sábado, 31 de outubro de 2015

Olhares diversos sobre territórios diferentes

[inquéritos 04] Na exposição dos Inquéritos há aqui uma enorme diversidade de abordagens, à fotografia e ao território. O ponto de partida é a expedição científica à serra da Estrela, realizada em 1881. Era um período em que esta montanha era pouco conhecida, o pedaço de território português menos conhecido e, por isso, envolto em lendas. Esta era então a derradeira missão para o conhecimento integral de um país. Curiosamente, embora esteja documentada a presença de fotógrafos na expedição, não se conhecem fotografias desses mesmos fotógrafos. Há documentos e mapas, mas não fotografias. Esta exposição parte dessa ausência para nos mostrar, e reconhecer a imagem de um país.
Exposição dos Inquéritos. CIAJG. Guimarães. 2015

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Igreja paroquial de Vila Nova de Cerveira

[pst 085] A arquitetura barroca em Portugal, desenvolve-se após o fim do domínio dos Filipes de Espanha. Eram os espaços da criatividade e da ilusão, símbolo de uma nova liberdade e de um nacionalismo que, de novo, se afirmava. É no Minho que esta nova arquitetura encontra a maior dimensão da sua inovação, chegando a todos os lugares.

Igreja paroquial — Vila Nova de Cerveira. 6 de março de 1996

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Conhecer o espaço

[inquéritos 03] O conhecimento do espaço terá vantagens para quem o possuir e tiver capacidade de o relacionar com outras áreas do saber. Uma investigação sobre a natureza dos lugares, o entendimento das relações topológicas entre as suas várias partes, próximas ou distantes, leva-nos, progressivamente, ao aumento da curiosidade sobre esse mesmo espaço. Há um processo de aproximação cada vez mais sedutor, mais encantatório. Isto não se prende apenas com a procura do "belo", das paisagens íntegras, por exemplo, mas mesmo daquilo que, aparentemente, é o seu oposto, aqueles lugares de caos com que muitas vezes nos deparamos. Mas é o olhar reflexivo sobre estes lugares que nos leva a tornar consciente uma forma cada vez mais aprofundada de interpretação e neles encontrar significados que se edificam sólidos, que nos devolvem, com alguma clareza, processos humanos de transformação dos habitats. A viagem transformadora do Homem sobre a Terra.
Mesa com documentação, exposta em Guimarães. 2015

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Tempo sem espaço

[inquéritos 02] Comparemos apenas o tempo e o espaço, ou, melhor especificando, a História, a descrição e interpretação de acontecimentos ao longo de um determinado período de tempo, e o espaço, o 'tabuleiro' onde decorrem esses acontecimentos. A história de Portugal é estudada desde o ensino básico até ao superior. Com múltiplas abordagens, todo o nosso passado parece ser conhecido, tendencialmente procurado até um limite cada vez mais minucioso. Com o espaço português isso não acontece. O conhecimento, a descrição ou interpretação, do espaço português não faz parte de qualquer nível de ensino, não há uma única cadeira em todo o sistema universitário português que se dedique ao tema. Estamos perante um vazio significante. Houve um período em que se estudavam as serras, os rios, as cidades ou os caminhos de ferro. Entretanto muitas linhas férreas foram desativadas, mas tudo o resto permanece nos mesmos lugares. Não vamos avançar com explicações para esta constatação, pois não são fáceis. Parece haver um evidente desprezo pela descrição e conhecimento do espaço. Há aspetos do território que são estudados, mesmo muito estudados, mas, quase sempre, sem o conhecimento das paisagens confinantes.

Detalhe de fotografia do Inquérito à Arquitetura Popular, exposta em Guimarães. 2015

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Igreja de Santa Maria Madalena

[pst 084] Devido à sua importância como centro religioso de uma vasta área, construíram-se na cidade de Braga muitas igrejas, o mesmo acontecendo nas imediações do seu perímetro urbano. A partir do século XVIII, nas elevações localizadas a este da cidade, vão ser construídos três santuários de romaria. O mais recente foi o Samouco. O primeiro, o Bom Jesus do Monte, com algumas inovações em relação à arquitetura da época e que viria mesmo a constituir uma nova referência do Barroco europeu, com repercussões no Brasil. No monte de Falperra, a sul do Bom Jesus, André Soares é chamado para desenhar a Igreja de Santa Maria Madalena. A igreja é construída num Barroco tardio, onde abundam os elementos decorativos. É o ponto culminante de uma arquitetura que tendia para a transgressão dos espaços de um maior tradicionalismo.

