segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Torre de Lanhelas

[pst 093] A Torre de Lanhelas é uma casa solarenga protegida por três torres, construídas em épocas diferentes. A mais antiga data do século XVI e a mais recente foi terminada em 1831. Provavelmente devido à proximidade do rio Minho e da fronteira com o reino de Castela, é um caso típico de como a casa rural nobre mantém uma arquitetura de feição militar, como reminiscência da época feudal, em que as residências dos nobres eram normalmente protegidas por torres.

Torre de Lanhelas. Caminha. 6 de março de 1996

sábado, 28 de novembro de 2015

Coluna 9. Câmaras

[inquéritos 20] Sofisticados dispositivos para apreender luz e a revelar em matérias reconhecíveis, elementos para a construção de um imaginário irrealidades paralelas. Jogos de luz e sombra. Diálogo entre claro e escuro, exposição da cor. Procuramos a imensa luz que se esconde nas mais densas sombras.

Monte Abraão. Sintra. 2003

Queluz. 2010

Idanha-a-Velha. Idanha-a-Nova. 2005

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Coluna 8. Provas

[inquéritos 19] As fotografias constroem lugares, espaços antes inexistentes. Tomam formas e sentidos, confluem em elementos de comunicação, desenhos que o tempo apagará. Mas este é um jogo de procura, de atribuição de significados, de construção de um abrigo que atravessa tempestades.

Monte Abraão. Sintra. 2008

Monte Abraão. Sintra. 1992

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Monção

[pst 092] Monção estava cercada por um exército castelhano e a fome já grassava tanto no interior, como no exterior das muralhas, onde o que havia para pilhar nas terras vizinhas, também se esgotava. A mulher do alcaide, Deuladeu Martins, coze o que resta do trigo e, para espanto dos sitiados, manda os pães ao inimigo, desejando bom proveito. Estes, supondo haver fartura de alimento no interior da fortificação, debandam, abandonando o cerco. Verdade ou apenas lenda é um gesto que simboliza a coragem, a força e a capacidade de desafiar o destino, de a mulher minhota assumir um ideal de liberdade, como o viria a fazer Maria da Fonte, em 1846.

Monção. 7 de outubro de 1996

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Coluna 7. Mapas

[inquéritos 18] Esta é a terra que procuramos e o seu reflexo desenhado por nós. Numa pedra, preto e branco, parece estar desenhado o mapa de todas as nossas viagens que, de qualquer modo, não deixamos de tentar riscar ao longo de sucessivas gerações. Os mapas são complexos reflexos inacabados de um espaço que é tempo.

Monte Abraão. Sintra. 2004

Cabo Mondego. Figueira da Foz. 2014

Lufinha. Viseu. 2015

Praia do Tonel. Zambujeira do Mar. Odemira. 2014

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Coluna 6. Habitar remoto

[inquéritos 17] Procuramos as mais antigas marcas deixadas na terra, as mais arcaicas arquiteturas humanas sobre os territórios progressivamente humanizados. Aí tentamos encontrar a chave de um misterioso e poderoso processo evolutivo que vai assumindo uma velocidade de transporte cada vez mais vertiginosa. A morte, por vezes desenhada no solo, que, aparentemente, impede o evoluir de algo antes continuado, mais não faz que incrementar a velocidade inapelável do nosso movimento. Repousam os em lugares milenares.

Anta da Herdade da Gonçala. Pavia. Mora. 1986

Serra do Gerês. 2012
Moreira de Rei. Trancoso. 2012

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Valença

[pst 091] A cidade Galega de Tuy, situada na margem oposta do Minho, teve fundação muito antiga. Só no século XII, D. Sancho I, o Povoador, ordena, num gesto claro de salvaguarda da fronteira portuguesa, a fundação de Valença, quase em frente à cidade galega. Foi uma cidade constantemente assediada pela guerra desde tempos medievais. A guerra da Restauração não a poupou e as invasões napoleónicas também lhe deixaram cicatrizes. Serviu o Miguelismo, na guerra civil, até ser tomada pelas tropas liberais. Continuaria a ser palco de outros confrontos como a Revolta dos Marechais. Hoje, a memória da guerra mantém-se através do perímetro de muralhas que envolve a "vila velha".

Valença. 7 de outubro de 1996

domingo, 22 de novembro de 2015

Coluna 5. Polaridade

[inquéritos 16] Elementos que se erguem e marcam, referenciam. Identificam uma posição. Ordem pontual, no seio do caos. Um ramo e a leveza, insustentável. Um cruzeiro sobre uma pedra rachada, cortada, a religião que fica para trás, o fim da ideia de Deus, construída paulatinamente ao longo de anos, o fascinante mundo dos fragmentos de saber sobre os quais vamos erguendo uma civilização fascinante, delicada e violenta. Um marco de fronteira, o limite de um território que habitamos que se prolonga, igual, noutras direções. Linhas imaginárias, arquiteturas que lemos nas paisagens que queremos apreender.

