[arquivo cidade 026] No dia 28 de outubro de 2016 sou convidado para ir apresentar o trabalho desenvolvido à aldeia da Lisga. Levo comigo um documento preparado com as fotografias da exposição que acabava de ser montada em Sarzedas. Provavelmente esta população envelhecida e com pouca capacidade de transporte, não se deslocará a Sarzedas, até ao final do ano. Depois de uma breve apresentação do trabalho, feita por Carlos Semedo, promotor do evento, e pela presidente da Junta de Freguesia de Sarzedas, Celeste Rodrigues, avanço para a projeção das imagens. Nunca no passado tivera a oportunidade de falar com uma população que nada tem de próximo com este género de registo. O ruído das conversas e comentários alterna com o silêncio. Vou avançando com a projeção e os comentários pontuais às imagens. Da apreensão inicial, pela especificidade do público, rapidamente me apercebo que há uma identificação com as imagens, com os lugares que elas representam. Há o reconhecimento da terra por alguém que vem de fora e se fixa em fatores aparentemente insignificantes, mas que dizem muito àquela população. De uma forma inesperada, encontro no olhar e nas palavras daquelas pessoas, algo do sentido mais profundo do que eu próprio procuro no meu trabalho: a representação da terra, a identificação e o reconhecimento dos lugares, a materialização de uma “geografia” própria, a convicção de que o conhecimento dos lugares e das formas sábias da sua sobrevivência são elementos chave para o desenho de uma mundo mais qualificado, informado e livre. Fotografias que tentam captar a estrutura e a face dos lugares, das povoações e das paisagens.
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Ribeira do Alvito, Sesmo, prox., Sarzedas, Castelo Branco. 2016 |
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Sesmo, Sarzedas, Castelo Branco. 2016 |
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