Igreja de Santa Maria Madalena. Braga. 23 de agosto de 1996

Os Inquéritos [à fotografia e ao território]: paisagem e povoamento

[inquéritos 01] Os texto e imagens que se seguem são relativos à exposição Os Inquéritos [à fotografia e ao território]: paisagem e povoamento, presente no Centro Internacional de Artes José de Guimarães, inaugurada no passado dia 17 de outubro; com data de encerramento prevista para 31 de janeiro próximo. O comissariado deste projeto, mostrar Portugal pela imagem fotográfica ao longo de mais de 130 anos, é de Nuno Faria. Elenco representado: Expedição Científica à Serra da Estrela (1881), Carlos Relvas, Orlando Ribeiro, Inquérito à Arquitetura Regional (1955-1957), levantamentos realizados no âmbito do trabalho do Centro de Estudos de Etnologia (Jorge Dias, Ernesto Veiga de Oliveira, Fernando Galhano e Benjamin Pereira), Alberto Carneiro, Luís Pavão, Duarte Belo, Álvaro Domingues, Nuno Cera e Diogo Lopes, Paulo Catrica, Valter Vinagre, André Príncipe, Daniel Blaufuks, Mariana Caló e Francisco Queimadela, Álvaro Teixeira, Jorge Graça, Carlos Lobo, Eduardo Brito, Duas Linhas. Projecto sonoro: Carlos Alberto Augusto.
 
Jornal da Exposição. Centro Internacional de Artes José de Guimarães. 2015

Plataforma das Artes e da Criatividade. Guimarães. 2015
 

domingo, 25 de outubro de 2015

Sé Catedral de Braga

[pst 083] Foi, em tempos longínquos, uma das cidades mais importantes do Noroeste da Península Ibérica; no entanto, pouco ficou de pé após numerosos conflitos e invasões onde se manifestou a ação destruidora de sucessivas gerações. A Sé Catedral é hoje o símbolo maior da cidade de Braga. Por volta do ano 1070, o bispo D. Pedro restaura um templo que já existia no local. Hoje restam alguns vestígios de um projeto grandioso de uma igreja de cinco naves, que viria a ser abandonado. No século XII, é construída a igreja de três naves, estrutura que se irá manter até à atualidade. Edifício vivo, a catedral vai, ao longo dos séculos, acolher diversas alterações, de acordo com o tempo e as ideias dos homens.

Sé Catedral de Braga. 6 de Junho de 1996

sábado, 24 de outubro de 2015

Rio Cávado

[pst 082] O lugar, na margem direita do rio Cávado, a 12 km da foz, deverá ter sido criado pelos Romanos. Barcelos viria a ter um papel importante aquando da fundação da nacionalidade, pois D. Afonso Henriques concede-lhe foral entre 1140 e 1146. Um invulgar número de casas solarengas, algumas de dimensão opulenta, e de edifícios religiosos, remete-nos para a importância da cidade no passado.

Rio Cávado — Barcelos. 6 de junho de 1996

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Praça da República

[pst 081] A Praça da República localiza-se junto à porta norte do antigo burgo medieval, onde o alinhamento regular dos edifícios deixa advinhar um anterior perímetro de muralha. O chafariz quinhentista, erguido em frente aos antigos paços do concelho, é em granito, tem desenho de João Lopes, o Velho, e polariza o espaço do terreiro.

Praça da República — Viana do Castelo. 6 de junho de 1996

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Padrão do Salado

[pst 080] Foi construído em frente da igreja de Nossa Senhora da Oliveira, no centro histórico de Guimarães. Trata-se de um cruzeiro e um alpendre gótico, erguidos no reinado de D. Afonso IV para comemorar a vitória na batalha do Salado, travada em 1340.

Padrão do Salado — Guimarães. 7 de junho de 1996

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Sistelo

[pst 079] Vieram com a revolução do milho, no século XVIII, e são uma presença constante, em muitas povoações da região. A sua forma resulta da necessidade de secar o cereal longe dos roedores e dos pássaros. Os espigueiros quando aglomerados, quase sempre estão dispostos fora do perímetro das aldeias. No Sistelo, junto ao rio Vez, no sopé da serra da Peneda, têm um recinto próprio, no coração da urbe.

