[tinta e pó_04] À medida que caminhamos e descrevemos a terra pelas fotografias, há uma margem de fazeres, aparentemente informe, que vai ganhando significado. São as pontas de um novelo que nos vai conduzindo por lugares desconhecidos que se bifurcam, ramificam. Parece que nos deslocamos como quem constrói uma fuga, não a fuga de um crime, medo, alguma cobardia, mas a fuga inconformada por uma condição que não se aceita, um movimento para a palavra, a liberdade. Talvez sejam apenas os passos constantemente repetidos na procura do paraíso, de uma terra prometida. Espaço refletido no tempo, lugar de uma pacificação que nunca, sabe-mo-lo entretanto, nunca vai acontecer. Mas há momentos em que tudo muda. Há pontos de inflexão, caminhos, fotografias, textos, objetos, possibilidade de novos diálogos, uma luz diferente derramada sobre uma mesma paisagem conhecida, agora diferente. Ao mesmo tempo damos um passo evolutivo. O espaço é uma procura constante, como se quiséssemos moldar o nosso corpo a uma realidade que permanentemente muda de forma.
Rio Ocreza, Portas de Almourão. Foz do Cobrão. Vila Velha de Rodão. 2014 |
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