quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Cadeia da Relação

[procurar um país 123] O livro Murmúrios do Tempo, editado pelo Centro Português de Fotografia, é uma visita a um tempo antigo que nos é revelado pelas fotografias das faces dos prisioneiros que habitaram este lugar. Alguns desses olhares parecem transportar uma estranha serenidade. Que crimes teriam cometido? Mundo inquietante, um espaço que se transformou na casa da Fotografia.

107. Antiga Cadeia da Relação. Porto. 1997

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Capelas Imperfeitas

[procurar um país 122] Algo de permanentemente inacabado, como se o projeto de construção de uma nação fosse a expectativa permanente para acabar aquilo que nunca poderá estar concluído. As Capelas Imperfeitas do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha. O mais notável memorial a assinalar aquela que foi talvez uma das maiores vitórias dos portugueses num campo de batalha.

106. Capelas Imperfeitas. Mosteiro da Batalha. Batalha. 2015

domingo, 28 de outubro de 2018

Mosteiro de Santa Clara-a-Velha

[procurar um país 121] Um dos mais fascinantes espaços arqueológicos de Portugal, objeto de uma muito cuidada intervenção. Santa Clara-a-Velha, a história de um regresso e o motivo, mais tarde, para a reunião de todas estas fotografias, aqui mostradas na Cidade Infinita.

105. Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. Coimbra. 2014

sábado, 27 de outubro de 2018

São Luís dos Franceses

[procurar um país 120] A surpresa do conhecimento de espaços inesperados onde não podemos deixar de pensar que as cidades são feitas de densas opacidades a que quase nunca temos acesso. São portas nas cidades que nos abrem ao espanto. Imenso labirinto.

104. Igreja de São Luís dos Franceses. Lisboa. 2012

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Cisterna

[procurar um país 119] Uma certa ideia de gruta, espaço construído debaixo de terra. Lugar de armazenamento de água. Um espaço escondido de uma cidade grande, a cisterna do Hospital dos Capuchos.

103. Cisterna. Hospital dos Capuchos. Lisboa. 2012

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Biblioteca da Ajuda

[procurar um país 118] É uma imensa casa de livros como um espaço de guarda do conhecimento, de toda a memória do passado, do que nos foi possível deixar escrito, num discurso construído para o futuro, já na nossa ausência. Estes espaços são uma metáfora da própria ideia de arquivo de imagem, do acumular de fotografias para uma utilidade pontual, futura. Ao mesmo tempo definem, conformam uma arquitetura específica. A casa última do saber. Estas pesquisas nascem, também, de um universo bibliográfico específico. Um mundo de livros, de conhecimento partilhado que repousa nas páginas dos livros fechados, escuros, de letras encostadas face a face.

102. Biblioteca da Ajuda. Lisboa. 2009

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Coches

[procurar um país 117] O novo edifício do Museu dos Coches, em Lisboa, foi uma obra muito contestada por vários motivos, desde o seu autor, ao próprio desenho da arquitetura. Paulo Mendes da Rocha é um notável arquiteto brasileiro pertencente à geração do modernismo naquele país que inovou, de modo muito impressivo, as próprias formas da arquitetura para desenhos sublimes de escala grandiosa. Como acontece com o atual Museu dos Coches, em que a escala e a articulação de volumes, se relacionam com um muito cuidado e subtil desenho de todos os pormenores. É arquitetura sempre em evolução para formas antes não imaginadas.

101. Museu dos Coches. Lisboa. 2012

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Portas de Moura

[procurar um país 116] O mármore polido desta fonte com séculos de história, é a sublimação de uma matéria que se faz urbana, branco afeiçoado por delicados gestos repetidos. A água, um dos mais vitais elementos da vida jorra de uma esfera-mundo.

100. Chafariz das Portas de Moura. Évora. 2006

Carta Aberta ao Presidente da Câmara Municipal de Viseu

Carta Aberta

Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Viseu,
Dr. Almeida Henriques

Tendo tomado conhecimento em notícia publicada no Jornal do Centro, datada do dia de ontem, 22 de outubro de 2018, da instalação de sete artistas (Sónia Barbosa, Luís Belo, Filipe Santos, Ana Flor, Carlos Salvador, Bruno Pinto e Graeme Pulleyn) e uma empresa (EON Indústrias Criativas) numa Incubadora de Indústrias Criativas do centro histórico de Viseu, na rua Dr. Luís Ferreira (Rua do Comércio), venho por este meio solicitar alguns esclarecimentos.

Pela interpretação da notícia a Câmara Municipal de Viseu cede o espaço assegurando todas as despesas para o seu funcionamento.

O que eu gostaria de ver esclarecido é a forma como foi atribuído aquele espaço e em que condições.
— Houve concurso público devidamente publicitado?
— Quais foram os critérios para a atribuição do espaço?
— Quais são as contrapartidas exigidas aos agentes culturais?

