quinta-feira, 30 de abril de 2020

Igreja da Golegã

[pst 420] Numa terra relativamente modesta, a dimensão da igreja da Golegã causa alguma perplexidade. Nos séculos XV e XVI a corte esteve muitas vezes em Almeirim. O belo pórtico manuelino desta igreja tem certamente uma explicação nesta proximidade do paço. Vila de características marcadamente ribatejanas, daqui é oriunda a família Relvas. José Relvas, político e diplomata, foi figura proeminente da I República, seu avô empenhara a sua vida no desenvolvimento da lavoura mecanizada na Golegã. Seu pai, Carlos Relvas, além de cavaleiro e toureiro, foi um dos pioneiros da fotografia em Portugal, desenvolvendo o seu trabalho no estúdio da Golegã.

419. Igreja da Golegã. 30 de julho de 1996

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Igreja do convento de Almoster

[pst 419] O topónimo Almoster deve derivar de al-monasterium, o mosteiro, termo que nos remete para a presença muçulmana neste território. O actual convento de Almoster é de fundação atribuída a D. Berengária Aires, mulher de D. Rodrigo Garcia e dama de honor da rainha Santa Isabel. Espaço gótico, próximo de Santarém, seguidor dos princípios arquitectónicos das abadias cistercienses, foi bastante adulterado ao longo dos tempos e a sua envolvência encontra-se descaracterizada. Mantém a dignidade de uma arquitectura que resiste ao tempo.

418. Igreja do convento de Almoster. Santarém. 29 de julho de 1996

terça-feira, 28 de abril de 2020

Convento de Cristo

[pst 418] Em Itinerário Português — O Tempo e a Alma, José Hermano Saraiva escrevia: "É um monumento único no nosso país, que recorda directamente as cruzadas do Oriente; é um santuário surpreendente, que contrasta com as igrejas românicas que, por aquela época, se construíam na Península. Foi gosto que Gualdim Pais, ou algum dos seus homens, trouxe da Ásia Menor. Era aquele o oratório dos Cavaleiros do Templo; na época de D. Manuel, o rei quis dar dimensões novas à igreja do convento, mas o respeito por aquela construção, já então várias vezes secular e duplamente sacralizada pela sua ligação à Terra Santa e com os primeiros tempos da monarquia, levou-o a querer poupar a igreja primitiva, que foi engenhosamente aproveitada como altar-mor da igreja nova". Conta alguns momentos chave da arquitectura portuguesa entre os séculos XII e XVIII. Como um organismo vivo que cresce ao longo de um tempo extenso, enuncia, nas suas pedras, a história e a identidade do ser português.

417. Convento de Cristo — Tomar. 31 de julho de 1996

domingo, 26 de abril de 2020

Igreja de S. João de Alporão

[pst 417] Diz-se ter sido construída — a igreja de S. João de Alporão — sobre o embasamento de um templo romano onde teria existido uma varanda, demolida em 1799, para ali passar o coche que transportava a rainha D. Maria. Não se prova tal facto. A igreja teve uma construção demorada que apresenta duas fases distintas: uma românica e outra gótica. Santarém foi até ao século XVI um dos principais centros urbanos portugueses. Memória da grandeza passada, ostenta um conjunto notável de igrejas e conventos desse período.

416. Igreja de S. João de Alporão — Santarém. 29 de julho de 1996

sábado, 25 de abril de 2020

Capela de S. Pedro do Castro

[pst 416] A Capela de S. Pedro do Castro está localizada numa proeminência sobranceira ao rio Zêzere. O topónimo e as características do local sugerem a existência de um povoado castrejo. Não há, no entanto, vestígios dessa estrutura. A capela é de construção muito antiga, conserva um portal gótico e duas lápides romanas na fachada, ali colocadas e, certamente, encontradas nas proximidades do local.

415. Capela de S. Pedro do Castro. Ferreira do Zêzere. 31 de julho de 1996

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Real Colégio das Missões Ultramarinas — Cernache do Bonjardim

[pst 415] Cernache do Bonjardim parece dever o seu topónimo à qualidade do seu solo agrícola, de onde se conseguem cereais em abundância, azeite, fruta e produtos hortícolas. O Seminário do Grão-Priorado, foi mandado edificar, em finais do século XVIII, por D. Manuel Joaquim da Silva, provisor e vigário-geral do Grão-Priorado do Crato. Pouco depois D. João VI, torna-o diocesano e altera-lhe a designação para Real Colégio das Missões Ultramarinas.

