domingo, 31 de agosto de 2014

Nossa Senhora dos Remédios

[Linha do Tua 44] Sobranceiro à Linha do Tua e à estação de Vilarinho, sem que no entanto tenham contacto visual entre si, encontramos um conjunto religioso, o santuário de romaria de Nossa Senhora dos Remédios. O seu valor deve-se não tanto à sua arquitetura (embora esta não deixe de ser interessante), mas, sobretudo, ao contexto paisagístico envolvente. Está localizado no topo de uma elevação a que se se acede por um estradão de terra, e daí podemos observar uma área muito extensa. Trata-se de um ponto privilegiado para observação da paisagem, para a leitura do lugar e das suas variações. Sensivelmente na direção do sol nascente, vemos dois maciços orográficos elevados, dois grandes afloramentos rochosos de crista constituída por penedos ciclópicos, entre os quais o rio Tua abriu o seu curso. São os primeiros pontos de um enrugamento da paisagem que se vai acentuar para norte. Se para leste estes cerros constituem um obstáculo visual, em todas as outras direções a visão que se colhe é muito abrangente e elucidativa sobre as formas de povoamento da Terra Quente Transmontana, quer no que se refere à ocupação do solo agrícola, quer no que toca aos seus povoados. O santuário, que reforça a sacralidade deste ponto num território abrangente, é constituído por dois edifícios e por um pequeno coreto. Os edifícios, a Capela de Nossa Senhora dos Remédios e a Casa dos Milagres, localizam-se no extremo sul do pequeno plateau que existe no topo deste cabeço. O santuário recebe uma importante romaria no primeiro domingo de Setembro de cada ano – e não se sabe ao certo quando começou a tradição, mas há registos que indicam que já se realizava no século xvii. A Casa dos Milagres, nome sugestivo da crença que as populações da região depositam no santuário, alberga um interessante conjunto de ex-votos, na sua maioria recentes.
Santuário de Nossa Senhora dos Remédios. 2003


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Marofa

[20-29jul2014_mondego-guimarães-amarela 11] A serra da Marofa é, a partir do seu ponto mais elevado, um extraordinário miradouro sobre a paisagem envolvente, particularmente na direção nascente. Um pouco abaixo desse ponto alto, povoado por um santuário religioso, existem, visíveis, afloramentos quartzíticos que nos mostram a matéria de que, em parte, é feita a montanha.
Serra da Marofa. 21 de julho de 2014



terça-feira, 26 de agosto de 2014

Vilarinho das Azenhas

[Linha do Tua 43] A estação de Vilarinho localiza-se cerca de quatro quilómetros a montante de Ribeirinha e é composta pela totalidade dos elementos-base das estações desta linha – com o edifício da estação propriamente dito, um pequeno anexo para instalações sanitárias e um armazém de mercadorias. À semelhança dos anteriores edifícios das estações, também este apresenta alguma variação na disposição dos vãos, das portas e janelas. A povoação de Vilarinho das Azenhas dista menos de um quilómetro da estação, e o acesso faz-se por uma estrada que define também a estrutura longitudinal da urbe.





segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Montanha rasgada

[20-29jul2014_mondego-guimarães-amarela 10] Os edifícios enigmáticos, abandonados, que encontrávamos na serra, nas proximidades do farol, eram estruturas ligadas a uma extensa pedreira para produção de cimento, que hoje desativada. Deixou uma extensa cicatriz na serra. Os antigos edifícios industriais mantêm uma singular dignidade.

Cabo Mondego. 20 de julho de 2014




quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A nova paisagem

[Linha do Tua 42] Depois de Ribeirinha, a linha vai infletir para este. Na margem direita, separadas pela ribeira de Orelhão, afluente do Tua, localizam-se as povoações de Longra e Bercel, esta última uma sede de freguesia do concelho de Mirandela. Permanecemos no itinerário, que está agora em terras de Vila Flor, sede de concelho de onde distamos cerca de 12 quilómetros. Se a paisagem anteriormente era dominada pelo pinhal e pelo mato, passamos agora a observar árvores características das margens dos rios, como sejam o amieiro ou o choupo-negro. O uso do solo é mais intensivo, e a esse uso estão associados pequenos edifícios de carácter rural. Tais construções apresentam, muitas vezes, qualidades arquitectónicas singulares, reforçadas pela capacidade de se integrarem na paisagem, graças ao facto de serem edificadas com os materiais que dominam na região, como o granito ou o xisto. Aqui, as parcelas de exploração agrícola são, quase sempre, de dimensão reduzida. O olival é muito frequente e, em muitos locais, aproxima-se da via-férrea. Mas a vinha, a amendoeira e algumas árvores de fruto, com domínio das cerejeiras, estão também muito presentes. A finalizar este mosaico de ocupação agrícola temos também alguns campos de cereais e pastos para o gado. As parcelas são muito diversificadas e acompanham, de forma harmoniosa, as variações de um relevo com formas predominantemente arredondadas e erodidas. Esta visão de conjunto da paisagem envolvente à linha era invisível até agora, e descobrimo-lo com espanto. No entanto, a linha parece indiferente a essa mudança e mantém a identidade no desenho das suas estações e apeadeiros, só quebrada pontualmente num ou noutro edifício.




quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Horizontais riscadas

[20-29jul2014_mondego-guimarães-amarela 09] Caminhando de norte para sul, as arribas rochosas dão lugar a planos horizontais muito erodidos pela ação do mar. São superfícies horizontais riscadas pelas mesma inclinação das sucessivas placas calcárias. É nestes planos que encontramos uma quantidade assinalável de fósseis.
 
Cabo Mondego. 20 de julho de 2014









terça-feira, 19 de agosto de 2014

A Terra Quente

[Linha do Tua 41] A partir de Ribeirinha há um vale que se abre, daqui para norte, a linha continua a acompanhar o rio ao longo da sua margem esquerda; o vale do Tua perde progressivamente o carácter de um desfiladeiro profundo para se desenvolver com margens menos íngremes. A fisionomia da paisagem também se altera – estamos agora na Terra Quente Transmontana. Nos primeiros quilómetros do percurso, o clima tinha características mediterrâneas, mas, devido ao terreno acidentado e à imagem austera da paisagem, parecia estarmos perto do cume de uma região montanhosa. Apesar de ser considerada uma linha de montanha, a Linha do Tua desenvolve-se, no seu troço inicial, muito próximo do nível das águas do mar. É esta ilusão de altitude, conferida pelo relevo, que a torna tão singular. À medida que a linha corre para norte, apesar de estarmos a subir de cota, chegamos a terras com uma configuração tranquila, amenizada por um relevo de ondulações esbatidas, ainda que no horizonte se recortem alguns picos elevados, para os quais a linha se dirige.




segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Ondas

[20-29jul2014_mondego-guimarães-amarela 08] Não há muitos locais onde podemos observar em proximidade e segurança a violência da rebentação das ondas, o encontro do grande Atlântico com a terra.
Cabo Mondego. 20 de julho de 2014






domingo, 17 de agosto de 2014

Ribeirinha

[Linha do Tua 40] Numa paisagem de contornos suaves, que nos acolhe com um olival, chegamos à estação de Ribeirinha. É o ponto terminal desta primeira etapa de subida e descrição da Linha do Tua. A povoação é de reduzidas dimensões e desenvolve-se ao longo da linha do comboio. O pequeno edifício da estação, cujo alçado principal apresenta um desenho simétrico, composto por duas portas e uma janela centrada, está no centro do cais de embarque. Uma capela com expressão contemporânea, feita com os materiais construtivos da região, parece querer marcar uma diferença neste itinerário entre o Tua e Mirandela.




sábado, 16 de agosto de 2014

Rochas polidas pelas ondas

[20-29jul2014_mondego-guimarães-amarela 07] Os detalhes da pedra, do seu encontro com o mar, as marcas da erosão das marés, dão o polimento das rochas e revelam os fósseis. Na areia há outros detalhes em permanente mutação.
Cabo Mondego. 20 de julho de 2014




sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Vale de Mar

[Linha do Tua 39] Ao quilómetro 32, encontramos um curioso topónimo: Vale de Mar. É o local onde o rio se abre definitivamente, no sentido em que sobe a linha. Mas este topónimo também encerra alguma ironia. Se a barragem de Foz-Tua fosse construída à cota mais elevada que está prevista, com o nível das águas da albufeira a 195 metros, é aqui que abre esse grande mar. Se tal acontecesse, todo o trajeto percorrido até este ponto ficará sob as águas da albufeira, submergindo o mais interessante troço de toda a rede ferroviária portuguesa. Há nesta situação alguma analogia com o vale do Côa, que na segunda metade da década de 1990 se viu no centro de uma polémica também associada à construção de uma barragem, na altura já em obra, quando foi divulgado um importante conjunto de gravuras rupestres, únicas no mundo, datadas do Paleolítico Superior.



quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Lâminas de pedra

Junto ao mar encontramos as mesmas lâminas calcárias que observáramos no alto da serra, nas suas vertentes.
Cabo Mondego. 20 de julho de 2014