Cidade Infinita
Fotografar um território vasto. Procurar em Portugal as raízes de uma identidade coletiva que se perde num tempo longo. Construir um arquivo fotográfico. Reinventar uma paisagem humana, uma ideia de arquitetura, uma cidade nova.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022
Último lugar
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022
Massueime
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022
Cardina
[Douro-Côa 15] A abordagem ao rio Côa foi fundamentalmente diferente. Recorri a um conjunto de fotografias de arquivo, sobretudo de 1995, das gravuras e do seu contexto paisagístico. Mas não quis deixar de regressar. A partir de Tomadias tentei aproximar-me, de carro, o mais possível do rio. Deixei a viatura num ponto alto, pois daí para baixo já não tinha a certeza de conseguir voltar, o caminho deteriorava-se bastante. Desci até às margens do rio, até ao sítio da Cardina, ou Salto do Boi. Continuei a caminhada para montante pelo leito do Côa cujo caudal era muito fraco neste mês de julho de 2021. Continuei a fotografar impressivas formações rochosas polidas por milhares de anos de correntes fluviais. Pontualmente encontrava vestígios de presença humana.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022
Côa, depois
[Douro-Côa 14] Há nestes dois conjuntos de fotografias, do Douro e do Côa, duas posturas diferentes, mas que acabaram por convergir numa mesma ideia de relação com a terra, com os lugares, com a tentativa de os representar pela imagem.
domingo, 20 de fevereiro de 2022
Rio abstrato
[Douro-Côa 13] Este é o grande vale do Douro. Estamos como que num lugar secreto muito afastado do seu caudal principal. Era como se nestas micro paisagens de espanto encontrasse uma representação de um planeta inteiro, mesmo do universo. Aqui o rio perde a sua especificidade para se transformar numa abstração. O rio é como uma via láctea, uma enorme constelação de pontos que precisamos de conhecer para descodificarmos as dimensões do espaço e do tempo da nossa existência, ou a chave para a pacificação dos dias vindouros. É como se aqui encontrássemos o "último" lugar, que, percebemos então, não é uma terra, um sítio determinado, mas o encontro do tempo com o espaço numa única dimensão.
sábado, 19 de fevereiro de 2022
Ilha
[Douro-Côa 12] Prossigo viagem. Desloco-me para uma "ilha" duriense ainda mais afastada do grande rio. Desço à Ribeira de Carvalhais num desvio à estrada nacional 15 na direção de Vila Verdinho. Detenho-me antes da ponte. Estaciono o tento descer ao fundo do vale. Está um sol intenso e muito calor. A ribeira corre ao longo de uma galeria ripícola com árvores de porte grande, que produzem uma sombra densa e um ambiente fresco sonorizado pelo suave correr das águas.
Quinta do Monte Meões, prox., Vale de Couce, Romeu, Mirandela. 2019
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022
Vias ferroviárias
[Douro-Côa 11] Trezentos metros de desnível acima do ponto de partida, onde deixara o carro. Regresso. A descida é quase sempre mais difícil do que a subida. Antes de me sentar de novo ao volante, observo o mapa para estudar o acesso a um próximo ponto que quero explorar. Desloco-me para norte de Mirandela. A paisagem é marcada por extensos olivais. Paro não longe de Carvalhais, junto a um edifício abandonado que apoiava a Linha do Tua. Sigo alguns metros por este antigo canal ferroviário até uma ponte metálica. Tinha estado neste mesmo local dez anos antes aquando de um levantamento fotográfico deste itinerário ferroviário. A ponte estava com sinais mais evidentes de degradação e a vegetação ao seu redor, mais desenvolvida. Este é apenas um pequeno fragmento desta linha ferroviária que, por sua vez, integrava um conjunto de outras linhas construídas entre o século XIX e o século XX, e hoje todas abandonadas. Apenas permanece a linha do Douro, já amputada do troço entre o Pocinho e Barca d'Alva. A ferrovia foi uma das mais importantes marcas identitárias deste extenso território.
Senhora de Lurdes, Nagoselo do Douro, São João da Pesqueira. 2019