domingo, 20 de fevereiro de 2022

Rio abstrato

[Douro-Côa 13] Este é o grande vale do Douro. Estamos como que num lugar secreto muito afastado do seu caudal principal. Era como se nestas micro paisagens de espanto encontrasse uma representação de um planeta inteiro, mesmo do universo. Aqui o rio perde a sua especificidade para se transformar numa abstração. O rio é como uma via láctea, uma enorme constelação de pontos que precisamos de conhecer para descodificarmos as dimensões do espaço e do tempo da nossa existência, ou a chave para a pacificação dos dias vindouros. É como se aqui encontrássemos o "último" lugar, que, percebemos então, não é uma terra, um sítio determinado, mas o encontro do tempo com o espaço numa única dimensão.

Serra da Porreira, Poiares, Freixo de Espada à Cinta, 2019

 

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