sábado, 23 de julho de 2016

Mosteiro de S. Salvador de Grijó

[pst 226] Em 1574 apeou-se a velha igreja para, no mesmo ano, se iniciar a construção da atual. O lugar de culto era fundado no ano 922, pelos clérigos Guterre e Ausindo Soares. Mas não se conhece a sua história nos anos seguintes, até ser novamente fundado como mosteiro por Soeiro Fromarigues, em finais do século XI. Posteriormente adotou a observância dos Cónegos Regrantes de Santa Cruz de Coimbra. Foi extinto em 1770, pelo Papa Clemente XIV.

Mosteiro de S. Salvador de Grijó. Vila Nova de Gaia.  5 de outubro de 1996

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Calvário — Caramos

[pst 225] Debaixo de um enorme pinheiro manso, árvore do mediterrâneo em clima atlântico, deparamos com uma via sacra que surpreende pela singular qualidade do talhe do granito.

Calvário — Caramos. Felgueiras. 8 de setembro de 1996

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Forca — Louredo

[pst 224] No sopé da serra de S. Tiago, próximo da aldeia de Louredo, poucos quilómetros a norte de Paredes, encontramos uma forca a marginar a estrada. É a marca da justiça de tempos não muito recuados. A pena de morte era abolida em Portugal, para crimes políticos, em 1852 e, para crimes civis, em 1867.

Forca — Louredo. Paredes. 9 de setembro de 1996

quarta-feira, 20 de julho de 2016

Santuário do Senhor da Pedra

[pst 223] O pequeno templo votivo do Senhor da Pedra está construído sobre um afloramento rochoso na praia de Miramar. Desde as terras da Maia a Santa Maria da Feira aqui afluíam, no último domingo de Maio, milhares e milhares de peregrinos que transformavam o areal num enorme terreiro de festa. No inverno é um lugar solitário e, com as marés vivas, transforma-se numa ilha batida pela espuma das ondas.

Santuário do Senhor da Pedra — Miramar. Vila Nova de Gaia.  5 de outubro de 1996

domingo, 17 de julho de 2016

Memória — Praia da Memória

[pst 222] No dia 8 de Julho de 1832 desembarcaram na praia de Arnosa do Pampelido, em mais de 50 navios, os cerca de 8000 homens que constituíam o exército liberal. No dia seguinte tomavam a cidade do Porto. Iniciava-se assim a guerra civil entre absolutistas e liberais, que havia de durar dois anos e deixar em estado ruinoso a economia nacional. D. Miguel I foi vencido e o regime liberal era reconhecido em 1834. Uma Memória no areal, ao norte do Porto, assinala o local do desembarque. É o símbolo das convulsões a que deu lugar a introdução de ideias novas, mesmo numa área urbana e progressiva como o Porto.

Memória — Praia da Memória, Pampelido Velho. Matosinhos.  10 de outubro de 1996

sábado, 16 de julho de 2016

Capela de Nossa Senhora do Socorro

[pst 221] A capela de Nossa Senhora do Socorro situa-se num lugar sobranceiro ao rio Ave, no limite do bairro de pescadores e trabalhadores dos estaleiros navais. É um pequeno templo, construído em 1603, de planta quadrangular rematado por uma enorme cúpula caiada de branco. Marca de forma significativa o perfil ribeirinho de Vila do Conde.

Capela de Nossa Senhora do Socorro — Vila do Conde.  2 de abril de 1994

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Igreja de S. Cristovão de Rio Mau

[pst 220] A construção iniciou-se, provavelmente, no ano de 1151, tendo sido concluída apenas no final do século, ou mesmo no início do XIII. A fundação da igreja de S. Cristóvão de Rio Mau deve-se aos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. A sua estrutura arquitetónica é muito simples e no conjunto é notável o grupo de esculturas realizadas em duas fases claramente diferenciadas, que correspondem também aos dois tempos de edificação da igreja. Uma primeira fase corresponde ao interior, altura em que foram trabalhados os capitéis e, uma segunda inclui a escultura dos portais. Hoje o seu adro é por vezes ocupado por objetos que lhe são estranhos.

Igreja de S. Cristóvão de Rio Mau. Vila do Conde. 17 de dezembro de 1996



quarta-feira, 13 de julho de 2016

Igreja de Ferreira

[pst 219] No testamento de Mumadona Dias há uma referência ao templo de S. Pedro de Ferreira. Este documento remete-nos para o século X. No entanto, os vestígios mais antigos de construção atual, deverão datar do século XI. A igreja Colegiada de S. Pedro foi um importante lugar de culto da Idade Média. O portal principal era precedido de um nartex, cercado por paredes, que tinha uma função funerária. Este elemento arquitetónico é raro no românico português.