Sistelo. Arcos de Valdevez. 7 de outubro de 1996

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Viagem Beira Baixa 2014

[Castelo Branco 11] São do ano 2014 as fotografias mais recentes mostradas em Castelo Branco. Resultaram de uma visita ao Geoparque Naturtejo onde se encontram uma série de lugares 'geológicos' extremamente interessantes e muito diferenciados entre si. Começamos o percurso no norte do Alentejo, nos granitos penducolares de Arez, depois o Conhal do Arneiro, extensa paisagem de calhaus rolados e vestígios de mineração arcaica. Atravessámos o Tejo e fomos visitar um tronco de árvore fóssil em Vila Velha de Ródão; Portas de Almourão, no rio Ocreza; miradouro das Corgas; Cascata da Fraga da Água D’Alta; serra da Gardunha; as Furdas de Salvaterra do Extremo; e minas de Segura e, para terminar, as minas da Tinta e do Pó em Monforte da Beira.
A esta viagem à Beira Baixa voltarei mais tarde, neste espaço da Cidade Infinita, a propósito de uma reflexão sobre espaço e o seu registo fotográfico, no contexto de uma revista de geografia. (Este é o último post relativo a Castelo Branco).

Cascata da Fraga da Água D’Alta. Oleiros. 2014

Serra da Gardunha. Fundão. 2014

Segura (prox.). Idanha-a-Nova. 2014

Castelo Branco. 2015




segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Nogueira

[pst 078] Nas conceções da antiga cultura mediterrânica, o Noroeste da Península Ibérica era o Finis Terrae, onde acabava o mundo habitado e começava o "mar tenebroso", onde todos os dias o Sol desaparecia, enfim, o reino dos mortos. Segundo ancestral crença minhota, o mar simbolizava o mais temível dos infernos, talvez por isso abundem em terra, como em nenhuma outra região de Portugal, as marcas de uma sacralidade intensa, traduzida em inúmeros santuários com que se acreditava afastar a perturbação trazida pelos mortos.

Nogueira. Viana do Castelo. 7 de outubro de 1996

domingo, 18 de outubro de 2015

Cor como verdade

[Castelo Branco 10] É nesta altura que a cor passa, de algum modo, de fazer sentido. Quando utilizava película a preto e branco, fazia uma opção: nesse gesto imediatamente excluía a cor. O digital traz a cor consigo como uma espécie de 'verdade'. Com a cor, agora, digital, já não estamos presos ao passado, é o próprio futuro que está mais próximo, ou uma ânsia de conhecer o tempo, o espaço vindouro.

Santuário de Nossa Senhora da Azenha. Idanha-a-Nova. 2003

sábado, 17 de outubro de 2015

Mosteiro de Ganfei

[pst 077] O convento de Ganfei situa-se a nordeste de Valença, à direita da estrada de quem se dirige para Monção. Antigo cenóbio beneditino foi, no século XVIII, profundamente alterado na sua estrutura arquitetónica, à semelhança do que aconteceu com muitos outros mosteiros dessa Ordem religiosa, no mesmo período. O espaço exterior foi também, certamente, redesenhado, para se adequar aos tempos do Barroco.

Mosteiro de Ganfei. Valença. 6 de março de 1996

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

O desenho próximo

[Castelo Branco 09] O preto e branco, por outro lado, tinha uma proximidade ao desenho, a essa tão fascinante forma de representar o real visível. As fotografias sobre película eram como notas que se tomavam num enorme caderno onde guardávamos todas as memórias de existências a que tudo pareciam querer reter. Hoje, quando olhamos para esses cadernos, pouco parece estar neles inscrito. A solução poderia ser o dissecar mais e mais esses tempos. Não. O digital surge com mais possibilidades, com 'soluções' de registo muito mais completas, mais desafiantes. Entramos num jogo de captura, arquivo e, eventualmente, transformação da imagem, tão aterrador como fascinante

Alcafozes. Idanha-a-Nova. 2003

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Igreja de São Frutuoso de Montélios

[pst 076] São Frutuoso de Montélios é um dos escassos vestígios arquitetónicos bem conservados, que nos chegou do período que medeia entre a queda do Império Romano do Ocidente e a Reconquista. É um pequeno templo, de planta em cruz grega, onde são visíveis as marcas de diversas reconstruções efetuadas ao longo do tempo, mas em que os seus mais antigos elementos arquitetónicos e decorativos, remontam, talvez, ao século VII, tempo da presença visigótica neste território. No século XVIII foi transformado em capela lateral, quando se construiu uma nova igreja de maiores dimensões.

