[tinta e pó_06] As imagens vão adquirindo, ao longo dos anos, diferentes significados, o que também acontece com o próprio ato de fotografar. Torna-se claro que a tarefa de captura fotográfica do espaço não tem fim, um limite possível, como que explode por sendas antes não imaginadas. As paisagens, o olhar, as tecnologias de registo da realidade, tudo se transforma, sem nunca sabermos, previamente, a sua direção. O desejo de captar o universo visível, as faces da matéria, das coisas e dos seres, desaparece, por fugir a qualquer objetivação, por se esconder quando sobre essa imprecisão repousamos o nosso olhar. Há um diálogo, intrincado e dinâmico, entre espaço, tempo e ser. Entre centenas de milhar de fotografias, vamos alinhavando palavras para tentar descodificar o sentido de todo o caminhar, do que observámos em diferentes tempos agora confluentes no presente. Depois, a sensação de esmagamento, de impossibilidade de processar uma crescente quantidade de informação. Ocasionalmente parece formar-se, vaga, uma ideia coerente, mas que logo se esvanece, antes de a conseguirmos fixar. Aparentemente a compreensão dos nossos próprios fazeres requer uma exteriorização, olhar em redor. No fundo vamos procurando nas margens o sentido, o simbólico do rio que que nos transporta, que tece o pensamento fluido associado aos nossos fazeres.
Serra da Gardunha. Fundão. 2014 |
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