quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Serpentes

[arquivo cidade 041] Hoje, Portugal tem uma rede de estradas qualificada. As auto estradas parecem-se com os componentes de um computador onde a informação circula a velocidades luminosas. Uma imagem relativamente homogénea e equilibrada, no jogo de forças entre o povoamento humano e a natureza, mostrou-nos, no passado, um país onde a arquitetura popular era a face dessa realidade aparentemente eterna. Atualmente lemos um país com enormes cicatrizes deixadas no solo, a par de construções recentes, do desejo de povoar, de desenhar. A arquitetura popular foi abandonada. A Lisga é um lugar que se sente afastado, mas que acaba por estar em ligação com tudo. As estradas são hoje linhas de fuga e de aproximação, de visitas breves, serpentes, muito mais do que artérias de vida entre comunidades vizinhas ou afastadas. São os territórios onde nunca estamos, que se escondem em recantos insuspeitos.
 
Lisga, prox. Sarzedas, Castelo Branco. 2016
 

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