|
Vale do Côa nas proximidades da Penascosa. 2012
|
Vale do Côa, regresso [03]. Ainda sem ter tido a oportunidade de o confirmar através de fotografias mais antigas ou outros elementos, parece haver um aumento da área cultivada de vinha, nomeadamente na quinta da Ervamoira, que se atravessa no percurso entre Chãs e o Côa. No fundo do vale tudo parece permanecer numa dimensão atemporal. Talvez a maior diferença em relação ao ano de 1995 seja um acentuado crescimento das árvores que agora assumem uma presença mais significativa criando uma cortina visual. O silêncio é apenas quebrado pelas aves, pelo vento nas folhas, pelos insetos, pelo marulhar do rio que agora está com o caudal muito baixo, depois de um inverno e primavera de pouca precipitação. À noite, como que nas vagas de um oceano inexistente, o coaxar das rãs faz-se ouvir com intensidade descontinuada. Este era o reencontro com a força telúrica de um vale, com o carácter de uma paisagem que motivou, há dezenas de milhares de anos, a fixação de comunidades humanas que aqui deixaram uma mensagem para o futuro. Foi a perenidade dos traços deixados nas rochas. Estava agora no coração desse lugar, na proximidade dos mais significativos conjuntos de gravuras do Vale do Côa.
|
Quinta da Ervamoira. 2012 |
Sem comentários:
Enviar um comentário