414. Real Colégio das Missões Ultramarinas — Cernache do Bonjardim. Sertã. 18 de janeiro de de 1996

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Ponte de Sor

[pst 414] "Uma das mais fortes necessidades de reunião é de ordem económica — na vila os homens trocam aquilo que produzem pelo que precisam. Para essa função, os povoados reservam espaços especiais e datas do seu calendário. Os que todos os dias vendem, em qualquer parte fazem poiso — a uma esquina, num largo ao sol, sobre os próprios cestos ou em toscas bancas. Mas para a feira ou o mercado, todas as semanas, de mês a mês, ou em dias especiais, já há o terreiro, vasto, com uma dimensão colectiva de animais e pessoas e que vazio choca com a escala dos aglomerados — precisa das gentes, dos feirantes, das tendas e das mercadorias para ter significado". (Arquitectura Popular em Portugal).

413. Ponte de Sor. 31 de julho de 1996

terça-feira, 21 de abril de 2020

Chouto

[pst 413] Situadas no interior do "campo", são aldeias pequenas e de pouca gente, sem uma história fixada ou aspectos arquitectónicos monumentais. Como o Chouto, são terras limpas e arejadas, povoadas pelo silêncio, por uma ou outra voz ocasional.

412. Chouto. Chamusca. 1 de agosto de de 1996

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Quinta de Vale de Lobos, Azoia de Baixo

30 de julho de 1996. [pst 412] Alexandre Herculano, em 1839, é encarregado de dirigir as bibliotecas reais da Ajuda e das Necessidades, dedicando-se então, de forma mais assídua, à pesquisa histórica. Vindo de uma obra literária consolidada inicia a escrita da História de Portugal, que será dada à estampa entre 1846 e 1853. A sua publicação não vai além do reinado de D. Afonso III. Muito criticada na altura, é hoje considerada uma obra fundamental na historiografia portuguesa. Um novo conceito de História baseado no rigor, no sentido crítico, e na interpretação científica e desapaixonada de documentos históricos, molda a sua escrita. É «a ciência social destinada a enriquecer o futuro com a experiência do passado». Desiludido do meio intelectual da época, muda-se para a quinta de Vale de Lobos, para se dedicar à agricultura. Aqui morre no ano de 1877.

411. Quinta de Vale de Lobos, Azoia de Baixo. Santarém

domingo, 19 de abril de 2020

São João da Ribeira

[pst 411] S. João da Ribeira é uma pequena aldeia situada na margem esquerda do Rio Maior. A torre mourisca, no adro da igreja, é um testemunho de tempos recuados e, nas suas imediações, no cabeço de S. Gens, permanecem vestígios castrejos. Foi sede de concelho, até o poder municipal ser transferido para Rio Maior. Aqui nasceu o poeta Ruy Belo e este lugar — espaço de infância — está presente na sua obra. "Renasce neste largo a minha infância /a minha vida tem aqui nova nascente /e jorra de repente com o ímpeto do início". O Jogo do Chinquilho — Transporte no Tempo.

410. São João da Ribeira. Rio Maior. 28 de maio de de 1994

sábado, 18 de abril de 2020

Constância

[pst 410] Luís de Camões descreve nos seus versos um lugar onde esteve desterrado entre os anos de 1547 e 1550 a expiar os seus mal sucedidos amores por Catarina Ataíde. O local descrito pelo poeta adapta-se a Constância, essa vila ribatejana aninhada na confluênciadas águas escuras do Zêzere e o fluxo barrento que o Tejo trazia de Espanha, antes da construção das barragens.

409. Constância. 16 de agosto de de 1995

sexta-feira, 17 de abril de 2020

Salinas — Fonte da Bica. Rio Maior

[pst 409] No limite da terra ribatejana, no sopé da serra calcária dos Candeeiros dá-se um fenómeno singular da paisagem portuguesa. Entre a vinha e as oliveiras deparamos com poços de água salgada, que correspondem à passagem de um grande acidente tectónico paralelo ao litoral. Um local próximo já era explorado aquando da Reconquista. Este teria sido abandonado, entre os séculos XVI e XVII, quando foi descoberto o actual poço. A água salgada era extraída de um poço comum e distribuída pelos cerca de 400 talhos de diferentes dimensões. O trabalho de hoje já perdeu o seu carácter comunitário, devido à mecanização de parte do processo; no entanto o local continua a ser explorado, e no Verão lá se compõem os montes de sal.

