[Douro-Côa 16] Chegado à foz da ribeira de Massueime, enveredei pelo seu vale, primeiro a uma cota elevada, depois consegui descer para o leito. Estava agora com a sensação de um profundo isolamento, acentuado pelo declive das margens. Havia momentos em que a única possibilidade de progressão ribeira acima era pela água. As dificuldades foram-se avolumando com o passar das horas. A dado passo não via o fundo da ribeira e o subir as margens não era uma possibilidade. Pousei as minhas coisas e fui testar a profundidade. Rapidamente fiquei sem pé. Regressei a nado ao ponto de partida. Terminava neste ponto a tentativa de progressão pela ribeira. A saída daquele canal fluvial não foi fácil. Só à terceira tentativa é que consegui dar com um trilho que seria certamente de javalis. Era como um labirinto vertical, aquele em que me encontrava. Simultaneamente, a dureza da jornada, parecia aproximar-me de um significado mais profundo das gravuras. Foi como se por momentos tivesse regressado ao tempo da sua feitura, a uma natureza intacta, incompreensível, hostil, muito longe desta contemporaneidade das cidades maiores.
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