sábado, 30 de setembro de 2017

Igreja de S. Pedro — Lourosa

[pst 331] Muitas das pedras das paredes da igreja de São Pedro contêm marcas de tempos passados, como se procedessem de edifícios romanos, visigodos ou árabes. Todos estes povos estiveram no lugar de Lourosa. Uma lápide que se encontra sobre a porta de acesso ao templo ostenta, inscrita, a data da sua fundação: "era de 950". Sendo esta a era de César, corresponde ao ano de 912 da era cristã. Este é um dos raros edifícios religiosos pré-românicos existentes em Portugal.

330. Igreja de S. Pedro  —  Lourosa. Oliveira do Hospital.  26 de junho de 1996

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Castelo de Vilar Maior

[pst 330] Em termos de arquitetura militar é um dos castelos mais notáveis e certamente dos mais arcaicos da região. Está implantado no topo norte de uma elevação, deixando a sul uma área relativamente plana, para onde orienta a torre de menagem. O perímetro das muralhas, de planta circular, é tangencial à torre, conferindo-lhe a autonomia de uma residência senhorial medieval.

329. Castelo de Vilar Maior. Sabugal. 7 de agosto de 1996

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Casa da Prova

[pst 329] A Casa da Prova foi construída em meados do século XVIII. Apesar da decoração barroca do portal da capela, centrada no alçado principal, apresenta um ar austero, conferido pela nudez da sua pedra granítica e pela forma compacta e simétrica da sua fachada. É um notável exemplar de um palácio senhorial beirão da época barroca.

328. Casa da Prova — Prova. Meda. 7 de julho de 1996

Freineda

[pst 328] No adro da igreja da Freineda está localizada uma residência de carácter senhorial, de linhas sóbrias e qualidade arquitetónica, e de admirável implantação no espaço do terreiro. Ao lado do portal da antiga capela, uma lápide indica ter sido ali o Quartel General de Lord Wellington, Marquês de Torres Vedras, comandante-chefe luso-britânico, entre Novembro de 1812 e Maio de 1813. Lord Wellington foi o mais destacado comandante militar na luta contra as invasões francesas, não só em Portugal como na Europa. À frente do exército aliado, em 1815, vence a célebre Batalha de Waterloo, deitando definitivamente por terra os sonhos imperialistas de Napoleão Bonaparte.

327. Freineda. Almeida. 8 de julho de 1996

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Solar dos Távoras — Souro Pires

[pst 327] O Solar dos Távoras foi construído no século XV e é um belo exemplar da casa senhorial do fim da Idade Média. As grandes e regulares paredes e o número escasso de aberturas são características da casa senhorial medieval, mas o tratamento dessas aberturas é já tipicamente renascentista. Os Távoras formavam uma das famílias mais poderosas do reino no século XVIII. A 3 de Setembro de 1758, o rei D. José é alvo de um atentado, sendo o duque de Aveiro e os Távoras acusados de serem os principais mentores de tal ato. Em Dezembro do mesmo ano são detidos e no mês seguinte são executados o duque de Aveiro e vários Távoras. O envolvimento do duque deu-se como provado, mas a inocência dos Távoras era dada como certa e as suas mortes suscitaram vivas reações na Europa ilustrada. A execução serviu para dissuadir qualquer tentativa de contestação da política despótica do Marquês.


326. Solar dos Távoras — Souro Pires. Pinhel. 8 de julho de 1996

Torre de Vilharigues

[pst 326] Do seu alto alcançava-se um panorama abrangente sobre o vale de Lafões, terra cobiçada e de forte e antiga ocupação. A Torre localiza-se no cume de um pequeno outeiro, no sopé do qual se desenvolve a aldeia de Vilharigues. Está hoje parcialmente arruinada, em virtude de a construção da capela de Santo Amaro ter utilizado as cantarias de duas das suas quatro paredes.

325. Torre de Vilharigues. Vouzela. 21 de fevereiro de 1996

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Aguiar da Beira

[pst 325] Foi palco de lutas sangrentas na época da Reconquista. Em data desconhecida Afonso Henriques concede-lhe Foral, confirmado por D. Afonso II, em 1220, confirmado por D. Afonso III e, mais tarde, substituído por outro manuelino, no ano de 1512. Conserva o Pelourinho relativo a esta última Carta de Foral, integrado no conjunto monumental coevo, definido pela fonte e pela torre.

