[Arquitetura sublimada 10] No contemporâneo infinito mundo das imagens, tudo parece estar fixado, todos os acontecimentos registados. Mas esta leitura é uma ilusão. Apenas parece termos acesso a parcelas mínimas dessa mesma realidade. Apesar de atualmente um número muito significativo de pessoas transportar consigo um telemóvel, que é também uma câmara fotográfica, acabam por ser poucos os acontecimentos, inesperados, relevantes, que vão ser cobertos, de forma significativa, pela imagem fotográfica. Apenas restam fragmentos, que por vezes, se tornam ícones, de um determinado facto. Mundo de janelas estáticas. Na vivência de um tempo concreto, o próprio corpo recebe uma imensa quantidade de estímulos, de sinais, através dos sentidos, que são impossíveis de fixar. É o presente em permanente fuga que nenhum instrumento consegue fixar, que nenhum documentalismo fotográfico é capaz de reter. A perceção desta impossibilidade é um estímulo para trabalhar a mensagem e novas formas de linguagem. Quase como integrar nos nossos fazeres a descodificação do contra-intuitivo que nos é revelado pela ciência do infinitamente pequeno. É este o mundo labiríntico do detalhe que se abre quando nos deparamos no diálogo com a realidade, com a procura de respostas a inquietações irrecusáveis.
Convento de Santa Clara-a-Velha, Santa Clara, Coimbra. dg514434. 2015
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