Igreja de São Frutuoso de Montélios — Real. Braga. 7 de junho de 1996

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Incerteza evolutiva

[Castelo Branco 08] O que me parecia certo é que o preto e branco que na altura fazia não apresentava uma perspetiva evolutiva. Era um processo que, para mim, atingira um ponto limite. Tudo o que dali para a frente fizesse era repetição. As imagens eram, aparentemente, fáceis, bonitas, mas não havia desafio. Era um processo por mim dominado em todos os seus passos. O preto e branco tem uma beleza própria, é sedutor, esvazia o fotografado de uma parte substancial do seu ruído, da sua estranheza. Parece representar um mundo que se perdeu, a memória de uma infância feliz a que não se regressa que não seja por essa ponte imaginária da escala de cinzas.

Castelo Branco. 2015

Salvaterra do Extremo. Idanha-a-Nova. 2003

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Igreja de S. Bartolomeu do Mar

[pst 075] Em S. Bartolomeu do Mar realiza-se uma festa que é um misto de fé e de superstição, rito pagão de origens perdidas no tempo. A praia, a cerca de 2 km da igreja, enche-se de milhares de pessoas. Os pais levam os filhos a um banho sagrado que, segundo a crença, após três mergulhos nas ondas, os fará  perder o medo para o resto da vida. O ritual termina com uma visita à igreja onde a família oferece ao Santo um galo preto e a mãe esfrega a imagem de S. Bartolomeu na cabeça do filho.

Igreja de S. Bartolomeu do Mar. Esposende. 7 de outubro de 1996

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Não permanecer

[Castelo Branco 07] Poderia permanecer ligado à fotografia analógica, ao preto e branco, mas o digital era um apelo irresistível. E a tentação não se relacionava apenas com um natural cansaço depois de já ter revelado mais de 5.000 filmes, feito as respetivas provas de contacto e mais de duas dezenas de milhar de provas impressas. Havia no digital uma sedução, por um lado relacionada com o elevado número de fotografias que podia fazer com um custo reduzido, a facilidade de arquivo e de acesso e, também, pela ausência de muitas horas passadas na escuridão ou na presença da fraca luz vermelha.

Monsanto, prox.. Idanha-a-Nova. 2005

Antigas minas da Tinta e do Pó. Monforte da Beira. Castelo Branco. 2014

Monte do Faro

[pst 074] No Monte do Faro, junto ao santuário de Nossa Senhora do Faro, há um miradouro, alguns bancos de pedra e a imensa visão do vale do rio Minho, desde Valença e Tuy até ao Oceano Atlântico. Os miradouros são outra recorrência constante da paisagem minhota.

Monte do Faro. Valença. 7 de outubro de 1996.

domingo, 11 de outubro de 2015

Depois de 5.000 filmes

[Castelo Branco 07] Poderia permanecer ligado à fotografia analógica, ao preto e branco, mas o digital era um apelo irresistível. E a tentação não se relacionava apenas com um natural cansaço depois de já ter revelado mais de 5.000 filmes, as respetivas provas de contacto e mais de duas dezenas de milhar de provas impressas. Havia no digital uma sedução, por um lado relacionada com o elevado número de fotografias que podia fazer com um custo reduzido, a facilidade de arquivo e de acesso e, também, pela ausência de muitas horas passadas na escuridão ou na presença da fraca luz vermelha

Monsanto. Idanha-a-Nova. 2005

Castelo Branco. 2015

Castelo Branco. 2015

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Arco de romaria

[pst 072] O Minho é terra de romarias, de religiosidade popular. Há, pelos povoados, numerosas festividades ao longo do ano, mas é particularmente em Agosto, que as celebrações se multiplicam. É a superação do quotidiano de labuta na terra onde, numa sentida necessidade do festivo, se juntam populações de aldeias afastadas. Os arcos de romaria são um dos singulares sinais da festa que ritma os ciclos anuais.