324. Aguiar da Beira. 23 de fevereiro de 1996

Igreja da Misericórdia — Alfaiates

[pst 324] O topónimo é de origem árabe mas os Romanos também devem ter passado por aqui. Foi sede de um concelho medieval onde se aplicaram os foros longos da região de Riba Côa, então em terras leonesas. A versão dos foros de Alfaiates é a mais primitiva de todas as do mesmo conjunto de textos, numa época em que as povoações da região desempenhavam um papel importante nas lutas de fronteira. Afonso IX de Leão deu-lhe o nome de Castillo de Luna. Integrou o dote da rainha Santa Isabel. D. Dinis ordena a reconstrução do castelo, em 1297, e restitui-lhe o nome primitivo. O castelo volta a ser reedificado por D. Manuel. Em 27 de Setembro de 1811 travou-se em Alfaiates um violento combate entre os exércitos anglo-luso e napoleónico.

323. Igreja da Misericórdia — Alfaiates. Sabugal. 27 de julho de 1995

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Igreja de Ermida do Paiva

[pst 323] A Ermida do Paiva ergue-se junto ao rio Paiva, a noroeste de Castro Daire. É um templo românico edificado, provavelmente em finais do século XII, por dois franceses cónegos regrantes de Santo Agostinho, da reforma premonstratense. É o único templo desta ordem em Portugal. É também conhecido por templo das siglas, por as pedras das suas paredes apresentarem numerosas, e sempre diferentes, siglas de pedreiro.

322. Igreja de Ermida do Paiva. Castro Daire. 19 de agosto de 1996

domingo, 24 de setembro de 2017

Igreja de S. João de Tarouca

[pst 322] O mosteiro de S. João de Tarouca foi edificado na margem esquerda do rio Varosa, ao pé do rebordo planáltico que contribui para a definição do clima regional do Douro vinhateiro. Fundado pouco antes de 1144, foi a primeira casa religiosa da Ordem de Cister implantada em Portugal. Diz a lenda que D. Afonso Henriques lhe concedeu carta de couto como recompensa ao auxílio prestado pelos frades na tomada de Trancoso aos Mouros. A igreja, que teve diversas alterações ao longo do tempo, começou a ser construída algumas dezenas de anos depois.

321. Igreja de S. João de Tarouca. 4 de outubro de 1996

sábado, 23 de setembro de 2017

Palácio de Cristovão de Moura — Castelo Rodrigo

[pst 321] No ponto mais elevado da povoação observamos as ruínas daquilo que foi um majestoso palácio. Aqui residiu Cristovão de Moura, que foi, durante a dinastia filipina, embaixador de Castela em Portugal. Em 1594 é agraciado com o título de conde de Castelo Rodrigo, quatro anos mais tarde com o de marquês e, em 1600, com o de vice-rei de Portugal. Com a Restauração, em 1 de Dezembro de 1640, o povo toma o palácio e chega-lhe fogo, destruindo-o completamente.

320. Palácio de Cristovão de Moura — Castelo Rodrigo. Figueira de Castelo Rodrigo. 4 de agosto de 1989

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Santuário de Nossa Senhora da Lapa

[pst 320] O santuário serrano de Nossa Senhora da Lapa recebe uma das maiores festas de romaria da região. São os lugares do homem rural da Beira, são as terras do Demo, que percorrem a geografia literária de Aquilino Ribeiro.

319. Santuário de Nossa Senhora da Lapa. Sernancelhe. 4 de outubro de 1996

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Sabugal

[pst 319] O Sabugal situa-se na margem direita do Côa onde, numa pequena elevação, foi construído o castelo. Esta obra de arquitetura militar é de tipo alcáçova e a sua torre, com 28 metros de altura, é de planta pentagonal.

318. Sabugal. 25 de julho de1995

Muralha — Almeida

[pst 318] "Formidável reduto histórico, chegou a ser a segunda fortaleza de Portugal, depois de Elvas e antes de Valença. A configuração presente, espectacular formato de estrela em doze aguerridos baluartes e revelins, é dos finais do século dezoito mas foi sofrendo anteriormente, através da história, inúmeras modificações até se apresentar com a assombrosa blindagem actual". (Francisco Hipólito Raposo, Beira Alta). Pelo seu desenho regular, escala e qualidade da construção é dos mais extraordinários espaços de guerra de Portugal.

