quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Os caminhos que partem do último lugar

[arquivo cidade 036] O “fim” da arquitetura popular tradicional poderia ser interpretado como uma derrota. Não há perdedores, há um movimento civilizacional imparável. É um ciclo de habitar que chega ao fim, que deixa no solo as ruínas do seu “esplendor” passado. Foram desenvolvidas soluções arquitetónicas de grande equilíbrio e qualidade de desenho. Eram formas que respondiam a problemas concretos, saídas para necessidades prementes, muitas vezes de sobrevivência. O Inquérito à Arquitetura Popular em Portugal, coordenado pelo arquiteto Francisco Keil do Amaral, então presidente do Sindicato Nacional dos Arquitetos, é um tributo a esse mundo. É um registo feito entre 1955 e 1960 que capta uma civilização à beira do seu colapso. Legitima uma fonte de inspiração e de liberdade para o modernismo arquitetónico que, tardiamente, despontava de forma generalizada em Portugal e que procurava a sua internacionalização. Era como se a própria arquitetura tradicional aguardasse esta passagem de mensagem e de testemunho para implodir. 
Ficalho, Sarzedas, Castelo Branco. 2016

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