Arco de romaria — Carreiras, S. Miguel. Vila Verde. 8 de outubro de  1996

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Imagens de transição

[Castelo Branco 06] Já trabalhava há cinco anos com a fotografia digital, mas com relutância em me entregar plenamente a esta tecnologia que, muito rapidamente, evoluía para níveis de qualidade impensáveis pouco tempo antes. Terras Templárias de Idanha foi um dos últimos trabalhos que fiz com a Hasselblad 503CX, câmara que utilizava desde 1993. Uma belíssima câmara, quase como uma máquina imortal no sentido em que parecia ter atingido um limite de perfeição, mecânica e ótica, que fazia dela um objeto muito singular. Mas o tempo passa e a tecnologia dita analógica daria lugar a essa outra forma de materializar informação, que agora se apresentava em sistema digital. O digital trazia consigo definitivamente, na minha perspetiva, a cor, de um modo acessível e cada vez mais fiável

Rio Ponsul. Idanha-a-Nova (Prox.). 2005

Idanha-a-Nova (Prox.). 2005

Castelo Branco. 2015

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Crasto

[pst 072] À semelhança de Crasto, situado entre as aldeias de Samarão e Milagres, próximo de Longos Vales, muitos dos cabeços de entre Minho e Douro tiveram uma ocupação castreja (como no caso o próprio topónimo o indica). Após o abandono destes lugares, muitos viriam a ser cristianizados pela construção de pequenas capelas, imagens da Virgem, cruzeiros ou outros elementos onde se sinta a chama eterna do catolicismo.

Crasto — Longos Vales. Monção. 7 de outubro de 1996.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

400.000 quilómetros

[Castelo Branco 05] As fotografias aqui apresentadas, datadas de 2002 e 2003, pertencem ao acervo constituído aquando da realização do projeto Portugal Património. Este corresponde ao maior levantamento fotográfico extensivo e contínuo de todo o espaço português por mim realizado até ao presente. Foram cerca de cinco anos de trabalho de campo, 400.000 quilómetros percorridos, 611.527 fotografias em suporte digital. Das mais de 4.200 freguesias então existentes, integradas nos 308 municípios, estive, e fotografei, praticamente em todas. Os arquipélagos dos Açores e da Madeira foram igualmente visitados. Embora tenha como objetivo para breve a construção de uma base de dados sobre este acervo, feita a partir das fichas de campo, ainda hoje tenho alguma dificuldade em entrar no universo específico deste setor de um arquivo fotográfico denso. 

Castelo Branco. 2015

Castelo Novo. Fundão. 2003

Serra da Malcata. 2003

Antigo Sanatório dos Ferroviários. Covilhã (prox.). 2003

domingo, 4 de outubro de 2015

Senhora da Guia

[pst 071] "O mar, recordo-me, tinha tonalidades de sombra, de mistura com figuras ondeadas de vaga luz — e era tudo misterioso como uma ideia triste numa hora de alegria, profética não sei de quê.

“Eu não parti de um porto conhecido. Nem hoje sei que porto era, porque ainda nunca lá estive. Também, igualmente, o propósito ritual da minha viagem era ir em demanda de portos inexistentes — portos que fossem apenas o entrar para portos; enseadas esquecidas de rios, estreito entre cidades irrepreensivelmente irreais. Julgais, sem dúvida, ao ler-me, que as minhas palavras são absurdas. É que nunca viajastes como eu".
Fernando Pessoa, Viagem Nunca Feita  — Livro do desassossego
 
Senhora da Guia — Vila do Conde. 1 de abril de 1994.
 

sábado, 3 de outubro de 2015

Imagens datadas

[Castelo Branco 04] As fotografias que aqui são revisitadas, de uma viagem à Beira Baixa, foram feitas em 1988. São diapositivos a cor digitalizados e impressos a partir desses ficheiros. Era um tempo de primeiros passos na tentativa de conhecimento e registo das paisagens e formas construídas de um país. São imagens datadas que procuravam fixar aspetos muito particulares do território. Era um olhar, um modo de ver, que viria a abandonar, em grande medida seduzido pelo caos, pela difícil e desconexa beleza do menos óbvio. Era nessa complexidade que, mais tarde, haveria de encontrar o sentido possível da vida sem sentido.

Idanha-a-Velha. 1988

Castelo Branco. 2015

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Regressar à Beira Baixa

[Castelo Branco 03] As fotografias aqui apresentadas, com o título Paisagens de Regresso - Viagem Breve à Beira Baixa, foram feitas ao longo de mais de duas décadas, em várias viagens, integradas em diferentes projetos de levantamento fotográfico do espaço português. Estes são apontamentos de imagem necessariamente breves. Se nos detivermos num detalhe cada vez mais aprofundado de leitura dos lugares, vamos descobrindo um mundo que se desdobra em novas e fascinantes dimensões. Estas fotografias são um convite para percorrer, eventualmente regressar, a uma paisagem que nos deixa o desejo de voltar.

Monsanto. Idanha-a-Nova. 1988

Monsanto. Idanha-a-Nova. 1996