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Já no largo Oceano navegavam,
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;
Luís de Camões, Lusíadas, canto I
O estuário do Tejo foi em tempos o espaço central, aquático, de Portugal. Nas suas margens recolhidas, abrigadas do mar Atlântico, eram construídas as naus que deixavam depois a barra à procura de novos mundos de riqueza, de abundância e de utopia prometidas. Terminada a sua vida eram abandonadas, apodreciam lentamente. Tornavam-se visíveis na maré vaza. Agora no estuário do Tejo coexistem as perplexidades diversas da nossa relação com a paisagem. Aí encontramos os flamingos rosados, as indústrias pesadas, os pescadores, os mesmos barcos naufragados.
63. Rosário — Sarilhos Pequenos. Moita. 3 de setembro de 1996. |
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