317. Muralha — Almeida. 26 de julho de 1996

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Casarão da Torre — Almofala

[pst 317] O Casarão da Torre ou Torre de Almofala, ergue-se no cimo de uma colina de uma região planáltica. Foi construído como templo romano, de que ainda é claramente visível o embasamento ou podium. Embora hoje a torre se encontre isolada, é provável que em seu redor tivesse existido um pequeno povoado, com o nome de Torre dos Frades. Durante a Guerra da Restauração, na altura da batalha de Castelo Rodrigo, o lugar é destruído e o sítio fica, a partir de então, definitivamente abandonado.

316. Casarão da Torre — Almofala. Figueira de Castelo Rodrigo.  29 de dezembro de 1996

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Anta-Capela da Senhora do Monte

[pst 316] A construção da capela de Nossa Senhora do Monte deixou intacta a estrutura dolménica, que reaproveitou para capela-mor do novo espaço religioso. Embora em ruína avançada é, certamente, uma das mais extraordinárias convivências entre dois tipos distintos de culto e separados por um hiato temporal de alguns milhares de anos. Em situações semelhantes existentes no País, apenas é utilizada a câmara do antigo monumento fúnebre, sendo destruído o corredor. Aqui mantêm-se intactas a câmara, a lage de cobertura e o corredor da primitiva anta.

315. Anta-Capela da Senhora do Monte. Penedono. 7 de julho de 1996

Capela — Portas de Montemuro

[pst 315] A designação de Portas de Montemuro é dada à portela que define o ponto mais favorável de atravessamento da serra de Montemuro, importante maciço serrano, de transição entre o norte da Beira e o vale do Douro. A estrada que passa pelo local tem certamente raízes antigas, pois aí próximo existem vestígios de uma grande fortificação do período castrejo. Uma pequena capela, rodeada de muros, sacraliza o lugar.

314. Capela — Portas de Montemuro. Castro Daire. 27 de janeiro de 1996

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Alto da Serra, Queiriz

[pst 314] "A Beira Alta é um vasto planalto rodeado de montanhas. Quem percorrer a parte central da velha província caminha por uma sucessão ininterrupta de cerros e vales; mas do alto da Estrela, ou de qualquer bom miradouro natural, a impressão de conjunto é a de uma plataforma com os cimos abrangidos pelo mesmo plano, abaixo do qual se abrem os sulcos do Mondego e seus tributários (Dão principalmente), do Vouga e do Paiva, afluente do Douro". (Orlando Ribeiro, Guia de Portugal).

313. Alto da Serra, Queiriz. Fornos de Algodres. 28 de fevereiro de 1996

domingo, 17 de setembro de 2017

Rio Dão, Castelo de Penalva

[pst 313] O rio Dão nasce pouco a norte da aldeia de Eirado, no concelho de Aguiar da Beira, próximo da cumeeira que separa as bacias hidrográficas do Douro e do Mondego. É o mais importante afluente deste último e uma importante referência geográfica do território norte da Beira.

312. Rio Dão, Castelo de Penalva. Penalva do Castelo. 24 de fevereiro de 1996

sábado, 16 de setembro de 2017

Anfiteatro romano — Bobadela

[pst 312] Situava-se na via que ligava Mérida a Braga, mas ainda não é conhecido o antigo nome de Bobadela. Foi certamente uma importante cidade romana, a avaliar pelos vestígios arqueológicos que conserva e, também, por uma inscrição que a refere como sendo civitas splendissima. O anfiteatro foi dos últimos vestígios deste povoado a ser descoberto. É certamente dos mais importantes elementos arquitetónicos do lugar, bem como da presença dos Romanos no território que é hoje Portugal.

311. Anfiteatro romano — Bobadela. Oliveira do Hospital.  26 de junho de 1994

Lagareta — Parada de Gonta

[pst 311] As lagaretas são cavidades escavadas na rocha, onde era pisada a uva e recolhido o vinho. Existem em vários locais, estando algumas mais isoladas do que outras, que se encontram próximo de estruturas castrejas. Por trás da igreja paroquial de Parada de Gonta, localiza-se uma um pouco descontextualizada, em virtude do sucessivo alargamento de caminhos que a circundam. Mantém, no entanto, a sua forma original.