Igreja de Ferreira — Paços de Ferreira. 9 de setembro de 1996

terça-feira, 12 de julho de 2016

Igreja do mosteiro de S. Pedro de Roriz

[pst 218] Segundo parece, o primitivo cenóbio de Roriz foi doado por D. Afonso Henriques, em 1173, aos Cónegos Regrantes de Santa Cruz de Coimbra. Começou então a construção da atual igreja, pelo lado da capela-mor, mas durou bastantes anos. O anexo sul foi completado em 1225 e a capela de Santa Maria, do lado norte, em 1258. O resto só deve ter terminado por volta de 1275. De acentuada verticalidade, o edifício sofreu diversas vicissitudes durante a sua construção e reconstrução. As diferentes marcas de pedreiro e de aparelho da pedra, permitem distinguir quatro fases distintas de trabalhos.

Igreja do mosteiro de S. Pedro de Roriz. Santo Tirso.  7 de junho de 1996

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Castro do Monte Padrão

[pst 217] São claramente visíveis, no alto deste monte, estruturas constituídas por alguns, parcos, panos de muralha e espaços de habitação de planta circular e retangular. No povoado castrejo, de fundação remota, foram encontradas moedas que provam que este lugar foi romanizado. Daqui olhamos agora a urbanização densa e rasteira do industrializado vale do Ave, nos arredores de Santo Tirso

Castro do Monte Padrão — Monte Córdova. Santo Tirso.  7 de junho de 1996

domingo, 10 de julho de 2016

Navio solitário

[pavilhão 09] Inventamos texturas, objetos, planos e desenhos, registamos o mundo que nos rodeia, não será para fixar um tempo que, constantemente, nos empurra para a frente, mas para jogarmos com a realidade, criamos cidades dentro de cidades. Percorremos as imensas florestas desertas, petrificadas, aquáticas, nelas lemos jogos de transparências, ilusões de realidade. Procuramos a regra e a norma, desenhos mínimos, sínteses plenas. Tudo continua a fugir numa velocidade acelerada, movimento vertiginoso, explodido em espaços multidimensionais. E a vida humana é fragmento de um carrocel que inventámos, que inventamos, de que tentamos perceber o movimento. Selecionamos palavras, objetos, memórias límpidas e estranhas que transportamos connosco, epidérmicas. Arquiteturas dentro de arquiteturas dentro de arquiteturas. Navio solitário na tempestade do inverno quente. Céu limpo, estrelas que nos puxam para mundos luminosos que havemos de conhecer. Reinventamos o movimento.
 
Agripina Minor. Museu de Faro. Faro. 2004
 

sábado, 9 de julho de 2016

Pedra, vegetal, velocidade

[pavilhão 08] Esta é uma proposta de leitura fragmentada sobre Portugal. Três momentos. A dimensão silenciosa do mundo vegetal que avança sobre os lugares humanos, os automóveis como naves espaciais das viagens terrestres esquecidas, os rostos e as arquiteturas deixados lavrados, erguidos, em pedra para a construção de lugares humanos, afirmação de poder sobre lutas desconexas para a construção de uma identidade frágil. Sobre ruínas construímos uma casa humana. Fascínio pelo vegetal como vida e silêncio, a velocidade da fuga o desenho de uma cidade. Continuidade.
 
Herdade do Roncão. Reguengos de Monsaraz. 2010
Escultura em madeira. Coleção particular. Oeiras. 1998

Coelhoso, prox., Bragança. 2001

Pavilhão Mundo Português - Jardins Efémeros, Viseu. 2016
 

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Construção de irrealidades

[pavilhão 07] De carro nas mais altas montanhas, nas florestas, nos desertos, no atravessamento dos rios do inverno, no fundo do mar. Máquinas de tempo, de conforto e velocidade inventados por nós próprios, neste imenso jogo de perda e construção de irrealidades.
 
Aldeia Nova do Barroso, prox. Montalegre. 1994

Mértola, prox., Mértola. 1998

Rosmaninhal, Idanha-a-Nova. 2005

Pavilhão Mundo Portguês - Jardins Efémeros, Viseu. 2016

Nave poente

[pavilhão 06] Na nave poente há automóveis abandonados, longe da velocidade que certamente viveram. Que paisagens terão percorrido? Automóveis perdidos na paisagem são, aqui, um registo com várias décadas, desde as primeiras viagens por Portugal, em meados dos anos 80 do século passado. São o retrato de viagens antigas que terminaram em campo aberto, são como o fim do movimento contínuo que nos transporta pelo tempo dos lugares, no arrasto vertiginoso da impossibilidade de parar.