408. Salinas — Fonte da Bica. Rio Maior. 1 de maio de de 1996

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Recinto de Touros — Benavente

[pst 408] A presença dos touros, dos cavalos e dos campinos, trajados a rigor com os seus barretes verdes e vermelhos e as suas varas compridas, foram uma das imagens mais divulgadas do Ribatejo, particularmente a partir do regime do Estado Novo, quando se enalteciam os valores tradicionais de cada região. Embora hoje este trajar seja difícil de encontrar, os recintos de touros, de diferentes tipos e características, continuam a marcar uma presença assinalável nesta paisagem.

407. Recinto de Touros — Benavente. 1 de agosto de de 1996



terça-feira, 14 de abril de 2020

Villa Cardílio. Torres Novas

[pst 407] A villa romana de Cardílio foi construída, provavelmente, junto da estrada que ligava Santarém a Tomar e que marginava o Tejo, até às proximidades deste local. A residência fora construída com um amplo peristilo, de onde irradiava o restante espaço da casa. Um dos mosaicos postos a descoberto apresentava a seguinte legenda: «Viventes Cardilium et Avitam Felix Turre» (Que Cardílio e Avita sejam felizes na sua vila da Torre).

406. Villa Cardílio. Torres Novas. 30 de julho de de 1996

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Castro — Vila Nova de S. Pedro

[pst 406] "Comparando a arquitectura e a extensão de sítios como Vila Nova de S. Pedro com outros pequenos povoados contemporâneos parece inegável a hierarquização de funções entre os diversos povoados, havendo indícios da existência de um sistema de lugares centrais: o lugar destacado de Vila Nova de S. Pedro pode dever-se não apenas à aptidão do solo, à existência das águas, à riqueza cinegética e às facilidades de desenvolvimento de uma fauna domesticada mas sobretudo a uma particular localização relativamente às vias de comunicação, ao acesso ao mar e, com isso, ao precioso metal". (Rui Parreira — Arqueologia no Vale do Tejo).

405. Castro — Vila Nova de S. Pedro. Azambuja. 29 Jul de 1996

domingo, 12 de abril de 2020

Ponta da Erva

[pst 405] A Ponta da Erva é um lugar paradigmático. Situa-se na confluência do antigo traçado do Sorraia com o Tejo, no coração do estuário, e também, paradoxalmente, no centro da Área Metropolitana de Lisboa. Rodeado à distância por uma urbanização densa, é um reino de silêncio e um estranho vazio, enclave de uma paisagem solitária.

404. Ponta da Erva. Vila Franca de Xira. 13 de janeiro de de 1997

sábado, 11 de abril de 2020

Nossa Senhora de Alcamé

[pst 404] Os terrenos que iam desde a Ponta da Erva até à Boca do Vau, próximo da Azambuja, entre Tejo e Sorraia, pertenciam à Casa do Infantado. Foram vendidos em 1836 à Companhia das Lezírias. É um imenso território plano de terrenos ricos em cereais e pastagens, com um comprimento de 28 km, uma largura máxima de 8 km e uma área de 12 055 hectares. A igreja de Nossa Senhora de Alcamé é uma das poucas construções do vasto espaço da Lezíria. O seu soco permite que escape às cheias, já aqui muito espraiadas, no largo delta interior.

403. Nossa Senhora de Alcamé — Lezíria. Vila Franca de Xira. 13 de janeiro de de 1997

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Quinta da Cardiga

[pst 403] No ano de 1169 o castelo da quinta da Cardiga foi doado à Ordem dos Templários e, com a extinção desta, transita para a Ordem de Cristo. Estes factos demonstram bem a antiguidade e importância do lugar. Hoje já não existe o castelo. Um majestoso palácio é agora o coração da quinta. Em seu redor encontram-se instalações de apoio às actividades agrícolas, como sejam a produção de vinho, azeite, queijo ou manteiga.

402. Quinta da Cardiga. Vila Nova da Barquinha. 16 de agosto de de 1995

quarta-feira, 8 de abril de 2020

Palácio das Obras Novas. Azambuja

[pst 402] A Vala da Azambuja foi mandada construir pelo Marquês de Pombal para escoamento das águas entre Santarém e Azambuja. Obras deste género, destinadas a secar os pântanos para libertar o terreno para a agricultura, já eram realizadas desde o século XII. Na confluência da Vala da Azambuja com o Tejo encontra-se o palácio das Obras Novas, que serviu de estação fluvial aquando da ligação, por carreiras de vapores, entre Lisboa e Constância.

