quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Os subúrbios do mar

[Tempo pintado 07] Ruy Belo viveu em Queluz entre 1971 e 1978. Esta é a vista que se obtinha da varanda de sua casa em 1990. Aqui permanecem os objetos cerâmicos que foram fotografados para esta exposição na Galeria Pelourinho, em Óbidos. Hoje o horizonte não é muito diferente, nem o é a superfície do mar de um qualquer ponto do grande oceano tantas vezes procurado por Ruy Belo.
 
Queluz. 1990
 
Oceano Atlântico. 2016
 

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Silêncio desenhado

[Tempo pintado 06] Hoje estas imagens parecem dançar em torno de uma ausência. Uma coreografia de figuras estranhas, de representações mitológicas, o enunciar de poemas. Fica o silêncio desenhado sobre as suas formas, sobre as suas cores.
Queluz. 2016

Queluz. 2016

Queluz. 2016

Queluz. 2016

Queluz. 2016

domingo, 25 de setembro de 2016

Ténue inquebrável

[Tempo pintado 05] Estas fotografias são também uma revisitação das primeiras imagens que fiz na casa de Queluz, em 1999. Eram imagens a preto e branco, feitas com uma câmara de médio formato, sobre película. Sombras que permanecem onde se mantém essa luz ténue mas viva de memória vital, de laços inquebráveis. Coisas de silêncio.
 
Queluz. 2016

Queluz. 2016

Queluz. 2016
 

sábado, 24 de setembro de 2016

Porquê ausência

[Tempo pintado 04] Não existe agora uma resposta para este fascínio por estas peças. Que motivo terá levado Ruy Belo a adquiri-las? Não há uma resposta óbvia. Elas continuam a existir em lugares mais ou menos visíveis da casa de Queluz. Umas são presença quotidiana, outras são memórias escondidas, quase apagadas no fundo de uma prateleira.
 
Queluz. 2016

Queluz. 2016

Queluz. 2016
 

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Era uma vez

[Tempo pintado 03] Tempo Pintado, nasceu de um convite para participar no Festival Literário Internacional de Óbidos, particularmente pelo interesse demonstrado pela organização em passar o filme Ruy Belo - Era uma Vez, de Fernando Centeio e Nuno Costa Santos. A ideia evoluiu, posteriormente, para mais iniciativas. Voltar a mostrar fotografias que de algum modo evocassem Ruy Belo. A ideia partiu de minha mãe, Teresa Belo. Era evidente que havia algo que se relacionava muito diretamente com Óbidos: eram as figuras de cerâmica que meu pai comprava quando divagava pela região.
 
Queluz. 2016

Queluz. 2016

Queluz. 2016
 

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Dias de verão

[Tempo pintado 02] Ocasionalmente, nos dias de verão em que as nuvens encobrissem o sol de agosto da praia da Consolação ou o nevoeiro teimasse em permanecer, saímos pela região. Peniche, Óbidos, Caldas da Rainha. As casas de loiças eram uma visita obrigatória. Muitos dos objetos cerâmicos representados nestas fotografias terão sido adquiridos pelo próprio em Óbidos e na sua região. Hoje é difícil objetivar quais desses objetos concretamente. Ficou disponível um imaginário particular que agora, tal como há décadas atrás, permanece, como se naquelas figuras discretamente coloridas e vidradas o tempo se mantivesse cúmplice.
 
Queluz. 2016

Queluz. 2016

Queluz. 2016
 

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Óbidos, regressar a Ruy Belo

[Tempo pintado 01] Peças cerâmicas povoam as estantes da casa de Ruy Belo. São uma presença que continua a existir junto dos livros de quase todas as divisões da casa. São como figuras que com esses mesmos livros estabelecem um diálogo enigmático, talvez sobre lugares, sobre as mãos que moldaram aquelas personagens e objetos, talvez sobre o conteúdo dos livros, sobre poemas, sobre a vida, sobre o mundo. Outras peças respondem pela sua função imediata, de apoio ao quotidiano da casa. Pratos, canecas, travessas, todos os dias nos transportam em memória para lugares distantes, como se nos seus desenhos sobre fundo branco estivesse uma geografia imaginária que, inevitavelmente, nos remete para os universos da palavra, não necessariamente literatura ou poemas, mas para a possibilidade da livre expressão do pensamento.
 
 
Queluz. 2016

domingo, 11 de setembro de 2016

Maia

[pst 248] Maia, 6 de setembro de 1996. "Com os senhores de Cete e Urrô aproximámo-nos das terras mais baixas e mais próximas da influência marítima, na foz do rio Ave. Entre ele e o Douro, a norte e a nordeste do Porto, está a terra da Maia, mais extensa que muitas das outras que mencionámos, hoje densamente habitada, como o devia ser já, embora em proporção menor, no século. XII". (José Mattoso — Identificação de um País). Os senhores da Maia tiveram nesta altura um papel importante nos acontecimentos que levaram à batalha de S. Mamede. O topónimo Castelo da Maia sugere a existência de um lugar fortificado, no centro das terras da Maia, mas de que não chegaram até nos quaisquer testemunhos construídos. Arquiteturas recentes e uma urbanização desenfreada definem hoje o centro cívico do município da Maia.