Junça, Almeida. 1989

Mancelavisa, Folques, Arganil. 2002

Praia dos Lagosteiros, Sesimbra. 2014

Pavilhão Mundo Português - Jardins Efémeros. Viseu. 2016

Gestos, desenhos

[dia grande 14] Fazemos desenhos, inscrevemos gestos, jogamos ao redor de objetos, integramos a natureza e as cidades, projetamos, apenas, o silêncio. São os caminhos que fazemos entre os lugares de permanência, entre as casas que habitamos. Sem transportarmos haveres, apenas a nossa própria condição despojada dentro das paisagens. Que mundo habitamos? Onde nos transporta o pensamento, a leitura do visível?
 
Torre do Esporão - Dia Grande. Reguengos de Monsaraz. 18 de junho de 2016
 

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Vida sobre vida

[pavilhão 05] Vida que se ergue sobre vida. A morte e a vida parecem aqui responder à mais absoluta complementaridade, a ponto de quase não se distinguirem, em campo aberto, em que todos os elementos, parecem estar vivos, em relação dinâmica, evolutiva. Estratégias de povoamento lentas, construtivas, como uma arquitetura para ser lida por ninguém. Este é o mistério da vida, a sua aparente ausência de sentido que não seja uma sucessão de coincidências, erros, eventualmente, que vão conduzindo a formas progressivamente mais complexas, num processo imparável, mesmo depois de cíclicas catástrofes, algumas delas absolutamente devastadoras. Depois há um lento reerguer das formas, agora diferentes e sempre mais e mais complexas.
 
Herdade do Roncão. Reguengos de Monsaraz. 2010

Exposição Pavilhão Mundo Português, Jardins Efémeros, Viseu. 2016

Exposição Pavilhão Mundo Português, Jardins Efémeros, Viseu. 2016

Exposição Pavilhão Mundo Português, Jardins Efémeros, Viseu. 2016
 

Corda

[dia grande 13] 07_dg626651. Uma corda perto do mar na experiência do medo. A possibilidade de um último movimento. Fugimos dos perigos quando os sabemos enfrentar. Estabelecemos uma ponte, momentânea, com a nossa condição animal. Queremos conhecer os mais distantes lugares da terra que nos é próxima.

Pirolita. Sintra. 2016

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Paisagens vegetais

[pavilhão 04] Como podem ser lidas as paisagens “vegetais” por um olhar humano, descodificador? Há elementos relativos à ocupação do espaço, há a relação com a paisagem, que pode ser em diferentes escalas, há o povoamento “expansivo”, há a especiação, há as questões da forma, da resposta evolutiva a um meio ambiente sempre em mudança. Depois há uma enorme variedade de soluções para problemas, aparentemente, semelhantes. Nesta diversidade que observamos, claramente, a riqueza de um planeta fascinante. Olhamos a evolução da vida, desde a formação do planeta Terra, desde o momento em que se terá formado, pela acreção de matérias cósmicas que já orbitavam, caoticamente, em torno de uma estrela recém formada.
 
Exposição Pavilhão do Mundo Português, Jardins Efémeros, Viseu. 2016

Exposição Pavilhão do Mundo Português, Jardins Efémeros, Viseu. 2016

Exposição Pavilhão do Mundo Português, Jardins Efémeros, Viseu. 2016

Santa Comba de Rossas, prox., Bragança. 2009

Herdade do Roncão. Reguengos de Monsaraz. 2010
 

Cajado

[dia grande 11] 05_dg507400. Um cajado encostado a uma parede de rocha, como alguém que aí deixou a fotografia de um caminhar arcaico, ininterrupto, que nos transporta ao presente e nos projeta em imagens concretas e difusas, agora inabitáveis. Uma gruta, lugar de abrigo, a passagem da noite. Paragem temporária. Continuar.
 
Vale dos Poios, Redinha. Pombal. 2014
 

terça-feira, 5 de julho de 2016

Floresta

[dia grande 10] 04_dg507581. A floresta densa que nos envolve em cortinas sucessivas de transparências e opacidades. Há um ambiente sonoro subtil e complexo que se parece com o silêncio. No solo húmido, pedras brancas, calcários cársicos que albergam incontáveis vidas petrificadas, habitantes agora de um tempo longo em frentes de erosão.
 
