quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Ser aluno

[Botelho 04] Estas palavras e estas fotografias não podem deixar de ser uma interpretação pessoal e a manifestação de perplexidade perante um reencontro inusitado. Conheci Manuel Botelho há 35 anos. Fui seu aluno no meu primeiro ano do curso de arquitetura na Universidade do Porto, no ano letivo de 1986-1987. Era professor de Projeto, a mais importante cadeira do curso. Com Manuel Botelho éramos, seus alunos, conduzidos pela descoberta do desenho, pelas possibilidades quase ilimitadas da forma arquitetónica, do jogo de volumetrias, pelas complexas relações espaciais com que temos que lidar. A maior parte de nós entrava ali num mundo desconhecido, belo, difícil e apelativo. Éramos levados pela incessante procura de uma ideia de clareza, de ausência de ruído, da imensa nobreza, solenidade mesmo, da obra arquitetónica, onde não faltava a interrogação, elementos de descontinuidade, a perturbação intencional da ordem óbvia. 

Manuel Botelho em Pavia, Mora. 1987

 

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