401. Palácio das Obras Novas. Azambuja. 15 de janeiro de de 1997

terça-feira, 7 de abril de 2020

Palácio dos Duques do Cadaval — Muge

[pst 401] A antiga vila de Muge foi couto do mosteiro de Alcobaça. No início do século XIV a propriedade é integrada na Coroa. Em 1648 o palácio da vila passa para as mãos dos duques do Cadaval. Um pouco a montante da povoação, nas margens da ribeira de Muge, fixaram-se populações humanas que, há cerca de 7000 anos, se alimentavam à base de lamejinha e berbigão, abundantes então no estuário do Tejo. No local deixaram massas compactas de conchas, formando os designados Concheiros de Muge.

400. Palácio dos Duques do Cadaval — Muge. Salvaterra de Magos. 12 de janeiro de de 1996

segunda-feira, 6 de abril de 2020

Santarém

[pst 400] Das portas do Sol, ou dos outros promontórios da cidade de Santarém, percebe-se a importância do lugar e o motivo de uma ocupação muito remota. Foi conquistada pelos Romanos aos Túrdulos. Em 715 os Muçulmanos tomam o lugar, de onde são expulsos pelo acordo de D. Afonso VI de Leão com a sua população. Cedida ao conde D. Henrique, passa a integrar por pouco tempo a terra portucalense. Os Mouros regressam e, em 1147, é tomada de surpresa por D. Afonso Henriques. A sua importância e a proximidade dos coutos de caça real da margem sul motivaram a escolha da próspera vila para a reunião das cortes do reino, entre os séculos XIII e XV. Dos seus promontórios sobre o Tejo temos uma leitura privilegiada sobre a planura e dimensão do Ribatejo.

399. Santarém. 12 de janeiro de de 1996

domingo, 5 de abril de 2020

Vale de Cavalos. Chamusca

[pst 399] Ciclicamente a paisagem destas terras planas altera-se radicalmente. Não são frequentes no Outono, podem acontecer na Primavera, mas no Inverno acontecem muitas vezes. As águas vindas de uma extensa bacia hidrográfica, que inclui as terras altas da Cordilheira central Ibérica, alagam toda a região, por vezes durante semanas. Galgam os diques, cobrem a terra, submergem estradas, isolam aldeias.

398. Cheia do rio Tejo, Vale de Cavalos. Chamusca. 12 de janeiro de de 1996

sábado, 4 de abril de 2020

Senhora de Alcamé (prox.), Lezíria

[pst 398] Toda a superfície da Lezíria é estruturada por valas que permitem a rega dos campos, o escoamento de águas pluviais e afluentes e, simultaneamente, criam uma barreira física entre os vários espaços, importante para manter o gado bravo num território delimitado. Directamente relacionados com as valas, estão as estradas que lhes dão acesso, sempre de acentuada linearidade.

397. Senhora de Alcamé (prox.), Lezíria. Vila Franca de Xira.  3 de setembro de de 1995

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Rio Tejo — Espragal do Mouchão. Chamusca

[pst 397] "A comprida caleira aluvial do Tejo inferior estende-se, rectilínea, sobre os 100 km que separam Lisboa da garganta granítica onde se ergue o castelo medieval de Almourol. Um rio navegável que forma na foz um vasto e seguro porto marítimo, uma vasta planície fertilizada por inundações frequentes, são condições excepcionalmente favoráveis no contexto de Portugal. O geógrafo Estrabão, no começo da nossa era, já enaltecia em grego as suas qualidades". (Suzanne Daveau — Portugal Geográfico).

396. Rio Tejo — Espragal do Mouchão. Chamusca. 16 de agosto de de 1995

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Edifício agrícola, Marvila. Chamusca

[pst 396] Os edifícios agrícolas, por vezes de arquitectura invulgar e sempre de desenho racional, pontuam uma região essencialmente rural. Os silos acentuam a planura do solo ribatejano, das terras férteis, dos cereais.

395. Edifício agrícola, Marvila. Chamusca. 1 de agosto de de 1996

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Construções paliçadas — Patacão

[pst 395] As construções sobre estacaria são um dos sinais mais evidentes da ocorrência de cheias frequentes no vale do Tejo. Feitas integralmente em madeira, representam a adequação ao meio alagadiço em que se encontram. Agora estão a desaparecer e os núcleos ainda existentes, ou lhes é alterado o princípio construtivo, e são refeitas com tijolo, betão e reboco, ou serenamente serão levadas pelas águas do Tejo

394. Construções paliçadas — Patacão. Alpiarça. 30 de julho de de 1996