[pst 347] "O pastor quase-bárbaro dessas cumeadas da serra a topetar com as nuvens (1800 m a 2000 m de altitude), abordoado ao seu cajado, vestido de peles, seguindo o rebanho de ovelhas louras, é talvez o descendente dos companheiros de Viriato. Por essas eminências, tapetadas de relva no Estio e de neves no Inverno, nem as vilas nem as árvores se atrevem a subir: só o pastor nómada as habita. Do alto do seu trono de rochas vê gradualmente ir nascendo a vida pelas encostas: primeiro o zimbro, rasteiro e roído pelo gado, circunda os altos nus; logo aparecem os piornos, as urzes brancas, os carvalhos; depois, já a meia altura da encosta, os castanheiros, as lavouras, os enxames de aldeias; afinal, na extrema baixa, o lençol de lagunas, o tapete de esmeraldas engastadas em fios brilhantes, que o sol faceta ao espelhar-se no labirinto de canais". (Oliveira Martins, História de Portugal). Este quadro romântico não corresponde à realidade mas sugere o carácter poético da serra. Ainda hoje, se nos afastarmos das estradas entretanto construídas, continuamos a encontrar nas marcas do pastoreio, os únicos vestígios construídos, na cumeeira da serra.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaPbmylp0XS1XfLjttHGhf-StJLB1l_jKHqdf4q2DkjdsXvm9rIntDZrkuyJ_7G9oyQoK82VFm1_pyhdIuklKASNFlDm6e4qvRjHOAD2MQOkqlhevFU_cM0TUFvciMQaXeZXfLmlC9eg/s1600/346-nb1744-12.jpg) |
346. Serra da Estrela, Penhas da Saúde. Covilhã. 1 de março de 1996 |