A resposta de Sónia Barbosa (citando textualmente a notícia do Jornal do Centro acima referida) — “Com este espaço, podemos planear, a médio prazo, e pensar o que queremos fazer em dois anos, o que se torna difícil quando não temos assegurado um espaço de trabalho. Ter outra pessoas ao nosso lado funciona como uma inspiração, podemos partilhar ideias e criar projetos que se cruzem” — sugere que não há um projeto estruturado para o desenvolvimento da atividade dos artistas, mas apenas uma manifestação de intenções sem qualquer garantia de concretização de ações que justifiquem a outorga destas condições.

Não estão, de modo algum, em causa os nomes dos artistas. Está em causa a transparência dos orçamentos públicos, da redistribuição das participações fiscais, ou outras, de todos os contribuintes.

Devo informar, pessoalmente, que integrei um coletivo no centro histórico de Viseu que tive que abandonar devido, sobretudo, ao valor da renda. Debato-me diariamente com as dificuldades que muitos outros agentes da área cultural se debatem. É uma atividade económica de grande valor, de baixo preço, que deixa ao longo do tempo o verdadeiro caráter identitário, de uma cidade, de uma região, de um país, de toda uma civilização. Como outras, a atividade cultural é fortemente concorrencial, por isso as distorções ao normal funcionamento das leis de mercado prejudicam enormemente todos os agentes excluídos. Mesmo que na incompreensão de uma camada da população sobre o trabalho artístico, nomeadamente de decisores políticos, há ações que são, atualmente, intoleráveis.

Há muitos artistas e outros agentes culturais com trabalho reconhecido, nalguns casos ao longo de décadas, que apesar da grande precariedade em que vivem, pagam as suas rendas e todas as suas contribuições fiscais e para a Segurança Social.

Se me permite, Senhor Presidente, há artistas que desenvolvem um trabalho notável. Esta não é apenas uma atividade económica, é o trabalho diário para uma sociedade mais justa, transparente, democrática e igualitária.

Saudações cordiais,
Duarte Belo

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

FAUP

[procurar um país 115] Há lugares que são, também, pessoais. Há um modo particular que nos prende a cada edifício, a cada lugar. Na faculdade de arquitetura do Porto iniciaria o estudo formal da arquitetura, primeiro no espaço das Belas Artes, na avenida Rodrigues de Freitas, depois no Campo Alegre. Estes edifícios ainda não estavam construídos.

099. Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. 2001

domingo, 21 de outubro de 2018

Panóptico

[procurar um país 114] Uma referência aos casos extremos de distúrbios na saúde mental, à necessidade de controlar essas pessoas, a sua agressividade, numa altura em que a medicina e a farmácia eram muito pouco desenvolvidas. Criou-se um mundo próprio para estes doentes, num ponto alto da cidade, como que um espaço proibido. Hoje esse território continua. O hospital Miguel Bombarda fechou. O seu amplo espaço continua devoluto à espera de mais uma transformação na cidade.

098. Panóptico. Hospital Miguel Bombarda. Lisboa. 2012

sábado, 20 de outubro de 2018

Grilos

[procurar um país 113] Há património que nos marca, que se liga a determinados momentos, anos, das nossas vidas. Momentos fundacionais. Mas este é também um momento sublime de ocupação de um difícil declive acentuado. É a articulação de vários níveis muito diferentes, é a construção de um templo, com uma imponente fachada, num lugar exíguo. A pedra escura, o granito, é a cor e a marca indelével desta cidade que se desenvolveu a partir de um morro defensável na margem norte, na proximidade da foz, do mais caudaloso rio ibérico.

097. Igreja dos Grilos. Porto. 2013

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Largo Dom Duarte

[procurar um país 112] É a homenagem a um rei, Dom Duarte, que nasceu em Viseu em 1391, mas também uma das mais interessantes praças desta cidade no coração de um vasto território do Douro ao Mondego, do Caramulo à Estrela. A cidade poder-se-á ter desenvolvido em torno de um conjunto de penedos sacralizados num alto-lugar. Deverão ter existido templos mais primitivos no local onde hoje se encontra a Sé Catedral. É um espaço sagrado que articula um conjunto de praças em seu redor. É a imagem do espírito urbano com raízes fundas na Idade Média.

096. Largo Dom Duarte. Viseu. 2015

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Ponta Delgada

[procurar um país 111] Praça aberta ao imenso oceano. Pedra preta sobre panos brancos. É a arquitetura açoriana, o basalto a contrastar com a alvura da cal. Pedras retiradas aos vulcões adormecidos, nesta maior cidade, como nas restantes de todas as 9 ilhas povoadas deste arquipélago.

095. Ponta Delgada. 2006

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Guarda

[procurar um país 110] A praça central de um mundo arcaico, que preserva as linhas, os compromissos de vários tempos urbanos que ali convivem. Estamos na mais alta cidade portuguesa. Os tempos recentes, de maior pressão demográfica, não foram benéficos para esta urbe. Não se soube interpretar a sua força altaneira, o seu carácter único em todo o Portugal. Muito desapareceu da primitiva cidade, e as suas extensões que irradiam para as cotas mais baixas, não têm um desenho cuidado. Mas permanece uma marca inconfundível, como resistência e memória, nalguns edifícios, ruas e praças.

