segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Conimbriga

[pst 270] No promontório onde viria a ser edificada a cidade romana de Conimbriga, já existia um povoado anterior. A romanização deu-se a partir da segunda metade do século II a. C.. Existia uma primeira muralha que devia ser mais honorífica que defensiva, mas com a ameaça dos povos Bárbaros, que entretanto avançavam sobre a Península Ibérica, construiu-se, no fim do século III ou início do IV, uma outra imponente muralha. Só no ano 467, é que os Suevos tomaram a cidade sem, no entanto, nela permanecerem. Quatro anos depois regressam para uma devastação ainda maior, que provocou a sua desolação e da região. Conimbriga não era, no entanto, abandonada, mas o seu declínio era evidente. No ano 586, os Visigodos, após terem derrotado os Suevos, levam a cabo reformas administrativas no território da Lusitânia. A transferência definitiva da sede de bispado de Conimbriga para Aeminium, futura Coimbra, data, talvez, dessa época.

Conimbriga, Condeixa-a-Velha. Condeixa-a-Nova. 15 de agosto de 1996

domingo, 30 de outubro de 2016

Praça de Touros — Abiúl

[pst 269] Abiúl é uma pequena aldeia que teve certamente alguma importância mas que entretanto declinou, deixando em alguns edifícios a memória desse passado. Foi dada pelo rei D. Afonso Henriques ao mosteiro de Lorvão em 1175. A praça de touros, implantada num terreno inclinado, é referida como sendo a mais antiga do País.

Praça de Touros — Abiúl. Pombal. 2 de maio de 1996

sábado, 29 de outubro de 2016

Colcorinho

[pst 268] No alto do Colcorinho, a uma altitude de 1244 m, está construída a capela de Nossa Senhora das Necessidades. É um lugar mágico. Uma proeminência um pouco afastada da linha de festo que percorre as cumeeiras da Lousã, do Açôr e da Estrela e nos coloca num ponto de observação notável, sobre esta extensa sucessão de serras.

Colcorinho — Senhora das Necessidades, Vide. Seia. 15 de março de 1996

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Talasnal

[pst 267] Na encosta noroeste da serra da Lousã existe uma série de aldeias de características semelhantes, que estão praticamente abandonadas. Foram deixadas intactas pelos seus habitantes, que daqui saíram para outras paragens à procura de trabalho. Nos últimos anos algumas das suas casas têm vindo a ser adquiridas, ou por gente da cidade, que as habita sazonalmente, ou por pequenas comunidades de pessoas vindas do centro da Europa, que aqui encontram um lugar de tranquilidade que já não existe nos seus países de origem.

Talasnal. Lousã. 25 de junho de 1996


quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Real Neveiro

[pst 266] Na serra da Lousã, relativamente próximo do seu ponto culminante, o Castelo do Trevim, foi construída a capela de Santo António da Neve. Em torno da capela encontramos os neveiros. São poços onde, no século XVIII, era recolhida a neve do inverno que no seu interior se conservava. Posteriormente, no Verão, era transportada para Lisboa, para consumo da corte.

Real Neveiro — Santo António da Neve. Castanheira de Pêra.  16 de março de 1996

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Moinhos de Gavinhos

[pst 265] Nas imediações de Penacova existem vários conjuntos de moinhos de vento de características semelhantes. Destacam-se, pelo seu elevado número, os da serra da Atalhada, da Portela da Oliveira e os de Gavinhos. Estes últimos representam o núcleo mais bem conservado dos acima referidos, mas já não se encontram em funcionamento regular. Inserem-se na tipologia do designado moinho mediterrâneo. São de torre, construída em alvenaria de pedra com cobertura em madeira, e de sistema de tração que permite girar o tejadilho através de rabo, adequando-o assim à direção do vento.

Moinhos de Gavinhos — Gavinhos. Penacova. 25 de junho de 1996

Serra de Sicó

[pst 264] Embora a serra de Sicó não seja muito extensa, possui alguns recantos interiores de grande isolamento. Encontramos aí, numa plataforma elevada e num solo calcário onde quase só existe a rocha nua, caminhos murados e vestígios de umas poucas construções isoladas. É um mundo rural de difícil acesso e hoje abandonado.

