[três viagens 21] Em Vila Real de Santo António, no extremo sul do Portugal, na foz do Guadiana, fotografei o paredão que conforma a Foz do rio e um pequeno farol, na altura com pescadores por ali dispersos, na conversa, lançando o anzol às águas com corrente forte. Um lugar de fronteira onde ouvia o castelhano tanto quanto o português. De algum modo, as paisagens são sempre estranhas, temos um qualquer problema de integração, de, simultaneamente, estarmos fora e estarmos dentro dos lugares, há qualquer coisa de inadaptação contínua. O meu dia de recolhas fotográficas estava a chegar ao fim. O sol já se havia posto. A faixa litoral tem um povoamento excessivamente denso, procurei um local de pernoita longe. Voltei para trás, quando a terra se enruga e se eleva nos cabeços redondos da serra do Caldeirão. A escuridão avançava mas não tive dificuldade em encontrar, seguindo uma estrada de terra, um pequeno terreno onde havia meia dúzia de amendoeiras. Montei a tenda e passei a noite naquele silêncio que não encontro nas cidades.
Foz do Guadiana, Vila Real de Santo António, 2022 |
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