[Arquitetura sublimada 03] O que fica destas viagens? Que memórias permanecem? Que pessoas entram e saem desta caminhada? Que lugares ficaram para trás? Como se transformou toda a terra? A enorme quantidade de fotografias que pontualmente faço é como que este desejo de responder a todas as perguntas, é o não deixar nada para trás, é o duplicar o real, fixá-lo, transportá-lo para um futuro imóvel, para um tempo que parou. O que encontro nas fotografias de 1990 da serra da Estrela, é já a perda da memória, o tudo que vivi e que não ficou fixado nas imagens, de que hoje quase nada permanece. Desejo de fixação, impossível, do tempo que passa, da transformação dos lugares. As fotografias tentam ser, numa fração de segundo, espaço e tempo e o procurar compreender o que é tudo isto que vemos, quem nos ergueu há milénios nesta nossa condição de passagem.
Cântaro Raso, Serra da Estrela, Manteigas. dg860328. 2018
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"quem nos ergueu há milénios nesta nossa condição de passagem" é uma bela frase.
ResponderEliminar"pulvis es et in pulverem reverteris"
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