310. Lagareta — Parada de Gonta. Tondela. 4 de outubro de 1996

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Termas de S. Pedro do Sul

[pst 310] As virtudes curativas daquelas águas já eram conhecidas na época romana, sendo então o lugar designado por Balneum. Deste tempo são visíveis os vestígios de uma estrutura grandiosa. D. Afonso Henriques foi às Caldas de Alafões, pela primeira vez em 1169, para se curar de uma perna partida que o colocou definitivamente fora dos campos de batalha. Concedeu nessa altura cartas de foral e outras doações à povoação de Banho, forma como era conhecido nessa altura o lugar. Das suas nascentes, próximas da margem esquerda do Vouga, continua a brotar uma água sulfurosa e radioativa, que é das mais procuradas de todo o País.

309. Termas de S. Pedro do Sul. S. Pedro do Sul. 18 de maio de 1996

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Castelo Mendo

[pst 309] Como tantos outras praças de armas raianas, Castelo Mendo, situado na margem esquerda do Côa, teve certamente um papel importante na defesa da fronteira portuguesa contra as incursões castelhanas. Foi-lhe entregue uma carta de Foral pelo rei D. Sancho II, em 1229, e outra por D. Manuel, em 1510. Quando se deu a reforma administrativa, no século XIX,  já a povoação se devia encontrar em franco declínio, sendo-lhe retirados então os poderes municipais que ainda detinha.

308. Castelo Mendo. Almeida. 6 de agosto de 1989

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Ponte de Sequeiros

[pst 308] À semelhança da ponte de Ucanha, na região do Douro, também a ponte de Sequeiros, sobre o rio Côa, apresenta uma torre numa das suas extremidades, destinada, em tempos idos, à cobrança de um imposto de portagem. A qualidade da construção reflete certamente a importância de uma via que, entretanto, se perdeu. Imperturbável, permanece a ligar duas margens de silêncio.

307. Ponte de Sequeiros, Vale Longo. Sabugal. 7 de agosto de 1996

Calçada romana de Coimbrões

[pst 307] A via romana de Coimbrões foi aberta por Cláudio, no ano 54 da nossa era. Hoje constitui um dos troços mais bem preservados, deste tipo de via, em Portugal. Integrava a estrada que saía de Viseu para sudoeste, de que se conhecem vários troços. A grande perfeição da sua construção contribuiu certamente para que, ainda hoje, se encontre em ótimo estado de conservação.

306. Calçada romana de Coimbrões. Viseu. 18 de maio de 1996

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Pedra da Lufinha, Ribafeita

[pst 306] A existência de gravuras rupestres é frequente no território da Beira. A representação de espirais, círculos e formas quadrangulares, é um dos motivos mais abundantes. São uma "escrita" de difícil, ou mesmo impossível, decifração. As que nos chegaram encontram-se muitas vezes em lugares isolados, distantes de outras manifestações contemporâneas, como acontece com a pedra da Lufinha, tornando ainda mais difícil a sua interpretação.

305. Pedra da Lufinha, Ribafeita. Viseu. 13 de abril de 1996

Sepultura antropomórfica — Cabanas de Viriato

[pst 305] Os habitantes de Cabanas de Viriato afirmam que o topónimo é devido ao nascimento do célebre guerreiro lusitano naquela terra. O núcleo de sepulturas antropomórficas existente num afloramento granítico, próximo do actual cemitério, comprova o povoamento do lugar desde tempos remotos. Não está, contudo, provado o nascimento ou a presença de Viriato por aquelas paragens. Por terras da Beira andou seguramente o caudilho lusitano, mas pouco mais se sabe desse homem que, como nenhum outro, lutou contra os Romanos a ponto de o seu nome e a sua fama se terem perpetuado através do tempo.

304. Sepultura antropomórfica — Cabanas de Viriato. Carregal do Sal. 21 de fevereiro de 1996

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Nogueira do Cravo. Oliveira do Hospital

[pst 304] Em Nogueira do Cravo, implantado sobre um enorme penedo granítico, encontramos um enigmático edifício. É uma construção sólida, com a aparência de uma torre ou de uma atalaia, com poucas aberturas para o exterior. As suas paredes e o seu desenho deixaram visíveis vários e remotos tempos de construção.