Serra de Sicó. Pombal. 2 de maio de 1996

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Porto Silvado

[pst 263] No contexto do povoamento das serranias de Portugal a serra do Açôr apresenta algumas singularidades, ligadas à própria estrutura da montanha. O solo de xisto é muito recortado pelas linhas de água, dando origem a caminhos tortuosos e longos, que isolam as pequenas povoações. Estas conservam um carácter arcaico e, quase sempre, constroem o seu espaço agrícola numa escadaria de socalcos. É um mundo original que de que somente nos apercebemos quando nele penetramos.

Porto Silvado (prox.). Arganil. 15 de março de 1996

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Aqueduto — Serra da Freita

[pst 262] É um troço de aqueduto, numa região erma, em plena cumeeira da serra da Freita, e representa uma extraordinária forma construída dos recursos da sabedoria popular. Os pilares são constituídos por pedras empilhadas, algumas de dimensões consideráveis,  sobre as quais assenta uma caleira que consiste num rego escavado numa pedra granítica longilínea.

Aqueduto — Serra da Freita, Gestoso. S. Pedro do Sul.  3 de junho de 1996

domingo, 23 de outubro de 2016

Serra de Alvaiázere

[pst 261] A serra de Alvaiázere é um dos vários blocos levantados e descarnados do calcário jurássico que, de Montejunto até Sicó, acompanham a grande via de circulação entre o Tejo e o Baixo Mondego.  A sua posição no cruzamento das vias que ligavam Coimbra a Tomar, Santarém e Lisboa, e à Beira Baixa e Alto Alentejo, explica que tenha sido na "vilória" aninhada no sopé da serra, que os correios del-Rei trocavam as cartas.

Serra de Alvaiázere. Alvaiázere. 2 de maio de 1996

sábado, 22 de outubro de 2016

Mata da Margaraça

[pst 260] A Mata da Margaraça representa um dos últimos redutos do que foi a floresta autóctone característica desta região. Desenvolve-se numa encosta de declive acentuado, ao fundo da qual corre um pequeno ribeiro. É densa, húmida e muito rica em espécies vegetais. No Verão as folhas das árvores peneiram a luz solar, povoando de sombra fresca a ressequida paisagem de xisto.

Mata da Margaraça, Relva Velha. Arganil. 26 de junho de 1996

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Serra do Caramulo

[pst 259] O Vouga, a norte, o Mondego a sul, ligam a Beira Interior à Beira Litoral por fundas gargantas, que eles abriram nas partes menos levantadas do rebordo montanhoso intermédio. A serra do Caramulo é a mais imponente cumeeira de separação entre estes dois territórios. No seu topo, próximo do Caramulinho, a grande penedia granítica apresenta-nos algumas rochas insólitas.

Serra do Caramulo, Guardão. Tondela. 13 de agosto de 1996

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Campos agrícolas

[pst 258] Um mundo rural de fazeres tradicionais, que tende a desaparecer, continua presente nalguns lugares de maior isolamento. Camponeses idosos praticam ainda, aqui e ali, os gestos ancestrais que povoam a paisagem com formas singulares.

Campos agrícolas — Costa do Vale Alto, Alforgue. Ansião.  24 de junho de 1996

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Rio Douro

[pst 257] "O Douro é carregado e triste! A sua corrente rápida, como que angustiada pelos agudos e escarpados rochedos que a comprimem, volve águas turvas e mal-assombradas. Nas suas ribas fragosas raras vezes podeis saudar um sol puro ao romper da alvorada, porque o rio cobre-se durante a noite com o seu manto de névoas, e, através desse manto, a atmosfera embaciada faz cair sobre a vossa cabeça os raios de sol semi-mortos, quase como um frio reflexo de lua ou como a luz sem calor de tocha distante". (Alexandre Herculano, História de Portugal ou Lendas e Narrativas).

