou inserido num sistema económico que faz de mim um certo marginal, mas esse é outro confronto com que lido com perseverança. Abraço, d

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