303. Nogueira do Cravo. Oliveira do Hospital. 26 de junho de 1996

domingo, 10 de setembro de 2017

Muralha — Sortelha

[pst 303] O castelo de Sortelha foi erguido numa área serrana, granítica, de transição entre as terras baixas, quentes e secas, da Beira Baixa, e os planaltos de inverno rude do Norte interior de Portugal. O castelo de Sortelha enuncia esta terra limite, muito procurada e muito guerreada. É um território de múltiplas muralhas que ostentam uma grandiosidade construída para defender a povoação de exércitos predadores e, mais tarde, para garantir a perenidade de um Estado soberano.

302. Muralha — Sortelha. Sabugal. 29 de fevereiro de 1996

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Depois de um copo de vinho

[esporão 51] Olhamos natureza dentro do seu coração, o homem na sua caminhada para o entendimento do mundo e de si próprio. São leituras do tempo e do espaço. Daqui levamos um copo de vinho e a tentativa de “captura” de um mundo fascinante, momentos duros, também, porque a vida é ainda sobrevivência continuada, o diálogo com o futuro sempre inesperado, incógnito, passos tateantes, experimentais, evolutivos, em adaptação permanente a um mundo sempre em mudança. [Esta é a última publicação desta série dedicada à Esporão].
Herdade dos Perdigões, Esporão, Reguengos de Monsaraz. 26 de junho de 2017

quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Pão, azeite e vinho

[esporão 50] Não sou enólogo nem tão pouco um consumidor regular de vinho, não deixando, no entanto, de ser um apreciador deste tão fiel espelho da terra, quando trabalhado por mãos sábias. O pão, o azeite e o vinho são elementos chave de uma civilização, de uma diferenciação, de uma cultura. Um modo de vida, uma postura perante a terra, o não querer abdicar desta matriz, que não é de arcaísmo, mas de lealdade a um modelo civilizacional que funda num passado remoto, um desejo de futuro equilibrado, integrado na natureza. É o assumir e compreender que, enquanto não nos for possível partir para a colonização de outros corpos celestes, é deste planeta Terra que dependemos para continuar um sonho humano civilizacional, um mundo melhor para os nossos filhos, sobretudo para todos os seres vivos com quem partilhamos terra e mar. Deitados no solo, em campo aberto, em noite estrelada, olhamos o infinito próximo.
Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 15 de novembro de 2016

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Brinde

[esporão 49] Brindamos à grande viagem da vida, aos lugares, a quem nos rodeia e que amamos, aos que a nós, no passado, nos ergueram como seres humanos, a esta viagem fascinante e inquietante num planeta onde se desenvolveu este extraordinariamente complexo processo que é a vida, de onde, em tempos relativamente recentes, uma espécie se ergueu em linguagem para ao mesmo que descontroladamente parece querer exterminar todas as espécies amigas, constrói um mundo racional, entre a arte do sublime e a leitura do universo.

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Viagem e captura

[esporão 48] Continuar as viagens que cada imagem proporciona. Há a dispersão por uma miríade de memórias que associamos às fotografias. As imagens fixam o tempo e o espaço da sua captura. Tudo entretanto se transforma. Este é um dos fascínios de um trabalho como este: documentar a passagem de tempo espelhada na terra, no verde, no edificado, na nossa própria face, ausente nas fotografia. É deixado um rasto material de memória, algum saber adquirido, uma incontida curiosidade pelo futuro, desejo de vida e de comunicar, partilhar, esse sentimento.

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 25 de junho de 2017

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 25 de junho de 2017

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Viagem singular

[esporão 47] Há um grande prazer nesta viagem singular. Um brinde à vida, com um bom vinho, que nos liberta para os territórios da imaginação, não apenas em torno do Esporão, mas a uma ideia vasta de liberdade, de humanidade, o prazer de respirar, a consciência crítica e lúcida sobre o mundo que habitamos. Um respeito incondicional pela natureza que integramos e da qual dependemos para sobreviver.

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 25 de junho de 2017

domingo, 3 de setembro de 2017

Expor a noite

[esporão 46] A noite mais luminosa foi, também, uma exposição na Adega dos Lagares, na Herdade do Esporão por ocasião do Dia Grande de 2017. Foi o mostrar uma pequena seleção de 7 fotografias dessa noite passada na Herdade a registar a paisagem tocada pela luz do luar.

Herdade do Esporão, Reguengos de Monsaraz. 25 de junho de 2017