Vale dos Poios, Redinha. Pombal. 2014
 

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Três naves

[pavilhão 03] Não há uma sequência definida para a leitura das propostas. Elas são independentes entre si. “Pavilhão do Mundo Português”. O título pode sugerir alguns dos lugares históricos de Portugal, marcas de civilização e erudição de períodos muito distintos. O mosteiro dos Jerónimos, da Batalha, ou Alcobaça, as gravuras do Côa, sem esquecer a contemporaneidade. Para as duas outras naves, que ladeiam o espaço anteriormente referido, são apresentadas propostas mais “presas” à circunstância do lugar; ambas funcionam como um reflexo dos elementos que as polarizam. Numa destas salas, onde a ruína é mais avançada, temos uma vegetação que se instala no solo, que avança sobre todo o lugar. São formas de vida independentes de qualquer desejo humano. Como diálogo com este verde, propomos um conjunto de fotografias de espaços naturais. Sobre a natureza e a organização da matéria em vida. Numa última nave vemos automóveis estacionados há muito. Para este espaço propomos uma viagem por todo o Portugal, em imagens de carros abandonados na paisagem.
 
Exposição Pavilhão do Mundo Português, Jardins Efémeros, Viseu. 2016

Exposição Pavilhão do Mundo Português, Jardins Efémeros, Viseu. 2016
 

domingo, 3 de julho de 2016

Continuar a procurar

[pavilhão 02] Procuramos demoradamente um país. Várias vezes o tentamos representar. Fotografias, palavras, arquiteturas em exposição, desenhos, mapas sobre mapas. É difícil, há uma realidade imensa que nos escapa, mesmo que procuremos apenas aspetos relativos ao espaço, paisagens e arquiteturas, território que acolhe a sucessão de civilizações que nos ergueram. É a fixação, pela imagem fotográfica, das marcas deixadas no solo comum ao longo de sucessivas gerações. É a construção, fugidia e ténue, de uma identidade coletiva. A circunstância conduz os nossos passos. Há um antigo espaço industrial abandonado. Três naves, cada uma delas com uma face própria. Não concentrar a intervenção numa nave mas avançar com uma  proposta de diálogo com a singularidade de cada uma delas. Intervenções específicas.
 
Exposição Pavilhão do Mundo Português, Jardins Efémeros, Viseu. 2016
 

Passagem

[dia grande 09] 03_dg504384. Um caminho indistinto entre penedos, ou a passagem improvável. Avançar sobre desconhecidos que outros já atravessaram no passado. Entre uma barragem e uma ponte, passamos uma garganta profunda entre granitos polidos pelo caudal rápido e poderoso do rio Varosa. Pensamos nesse rio, na sua fascinante força destruidora. O caminho para a montanha como o desenho de um gesto de curiosidade, de progressão difícil em terras elevadas batidas por tempestades. Procura de territórios novos ou atravessamentos para outros lugares, países, civilizações.
 
Vale do rio Varosa, Sande. Lamego. 2014
 

sábado, 2 de julho de 2016

Muro

[dia grande 08] 02_dg118653. Um muro delimita territórios, constrói paisagens, desenha traços numa linha que é um vulcão em pleno oceano, como um monstro adormecido sobre o relvado denso de humidade nos dias mais quentes do céu pesado e escuro. Terra vermelha escondida.
 
Lages dos Pico, Ilha do Pico. Açores. 2008
 

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Pavilhão do Mundo Português

[pavilhão 01] O desafio foi lançado por Sandra Oliveira, a criadora dos Jardins Efémeros, uma iniciativa que anima a cidade de Viseu durante dez dias e que vai na VI edição. Sandra Oliveira todos os anos procura novos espaços para exposições, para concertos, para outras apresentações performativas. Há uma cidade que é envolvida por atos pouco usuais e há espaços pouco conhecidos que são apresentados, revelados, para o espanto de quem os visita. Uma antiga fábrica dará lugar à exposição “Pavilhão do Mundo Português”. O espaço é o de uma ruína industrial, uma antiga fundição, Metalurgia Francisco Gonçalves, que mais tarde daria lugar a uma oficina de automóveis e que, em 2002, é definitivamente encerrada. Quatro intervenções para refletir algumas ideias sobre o que é Portugal hoje. A partir de hoje, dia 1 de julho e até ao próximo dia 10, podem ser vistos trabalhos de ±MAISMENOS± e Vhils (Miguel Januário e Alexandre Farto),  “retrocesso ao futuro”; a exposição sobre arquitetura portuguesa contemporânea (2012-2014) “Habitar Portugal: Está a arquitetura sob resgate?”; Duarte Belo: “Mundo Português”; Carl Hagew, Rafael Farias e Tiago Resende: “A Ronda da Noite”; underdogs10: “Pop up Store”. Seguem-se algumas fotografias do espaço, em visita de reconhecimento, antes de qualquer intervenção.
 
Metalurgia Francisco Gonçalves - "Pavilhão do Mundo Português". Viseu. 2016

Metalurgia Francisco Gonçalves - "Pavilhão do Mundo Português". Viseu. 2016

Metalurgia Francisco Gonçalves - "Pavilhão do Mundo Português". Viseu. 2016