Maia. 6 de setembro de 1996

sábado, 10 de setembro de 2016

Espinho

[pst 247] Em 1840 apenas existia no lugar um aglomerado de palheiros de pescadores. Com a construção da linha de caminho de ferro começa o desenvolvimento de um povoado de traçado ortogonal. Em 1899, a já então vila era elevada a sede de concelho. O avanço do mar iria causar danos consideráveis em terra. Em vinte e sete anos avançou cerca de 300 metros e destruiu centenas de casas, processo que só foi interrompido localmente após a construção de molhes perpendiculares à linha de costa. Continua a ser a praia mais popular dos arredores do Porto.

Espinho. 5 de outubro de 1996

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

São João da Madeira

[pst 246] Uma linha de caminho de ferro, alternativa a um troço da linha do Norte, ligava Aveiro a Espinho. Passava a Águeda, Albergaria-a-Velha, Oliveira de Azemeis, S. João da Madeira e Feira. Nunca teve um grande desenvolvimento, talvez por ser de via reduzida e por seguir o mesmo traçado da Estrada Nacional nº 1, entre Lisboa e o Porto. Percorria uma zona muito industrializada, em que construções recentes são indício de uma vitalidade continuada no tempo.

São João da Madeira. 5 de outubro de 1996

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Depois da falha e construção

[doze exp 19] Mas há um antes e um depois. Há uma condição de humanidade. Há a infância, o crescimento num ambiente concreto, depois, no fim, haverá a memória, a fixação de pontos de um percurso, o pensamento sobre o caminho seguido, as opções, diálogos entre falha e construção. No meio estão as tentativas e erros de uma vida de que não pudemos desistir. (Este é o último post da série 12 exposições).
Viseu, prox. 2015

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Igreja — Marco de Canavezes

[pst 245] Toda esta região é um espaço constantemente recriado, reinventado todos os dias. Este processo assume as mais variadas formas e contribui, incessantemente, para a modificação da face visível desta terra. Na igreja de Marco de Canaveses, com desenho do arquiteto Siza Vieira, observamos uma reinterpretação dos elementos arquitetónicos tradicionais, que definem aquela tipologia de edifício religioso.

Igreja — Marco de Canaveses. 9 de setembro de 1996

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Partilhar caminhos

[doze exp 18] Mais importante do que a forma, continuará a ser o pensamento, a mensagem, a articulação de um discurso, a procura de uma coerência (seja lá qual for), quase sempre tendo por base o espaço português e a sua divulgação. Partilhar caminhos.

Viseu. 2016

domingo, 4 de setembro de 2016

Santa Maria de Lamas

[pst 244] Entre 1958 e 1968 o Sr. Henrique Amorim, industrial da cortiça, recolhe o espólio que viria a constituir o seu futuro museu. Todas as semanas chegavam carregamentos dos mais variados objetos, mas onde predominava a talha dourada de igrejas que eram "restituídas à traça antiga", pela Direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, e esculturas de arte sacra, algumas notáveis. Durante aqueles dez anos foi construído um mundo sem igual, de fantasia e imaginação, que se anuncia já no exterior do museu por modelos reduzidos de edifícios, figuras a ornamentar lagos, esculturas de bandas de música, ranchos folclóricos, ou mesmo um desafio de futebol de jogadores habilidosos.

Santa Maria de Lamas. Feira. 24 de agosto de 1996

sábado, 3 de setembro de 2016

Menos livros

[doze exp 17] A ausência de livros, uma aposta mais forte nos meios digitais, numa tentativa de adaptação ao correr dos tempos, a uma presença e significado cada vez maiores da comunicação e partilha de informação através dos meios digitais. Por outro lado tem havido mudanças acentuadas nos meios editoriais. Ao mesmo tempo que é hoje muito mais fácil publicar um livro, talvez seja cada vez mais difícil colocar essas edições no mercado, com visibilidade, devido a alterações de regras comerciais. É uma realidade que requer adaptação.
Queluz. 2016

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Porto de Leixões

[pst 243] A ideia do aproveitamento das pedras de Leixões já vinha de trás. Era um local favorável ao abrigo de pequenas embarcações em dias de mar agitado, quando se tornava difícil o atracar nos portos precários das imediações. Um primeiro projeto, para a criação de um porto artificial na foz do rio Leça, foi apresentado durante o reinado de D. João V. Devido aos interesses ligados ao porto fluvial do Douro o projeto não se concretizou. A construção dos dois gigantescos molhes que confinam a área portuária, foi finalmente iniciada no ano de 1884, tendo terminado em 1892. O desenvolvimento de Matosinhos tem origem na criação deste grande porto artificial. Outro testemunho da primeira industrialização do País depois dos esparsos ensaios do século XVIII.

Porto de Leixões — Matosinhos. 17 de dezembro de 1995

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Adaptar, reduzir aumentando

[doze exp 16] Uma nova atitude, pela construção de suportes, de procura constante de novas soluções de exposição, de fabricação de molduras, diferentes formatos, diferentes enquadramentos, diferentes realidades. Cada uma delas com uma determinada singularidade. Em todas as exposições há a presença de um arquivo vasto, num jogo de presente e passado. São já mais de 30 anos de fotografias, de viagens por Portugal, de procura da natureza singular e diversa deste território. São diferentes aproximações e afastamentos, são os caminhos de ronda em torno de lugares, ou de algumas pessoas. Construção e relatos de identidades dispersas.
Viseu. 2016