094. Guarda. 2007

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Manique do Intendente

[procurar um país 109] Um gesto urbano singular. Um traço urbano de ensaio de soluções novas que nasciam da vontade de um homem, Diogo Inácio de Pina Manique (1733-1805). O lugar tinha sido concedido a este intendente geral da polícia pela rainha Dona Maria I. Aquele espaço seria como que a continuidade do desenho das cidades planificadas dos tempos pombalinos. O coração da urbe foi uma ampla praça hexagonal em que uma das faces era ocupada pelo edifício do governo municipal. Era a praça dos Imperadores. Mas a morte de Pina Manique viria a deixar o plano inacabado. O concelho seria extinto em 1836 pelas reformas liberais de Passos Manuel.

093. Manique do Intendente. Azambuja. 2001

domingo, 14 de outubro de 2018

Vila Real de Santo António

[procurar um país 108] Com o Terreiro do Paço, em Lisboa, Porto Covo, no litoral alentejano, a Praça da República, em Vila Real de Santo António, constitui um dos notáveis exemplos do urbanismo que decorre das obras promovidas por Marquês de Pombal após o terramoto de 1755. Era o aparecimento das arquiteturas planificadas, a construção de uma nova ordem, moderna, racional, que cortava amarras, definitivamente, com o mundo medieval que em muitos lugares, de um Portugal esquecido, persistia. 

092. Vila Real de Santo António. 1996

sábado, 13 de outubro de 2018

Terreiro

[procurar um país 107] A mesma cidade, uma fotografia diferente, uma praia, o limite do encontro da terra com o mar. Como se houvessem várias cidades dentro de um mesmo espaço. É o tempo a mediar situações em quase tudo diferentes, desde a tecnologia ao olhar diferenciado que esta transporta. Este é um ponto importante deste trabalho. O tempo traz consigo tecnologias diferentes e, também por isso, formas diferentes de olhar, de ver, de construir um universo pessoal evolutivo, que se recusa a parar, que contempla na voragem do tempo.

091. Terreiro do Paço. Lisboa. 2012

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Eixo

[procurar um país 106] O eixo central do coração de uma cidade. Eixo simbólico, geometria da representação do poder humano, político. O centro administrativo de um país edificado após uma grande catástrofe natural que arrasou a cidade de Lisboa.

091. Terreiro do Paço. Lisboa. 1996

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Marco de Fronteira

[procurar um país 104] Procuramos pontos de marcação dos lugares, de territórios. São referências de orientação, ou marcos de identidade de comunidades. Marcas de poder. Pontos que mais tarde havemos de tentar escalar, todas as montanhas de um território contido, delimitado, para lá do qual ficam as terras desconhecidas, inexploradas.

088. Marco de Fronteira. Serra das Mesas. Sabugal. 1995

terça-feira, 9 de outubro de 2018

São Gabriel

[procurar um país 103] Os marcos geodésicos foram construídos no âmbito do levantamento cartográfico de todo o território português. Fornecem uma posição cartográfica exata, relativa à latitude, longitude e altitude. Estão sempre localizados em pontos elevados e, tendencialmente, com relação visual com outros marcos. É pela triangulação destes elementos que serão medidas as distâncias e os ângulos que permitirão desenhar as cartas topográficas, obtendo-se assim uma representação rigorosa do território.

087. São Gabriel. Castelo Melhor. Vila Nova de Foz Côa. 1995



segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Barro Branco

[procurar um país 102] Há uma geografia da guerra, das várias guerras que se travaram nos mais distantes territórios. Muitas vezes estes campos de batalha são marcados por memoriais. A Batalha de Montes Claros deu-se a sul de Borba no dia 17 de junho de 1665.

086. Memorial da Batalha do Barro Branco. Borba. 1996

domingo, 7 de outubro de 2018

Água de Peixes

[procurar um país 101] Os pelourinhos representam o poder municipal, a ordem pública. São, também, um desejo de urbanidade, de cidade. São um marco de centralidade. Hoje, em muitos casos, são o símbolo de um poder antigo, que se perdeu. Permanecem no território, em vilas, pequenas aldeias. O pelourinho de Água de Peixes localiza-se num amplo largo envolto por construções baixas, de pequena escala, onde se destaca um palácio.

085. Pelourinho de Água de Peixes. Alvito. 1996

sábado, 6 de outubro de 2018

Muxagata

[procurar um país 100] Em termos patrimoniais, as terras de Foz Côa são hoje dominadas pela presença das gravuras rupestres. Há, no entanto, neste território, um conjunto de unidades de património construído que se mantêm com uma integridade de evoca de forma clara um passado remoto. Territórios distantes, um pouco esquecidos.

084. S/t. dd175-27 - Pelourinho de Muxagata. Vila Nova de Foz Côa. 1995

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Vila Garcia

[procurar um país 099] Não é frequente a implantação de um pelourinho num penedo. Talvez não tenha sido este o local primitivo da sua localização. Mas este facto faz dele um dos mais curiosos pelourinhos de Portugal.

083. S/t. fi569151 - Pelourinho de Vila Garcia. Vila Nova de Paiva. 2004