[Botelho 02] Há, na obra de Manuel Botelho, um movimento subtil. Há um transporte para fora da arquitetura, ou, para uma descentralização desse conceito disciplinar. Uma reflexão filosófica, de extrema liberdade, sobre a linha difusa, ténue, que separa matéria e pensamento. Interrogação sobre o espaço e o tempo do habitar humano, sobre uma condição de ser e de estar. Há, nesta arquitetura, uma ideia de jogo materializado no requinte do desenho, na subtileza estranha de um gesto inusitado que percorre todas as escalas. Esse jogo é o caminho da procura infinita, ou apenas detida pela necessidade de impor limites, que são as peças finais do projeto de execução. É um jogo sem regras, aparentemente estranho, individual. O tabuleiro é o território. Ou uma cidade que não é apenas feita de edifícios, ruas, jardins, que está para além das formas, da matéria, que é o desenho do futuro, sempre aberto e imprevisível, elaborado com a inquietante obsessão da materialização do indizível.
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Casa do Poço, Lamego. dg1076622. 2021 |
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Casa de Valadares, Vila Nova de Gaia. dg1074103. 2021 |
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Casa do Porto. dg1070731. 2021 |
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