terça-feira, 8 de novembro de 2022

Nota final

[três viagens 60] Viajo pouco, fora de Portugal. Tenho optado por tentar conhecer, de forma tendencialmente exaustiva, o espaço português. Este território, como outros, mas não todos, é como um labirinto que nunca abarcamos na totalidade. Aí reside um dos fascínios da terra: tudo está em permanente movimento. Estive em Estocolmo no ano 2007. Uma cidade muito organizada, mas não tanto quanto eu imaginava, numa reconhecida ordem e civilidade nórdica. Estocolmo, Lisboa ou Viseu, qualquer cidade é uma manifestações da biologia, reprodução da entropia progressiva, mas também o desejo da ordem que encontramos no corpo, essa complexa máquina que nos transporta em movimento alegórico pelo Universo. [Esta é a última publicação desta série sobre três viagens].

Estocolmo, 2007

 

domingo, 6 de novembro de 2022

A terra antiga

[três viagens 59] Há uma ideia base que, progressivamente, vou assumindo como sendo estruturante neste labor que desenvolvo. Tudo, no planeta que habitamos, resulta de princípios biológicos evolutivos. Nós, humanos, somos uma espécie animal que, num tempo longo, de seis, sete milhões de anos, desenvolveu um conjunto de valências que representou uma enorme vantagem face a todas as outras espécies que, connosco, competiram por recursos. Inventámos artefactos, extensões de corpo, a linguagem simbólica, as cidades. Tudo, tudo é resultante de um processo em que não é possível voltar para trás. Nunca nada se repetiu na história da vida na Terra. Houve, no passado, grandes cataclismos que extinguiram parte significativa da biodiversidade de então. O que se seguiu, após as cinco maiores extinções em massa que ocorreram na história da Terra, foi sempre um recrudescimento do número de espécies. Não adianta querermos voltar à terra antiga. As cidades são uma definitiva conquista biológica.


 

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Desfazer

[três viagens 58] Procuro o manifesto de um fazer, o desfazer de lugares comuns em vários e afastados domínios. A sedução de um caminho interminável, na busca de uma ideia de verdade em que, mamíferos, humanos, Sapiens, somos um capítulo, um acontecimento na história da vida na Terra, ou quando, no Universo, a matéria procura contrariar a entropia, o gigantismo do caos.


 

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Clara obscuridade

[três viagens 57] Estas viagens concretas, com os pés na terra, são esse caminho, ao mesmo tempo claro e obscuro, como se uma estranha força nos animasse. Não há transcendência religiosa neste trabalho, mas o movimento quântico da matéria, energia em espaço e tempo.