Cabanas. Tavira. 2001

Castelo Rodrigo (prox.). Figueira de Castelo Rodrigo. 1994

Serra do Gerês. 2013

Pátio dos Reis. Lamego. 2013

Praia da Ursa. Sintra. 2012


terça-feira, 17 de novembro de 2015

Coluna 4. Direções

[inquéritos 15] Caminhar continuamente pelas paisagens infinitas. Procurar os pontos de atravessamento dos rios, ou seguir o seu curso, beber da sua água, mergulhar nas suas águas densas. Seguir na linha férrea desenhada e aberta no seu leito. Encontrar o mar revolto. Continuar a caminhar sobre os maiores desertos, pelas as cidades inomináveis. A passagem do tempo é a viagem limite entre lugares aparentemente estáticos num planeta imponderável.
 
Linha do Douro. Alegria. Carrazeda de Ansiães. 1994

Praia do Canal. Aljezur. 2014

Rio Douro. Miranda do Douro. 1987

Almeida. 2012

Herdade do Esporão. Reguengos de Monsaraz. 2008
 

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Ponte da Barca

[pst 090] Como Ponte de Lima, situada cerca de 17 km a jusante, Ponte da Barca está implantada na margem esquerda do rio Lima. Era um dos pontos de passagem do rio de quem, de Braga, se dirigia a Santiago de Compostela. A travessia do Lima era inicialmente feita por barca; só no século XV ou XVI seria construída a atual ponte.

Ponte da Barca. 7 de outubro de 1996
 

domingo, 15 de novembro de 2015

Coluna 3. O interior da terra

[inquéritos 14] O interior da terra, o medo, as metáforas de nós próprios, corpo. Há caminhos que penetram a escuridão e esta mostra-nos as texturas sublimes de outras superfícies como se o universo visível fosse composto de múltiplas camadas às quais se acede, muitas vezes, por caminhos fortuitos ou aleatórios. Encontros inesperados e sombrios sob um sol radioso.
Pomarão, prox.. Mértola. 2014

Serra de Montejunto. 2013

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Coluna 2. Mundo vegetal

[inquéritos 13] O mundo vegetal e outras espécies que nos precederam. Árvores, fascinantes criaturas presas ao solo, mundos complexos de vida, que geram vida em seu redor. São arquiteturas não humanas, espécies que permitem o aparecimento de outras espécies, substancialmente diferentes. Estruturas que se erguem para o céu, que virão a fornecer matéria prima para as primeiras construções humanas, efémeras. As árvores são uma companhia fixa no movimento das viagens.
 
Barreiros. Viseu. 2015

Grota. São Roque do Pico. 2008

Jardim Botânico. Lisboa. 2012

Alcafache, prox. Viseu. 2015
 

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Coluna 1*. As cidades

[inquéritos 12] Espaços civilizacionais. São as cidades que nos constroem, lugares para habitar, ancoragem humana, tempo presente e a infância, a alteração da face destes espaços no decurso do tempo. Somos construídos por cidades para, mais tarde, construirmos uma casa, eventualmente uma cidade. Procuramos a cidade perfeita, organizada, funcional. Encontramos sínteses complexas e contraditórias. Todo o Portugal. Viagens longas em caminhar solitário, campos de silêncio. *(O primeiro painel exposto em Guimarães está, 'informalmente', organizado por 17 colunas. Irão todas ser apresentadas aqui).

Viseu. 2010

Lisboa. 2012

Porto. 1989

Vila Real. 2014

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Ponte de Lima

[pst 089] Ao contrário da maioria das cidades portuguesas, que se situam na margem norte dos rios, Ponte de Lima localiza-se a sul do rio Lima. Era provavelmente cabeça de navegação e um ponto muito antigo de travessia do rio, que corre em leito largo e é atravessado por uma ponte com 380 m de extensão. Fora construída, inicialmente, pelos Romanos e era substancialmente mais curta mas, com o tempo, o leito do rio alterou-se e, no século XIV, aos cinco arcos previamente existentes são acrescentados mais quinze, fechados em ogiva. É uma das pontes que representam o domínio do homem sobre os muitos rios minhotos.

Ponte de Lima. 6 de junho de 1996

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Biografia reflexa

[inquéritos 11] Um primeiro núcleo de fotografias é composto por 60 fotografias, 17 colunas a definir um mosaico. Em vários momentos, ao longo de um percurso de quase 30 anos de fotografias, foi procurada uma síntese deste ofício, ou de vários fazeres e metodologias que convergem nas fotografias, ou nas palavras. Não havia nesta exposição essa olhar de dentro para fora, mostrar um pouco da relação com a terra, do caminhar. Este é um olhar sobre o reflexo menos visível de um labor onde ser e tempo se encontram.
Núcleo de abertura da exposição. Guimarães. 2015

