domingo, 31 de maio de 2015

Piscinas de maré

[pst 004] É no litoral que começa e acaba Portugal. É uma área sensível e um dos locais mais procurados para edificar, sendo também, por isso mesmo, um dos mais massacrados. São poucas as manifestações construídas que respeitem e entendam o carácter de um lugar voltado para o mar. As piscinas de maré de Leça da Palmeira, através de um reduzido emprego de elementos arquitetónicos dispostos entre as rochas, criam um espaço lúdico, mar habitável.
3. Piscinas de maré — Leça da Palmeira. Matosinhos. 17 de dezembro de 1995.


sexta-feira, 29 de maio de 2015

Foz do Arelho

[pst 003] Desde a chegada dos primeiros homens, em tempos recuados, esta seria certamente uma terra limite, fim de um percurso de quem, de terras distantes, procurava lugares para habitar. O território hoje Portugal, vai ser determinado por esta condição de terra de fim de viagem e pela presença do oceano Atlântico, que moldará o carácter e a condição do homem português.
2. Foz do Arelho. Caldas da Rainha. 10 Mai. 1996.


quinta-feira, 28 de maio de 2015

Territórios de abstração

[ronda 01] A par do espaço concreto, dos lugares, habitamos, muitas vezes, territórios de enorme abstração. A fotografia, à parte do seu carácter indicial, que a 'prende' a um referente, pode transportar-nos para ambientes vagos, etéreos, paisagens dentro de nós próprios. Movimento entre o sonho e a perda de consciência de si.

Costa de Alvados

[pst 002] No alto das serras do Norte, no litoral, no fundo dos vales, nas planícies ou nas terras vermelhas do Sul, estão sempre presentes as marcas de um povoamento intenso. Mesmo nos lugares mais recônditos, onde aparentemente estamos sós, há uma linha onde a vegetação rasteira não cresce e é definida a linearidade de um caminho sem fim ou um muro que une territórios habitados.
1. Costa de Alvados — Serra dos Candeeiros. Porto de Mós. 8 de novembro 1993.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Portugal - O Sabor da Terra

[pst 001] Há 20 anos, em 1995, desenvolvia o projeto 'Portugal - O Sabor da Terra'. Depois de uma leitura de a 'Identificação de um País - Ensaio sobre as origens de Portugal', do historiador José Mattoso, decidira-me a avançar para uma identificação de Portugal pela imagem fotográfica. O conceito base era o de fotografar Portugal continental, por regiões. Não seria possível fotografar as ilhas atlânticas por uma questão de orçamento e de calendário. Numa altura em que a Expo'98 já estava na ordem do dia, em que mais uma vez o tema era o exterior, no caso o mar, os oceanos, porque não mostrar o Portugal interior, tantas vezes tão esquecido. Desafiei, na altura o próprio Prof. José Mattoso, que aceitou o desafio de escrever textos para cada exposição/livro. O passo seguinte foi irmos falar com a Dr.ª Simonetta Luz Afonso, na altura diretora do Instituto Português de Museus, pois era nossa ideia expor nessa rede nacional de museus. O nosso projeto foi aceite. Um último passo foi juntarmos o olhar da geografia a esta ideia. José Mattoso sugeriu Suzanne Daveau. Fomos ambos a Vale de Lobos. A equipa estava constituída. No fim desse ano eu partia para o campo para cerca de um ano e meio de recolhas fotográficas. Os livros, e a inauguração das exposições, começaram em meados de 1997 e terminaram já em 1998, nas vésperas da abertura da exposição universal de Lisboa. Foram publicados, nessa primeira edição, 14 volumes. Foram feitas, praticamente em simultâneo, 14 exposições em todo o país. Em 2010 a obra foi reeditada pelo Círculo de Leitores/Temas e Debates num único volume. Vinte anos passaram. Não será muito tempo mas Portugal mudou. Durante os próximos tempos irei aqui apresentar a totalidade das fotografias publicadas bem como as respetivas legendas, pequenos textos referentes a cada imagem. Ficará aqui, na Cidade Infinita, um retrato de Portugal.

Portugal, primeiro volume. Uma visão de conjunto sobre todo o país.

O conjunto dos 14 volumes publicados em 1997-1998.

Reedição de 2010.