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Réplica de gravuras do lugar do Fariseu. Museu do Côa. Vila Nova de Foz Côa. 2012 |
Vale do Côa, regresso [09]. O museu do Côa é a digna homenagem ao vale e à complexidade da sua arte ao longo de milhares de anos. Aqui sente-se o cheiro da terra, há uma leitura de aproximação às gravuras, há uma explicitação do seu contexto, há, também, um convite para que os vários núcleos de gravuras sejam visitados. Não é um museu de coleção, aqui não estão expostas as gravuras, pois não fazia sentido retirá-las do vale. A defesa das gravuras assentou na relação indissociável que estas estabelecem com o rio, há como que um diálogo entre as representações de animais e o curso do rio, o seu leito, as suas águas de caudal variável. Existem elementos arqueológicos colhidos em várias estações arqueológicas do Parque; são artefactos relacionados com o quotidiano de comunidades de caçadores-recoletores que habitaram aqueles lugares. Torna-se evidente no conteúdo do museu o trabalho aturado e aprofundado de pesquisa em todo o território do Parque. Impressiona o visitante como foi possível encontrar tantos elementos que nos permitem hoje tomar conta da reconstituição dos vários períodos pré-históricos e históricos em que o vale foi chão, casa de hominídios que já dispunham da capacidade para deixar as suas marcas de povoamento. Em diversos suportes estão reproduzidas várias gravuras; são elas que verdadeiramente conferem o sentido e a singularidade da arte do Côa. Existem várias réplicas de rochas gravadas, existe a sua reprodução nas paredes e noutros suportes. É nestas reproduções que, com muita clareza, nos podemos abeirar do quão extraordinária é a arte do Côa, da subtileza do seu desenho, da perícia dos seus executantes, do realismo das proporções e do rigor com que estão traçados os animais representados. É um mundo maravilhoso e ofuscante, quando lido no tempo e no lugar em que foi executado.
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Museu do Côa. 2012 |
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