sexta-feira, 20 de julho de 2012

Piscos

Ribeira dos Piscos e Rio Côa. 1995
Ribeira dos Piscos e Rio Côa. 2012
Vale do Côa, regresso [05]. Quem visita o núcleo de gravuras rupestres da Ribeira dos Piscos, vem de jipe da Muxagata, certamente com ar-condicionado, "aterra" no fundo da ribeira, percorre umas dezenas de metros até ao local onde se encontram os painéis gravados no Paleolítico. Sem um eventual esclarecimento anterior, sem o conhecimento mínimo do vale, talvez seja pouco encontrar meia dúzia de traços numa superfície rochosa. Este fator demoverá eventuais visitas futuras, mas a arte do Côa revela uma subtileza que em muito transcende o que se pode observar em painéis de gravuras isolados. Há uma relação do desenho com o vale, com uma extensão de cerca de 17 quilómetros de marcas gravadas ao longo de milhares de anos.
Mas o regresso à Ribeira dos Piscos revela também alterações na paisagem. Há uma mudança que muitas vezes nos escapa na leitura dos lugares. Há um dinamismo que esconde uma vertigem temporal a que muitas vezes não somos sensíveis. Há algo de imparável na Natureza que vai além de algumas morfologias, da erosão, do coberto vegetal. Há um mistério que integramos.
Gravuras rupestres da Ribeira dos Piscos. 1995

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