[Casa de Viagem 12] Mais do que habitar a materialidade, e contínua expansão de novas construções, aniquilando territórios de Natureza, a proposta é construir para dentro. Aproveitar os espaços já existentes, desde a escala do apartamento até às maiores unidades industriais, e explorar uma progressiva e ilimitada adaptação a novas funções, ou à evolução do primitivo uso. As possibilidades criativas não têm limites. Os exercícios de criação de novas paisagens, dentro daquelas que já conhecemos, são infindáveis. Como na literatura, ou no cinema, por exemplo, os territórios são, virtualmente, infinitos. Deixemos à própria natureza, à biologia antiga, extensos territórios pois destes depende a nossa própria sobrevivência.
Cidade Infinita
Fotografar um território vasto. Procurar em Portugal as raízes de uma identidade coletiva que se perde num tempo longo. Construir um arquivo fotográfico. Reinventar uma paisagem humana, uma ideia de arquitetura, uma cidade nova.
quinta-feira, 5 de setembro de 2024
segunda-feira, 2 de setembro de 2024
Esboço de uma casa
[Casa de Viagem 11] Este é o esboço de uma casa. A vida, como hoje a conhecemos aqui na Terra, é o resultado de uma sucessão de invenções ao longo de quatro mil milhões de anos. A célula, o movimento, a visão ou a consciência são algumas dessas invenções da matéria que se constituiu em vida. Talvez se possa acrescentar, a uma longa lista de evoluções biológicas, a arquitetura. Há outras espécies animais que constroem abrigos, mas nenhuma o fez com o carácter que o Homo sapiens lhe imprimiu, introduzindo uma revolução planetária que hoje permanece em aceleração. Cidade e tecnologia são agora sinónimo de Antropoceno, a época em que uma única espécie está a causar alterações profundas e rápidas nas anteriores condições, sobretudo climáticas, com o aquecimento global. Esta proposta de habitação e de arquitetura procura um caminho diferente, pela não-edificação, ou pelo reduzido espaço que ocupa. A arquitetura, mais do que uma proposta de edificação, é aqui um conceito de habitar. O retrato de um mudo imaginário desenhado a partir de um extenso arquivo fotográfico de mais de 2.000.000 de imagens do território hoje Portugal.
domingo, 1 de setembro de 2024
Estas palavras
[Casa de Viagem 10] Estas palavras formam um lugar, um atlas, a coerência possível de uma peculiar interpretação da vida, do Universo. A cada palavra podemos associar imagens, textos, desenhos ou qualquer outra representação gráfica.
sábado, 31 de agosto de 2024
Casa IV
[Casa de Viagem 09] Procurar palavras como quem tenta reunir todas as geografias que desenham todo o tempo de um ser. A abstração de uma síntese, codificada, de todas as viagens, da busca da representação de um espaço concreto, de um país, de um lugar comum. Um território familiar unido por uma língua, por um falar. Neste pedaço de solo encontramos uma série de vestígios do processo de povoamento humano, da conquista progressiva de uma paisagem habitada.
sexta-feira, 30 de agosto de 2024
Casa III
[Casa de Viagem 08] As fotografias aqui apresentadas foram feitas ao longo de uma interminável viagem que ainda hoje continua. Quase sempre os meios disponíveis foram relativamente escassos. Um automóvel e uma tenda para este movimento de procura fotográfica de lugares, na busca do entendimento do significado do povoamento humano, também da própria existência. Revisitar uma relação antiga com a Natureza, uma de lógica da vida profundamente imprevisível. Um primevo conceito de casa, de habitação, de arquitetura. Pernoitar em qualquer sítio, longe dos aglomerados urbanos. A cada madrugada, na alvorada cantada por aves, iniciar uma nova jornada, como se nesses passos deambulantes, lentos, resumisse toda a história humana, fascinante, contraditória, dura e bela.
quarta-feira, 28 de agosto de 2024
Casa I
[Casa de Viagem 06] O que é uma casa, o que é habitação? A resposta a esta questão pode deixar um rasto de palavras escritas em papel, em cadernos, numa incessante procura das derivações conceptuais a que somos transportados pelo pensamento. Esta materialização da palavra pela escrita, pode ser já um ensaio na construção de um abrigo imaginário, em parte desmaterializado, em parte com a forma de um conjunto de cadernos. Há papéis e riscadores, uma espacialidade muito contida, o ensaio da mais pequena biblioteca onde se procura representar todo o Universo. O fascínio da escrita é o pensamento vertido em palavras, matéria caligráfica, descodificação de uma linguagem primordial inscrita na própria vida.
terça-feira, 27 de agosto de 2024
Cidade
[Casa de Viagem 05] Numa cidade há uma enorme concentração de pessoas. Cada edifício, cada casa, cada apartamento, pode ser um mundo de criatividade. Ao contrário de uma aldeia, onde tudo é relativamente contido e rarefeito, as cidades são como espaços sem fronteiras em permanente aceleração. Se as aldeias se prendem a uma antiguidade remota, aos ritmos circadianos e às estações do ano, à terra lavrada, as cidades são ambientes de liberdade, de desprendimento, tentado, de códigos antigos. As cidades têm o fascínio de uma viagem evolutiva. Tudo está em permanente e célere transformação. O espaço urbano é o do ensaio do futuro, mas também do risco e da insegurança. Nos edifícios podemos ler barreiras, quebras com a continuidade da geografia. Talvez seja este um dos maiores paradigmas da urbanidade: a quebra com a paisagem contínua que observamos em campo aberto, na Natureza, onde mesmo os acidentes geográficos são gradações mais ou menos extensas de paisagem.