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Três núcleos

[inquéritos 10] Nesta exposição dos Inquéritos estão presentes três núcleos de fotografias distintos e relevantes no trabalho que tenho desenvolvido em fotografia. Um primeiro, a abrir a exposição, imagens de processo, de certo modo biográfico, mas, sobretudo, são um olhar por dentro, de quem caminha sobre a terra ao mesmo tempo que vai fazendo fotografias. Talvez dito de modo inverso, fotografias de quem vai caminhando sobre um solo onde se digladiam cultura e natureza. Tudo isto num território restrito, mas não demasiado contido, Portugal. Um segundo núcleo é sobre a serra da Estrela, ou a síntese de 25 anos de fotografias. Para terminar um conjunto de cinco fotografias de fotografias de Orlando Ribeiro, captadas no Centro de Estudos Geográficos, em Lisboa em 1997 e reproduzidas no livro Orlando Ribeiro - seguido de uma viagem breve à Serra da Estrela. Chegou a pensar-se, ao invés do primeiro núcleo de fotografias, metodológicas, mostrar um conjunto de imagens feitas este ano no concelho de Viseu. São fotografias de um mundo rural em desagregação, em progressivo abandono, por vezes de espaços em processo involuntário, humano, de renaturalização. Estas imagens representariam o oposto relativamente às da serra da Estrela, os são mínimas as marcas de povoamento humano. Eram os dois extremos do povoamento do espaço português, da ausência ao abandono. Estas imagens de Viseu serão expostas em breve nessa cidade.
Núcleo de abertura (montagem). Guimarães. 2015

Núcleo Serra da Estrela (montagem). Guimarães. 2015

Núcleo Orlando Ribeiro (montagem). Guimarães. 2015





 

domingo, 8 de novembro de 2015

Refoios de Basto

[pst 088] As terras de Basto ocupam parte do território situado entre as serras da Cabreira e do Alvão e são atravessadas pelo rio Tâmega. Anunciam já a terra transmontana. O mosteiro de Refoios de Basto, opulento, assinala o ponto central da região. Representa o domínio da comunidade monástica sobre uma terra fecunda.

Refoios de Basto — Cabeceiras de Basto. 5 de junho de 1996.

sábado, 7 de novembro de 2015

Conhecer todos os lugares

[inquéritos 09] À semelhança da investigação histórica, que procura num número máximo de documentos a fundamentação da sua tese, a investigação no terreno terá que reconhecer um número máximo de lugares num território limitado. Só então poderemos caracterizar o espaço, seja quais forem as suas dimensões.
Exposição dos "Inquéritos". CIAJG. Guimarães. 2015


sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Dispositivo de leitura

[inquéritos 08] Quando se procura um país, o que podemos encontrar? O que se entende, aqui, por essa procura? Esta exposição dos Inquéritos é uma interpretação de Portugal pela imagem fotográfica ao longo de um período de cerca de 130 anos. É um lugar imaginário que se afasta, de algum modo, daquilo que representa, construindo um dispositivo de leitura. Espaços múltiplos explodidos.
Exposição dos "Inquéritos". CIAJG. Guimarães. 2015

Exposição dos "Inquéritos". CIAJG. Guimarães. 2015

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Paredes de Coura

[pst 087] Uma das características mais notórias da ocupação do solo minhoto é o povoamento disperso. Mesmo nas vilas, o centro urbano é muitas vezes apenas marcado pela volumetria da igreja paroquial. Este facto tem uma das origens na fertilidade dos solos, numa agricultura de regadio que exige a presença constante de quem a trabalha.

Paredes de Coura. 8 de março de 1996

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

A natureza fugidia da fotografia

[inquéritos 07] Na sua bidimensionalidade, a fotografia tem uma singular capacidade para a representação do espaço. É extremamente difícil definir a natureza da imagem fotográfica. Imagens retinianas fixadas por tempo indeterminado. Os processos digitais de captura, edição e arquivo da imagem, afastam a imagem da sua relação próxima com a pintura. Mas ainda estamos muito próximos da origem desta imagem nova, digital. Há o sentimento de que tudo está em transformação. Um arquivo fotográfico pode tornar-se num "lugar" múltiplo, desconstruido, aberto a um futuro breve desconhecido. Há que habitar esse lugar durante um período longo para percebermos como ele nos pode fazer alterar a relação que temos com o espaço-tempo. A fotografia existe entre o espaço real e o imaginário.
Exposição dos "Inquéritos". CIAJG. Guimarães. 2015

Exposição dos "Inquéritos". CIAJG. Guimarães. 2015

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Monumentalidade ausente

[inquéritos 06] Mesmo um certo Portugal aqui não representado, ou apenas pontualmente sugerido, monumental e mais óbvio, reafirma as opções de tornar visível um país aberto e em construção permanente. Há caminhos apontados, possíveis linhas evolutivas em face daquelas que são aqui mostradas. Há um puzzle enorme de peças aparentemente desconexas, mas que se unem de formas pouco óbvias.
Exposição dos "Inquéritos". CIAJG. Guimarães. 2015

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Melgaço

[pst 086] Subindo pela margem do Minho, à medida que nos afastamos do mar, encontramos uma série de povoações que foram antigas praças de armas destinadas a guarnecer a fronteira com a Galiza. Caminha, junto à foz do rio; Vila Nova de Cerveira; Valença, posto fronteiriço e porta aberta à Galiza; Monção e, mais a montante, já no sopé das grandes serranias, Melgaço. Era esta a antiga terra de Ribaminho onde, segundo a tradição lendária, existira uma grande cidade.

Melgaço. 7 de março de 1996