terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Anos que passam

[Guadiana 86-14_20] Quase trinta anos passaram sobre a data em que partia para Serpa, para descer a pé, com um grupo de amigos, o grande Guadiana, rio de caudal muito variável. O que pode significar esse tempo na vida de alguém? Aqui há um rio que é quase como um fio condutor entre paisagens, lugares, arquiteturas, a construção de um mundo. As fotografias são a tentativa de fixação de um certo espírito dos lugares. Mas essa natureza é profundamente esquiva, não apenas pelo seu próprio carácter de permanente mudança, muitas vezes basta a alteração de luminosidades para tornar os lugares quase irreconhecíveis, mas, pela ação do homem, a desconfiguração das paisagens é, por vezes muito inquietante. A construção da barragem do Alqueva alterou profundamente a leitura do território no espaço abarcado pela sua albufeira. O grande lago apagou um tempo arcaico. Permanecem as memórias, algumas das quais, por diversos motivos, não se partilham, ficam as fotografias de um tempo que passou.


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