[esporão 34] 21 de setembro de 2012. Detalhes, horta, vindima, design aplicado à terra. O trabalho de Eduardo Aires é como um traço fino que se ergue sobre fundo branco, como que figuras que se desenham sobre a pureza de uma folha limpa e nos transmitem a sobriedade de construção e do discurso sem acessórios, franco. É a simplicidade desconcertante, trabalhada ao detalhe, persistente procura da identidade dos lugares que se cruza com um olhar humano, com a construção da matéria sublime do vinho e do azeite. É a continuidade, em diferentes suportes, de uma mesma linguagem. Não é fácil escrever algumas palavras sobre este labor. Há uma sobriedade que nos parece colocar perante um vazio irredutível. Há um desenho sublime que representa o fim de um caminho de depuração do traço, da letra, da cor e nos coloca perante uma ideia de perfeição, de algo acabado, o chegarmos a um ponto de equilíbrio. Mas, na continuidade desse trabalho de enorme minúcia e delicada subtileza, vemos um longo e determinado caminhar. Este trabalho fotográfico tenta seguir o mesmo princípio, dar “voz” à terra, ao vinho, ao azeite, comunicar a sua veracidade, os gestos delicados sobre uma paisagem que se acarinha. Não há um fim, ou um destino, que não seja o da exploração do fazer aproximações a uma sedução da forma e do conceito difíceis de objetivar.
Quinta dos Murças, Covelinhas, Peso da Régua. 24 de setembro de 2012
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