 
Rio Douro — Porto. 22 de dezembro de 1989

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Imensa, troglodita, ambiciosa

[pst 256]
"Imensa, troglodita, ambiciosa,
vai a cidade até à praia;
perdeu no campo as rochas cor-de-rosa,
e o mar, se a busca, evita-a, não desmaia,
antes se ergue negro contra o desconforto.
O rio leva casas debruçadas
que já, com o tempo, foi cavado em arcos
de perfil sem cal, inclinado e morto...
e leva também barcos.
No céu, as nuvens correm desviadas,
enquanto o Sol, em dardos, sobre o mar as crava".
Jorge de Sena, Poesia I

Porto. 22 de dezembro de 1989  

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Porto

[pst 255] No morro granítico da Pena Ventosa, situado junto da confluência do Rio da Vila com o Douro, a cerca de 5 km antes de este se juntar ao mar, e na margem norte de um aperto do vale, mas onde existia uma chã que permitia a atracagem de pequenas embarcações, desenvolveu-se um burgo que não mais seria abandonado. No segundo quartel do século XII, é iniciada a construção da Sé Catedral no topo deste lugar que acompanhará, desde o início, o desenvolvimento de Portugal como Nação.

Porto. 23 de dezembro de 1989

domingo, 16 de outubro de 2016

Caves

[pst 254] É nas caves de Vila Nova de Gaia que o vinho do Porto é armazenado. Encerra-se aqui o ciclo de produção do vinho generoso do Douro. Terminam os trabalhos e as canseiras da produção de um vinho que levou o tempo de muitos homens e mulheres e que alterou toda a face visível de um vale grandioso, de uma região. Vem das terras do xisto para repousar agora frente à cidade do granito.

Caves — Vila Nova de Gaia. 6 de setembro de 1996

sábado, 15 de outubro de 2016

Igreja dos Grilos

[pst 253] Sob um grande desnível, um pouco abaixo da Sé Catedral do Porto, em frente da igreja dos Grilos, edificada pelos padres jesuítas em 1577, desenvolveu-se um pátio. É conformado pela fachada da igreja, por uma imensa parede de rocha viva e uma escadaria e por outros pequenos edifícios. É o Porto do granito, das notáveis ruas e praças articuladas nas encostas íngremes de uma cidade grande, que cresceu graças à presença de um rio.

 
Igreja dos Grilos — Porto. 24 de junho de 1990

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Cadeia da Relação

[pst 252] "Esta Cadeia Civil, onde Camilo cumpriu pena e escreveu páginas que honram o nome dele e o nosso, tem não sei o quê de monumento desavindo com os tempos, porque a prisão ali assombra mais do que comove. Parece que assistimos a uma reconstituição histórica, ao deparar com o casarão barroco, habitado por comadres faladoras e vadios azarentos que desempenham um papel no drama de Pimpinela Escarlate. E, ao mesmo tempo, isto de o prisioneiro participar tão vivo da vida comum, de conviver com a cidade, de consumar sem ânsia a sua sentença, de poder usar de mofa ou de crítica perante o que acontece na rua, isto é fascinante, verdadeiramente inesperado e fascinante". (Agustina Bessa Luís, O Manto).

Cadeia da Relação — Porto. 18 de abril de 1990

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Amarante

[pst 251] "Vejo um rio atravessado por uma ponte de pedra. Nas duas margens acumulam-se as casas de um velho burgo: Amarante exposta à luz, sobre um outeiro e o Cuvelo, escorrendo sombra húmida sobre as fragas de um Calvário..." (Teixeira de Pascoaes, O Bailado). Teixeira de Pascoaes nasceu em Amarante, em 1877. Lugar que, com a Gatão um pouco a montante, nas margens do Tâmega, e a serra do Marão, vão constituir as referências primordiais da sua obra literária.

Amarante. 26 de dezembro de 1993

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Penafiel

[pst 250] O aparelho das pedras em blocos regulares é certamente uma herança cultural antiga que deverá remontar ao tempo da construção das igrejas românicas, ou mesmo a um período anterior. O granito era aparelhado nas próprias pedreiras, de onde era extraído segundo uma norma geométrica, que permitia o empilhamento de forma regular na construção dos edifícios. Nas região de Penafiel esta tradição manteve-se através dos séculos, dando origem a uma arquitetura onde é notável a qualidade da construção, não só no espaço urbano, mas também nas imediações do antigo burgo.

Penafiel. 9 de setembro de 1996

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Leça da Palmeira

[pst 249] As "ilhas" eram aglomerados de casas de habitação de área muito reduzida e densamente ocupadas por uma população muito pobre. Desenvolveram-se no Porto e no seu perímetro industrial. Hoje, estes lugares precários, praticamente desapareceram.

Leça da Palmeira. Matosinhos. 17 de dezembro de 1995