domingo, 24 de fevereiro de 2019

Penedos

[Torga 16] As penedias distantes das malhas expansivas das cidades permanecem nos seus lugares. São como seres fantasmáticos que encontramos no decurso das caminhadas solitárias pelas paisagens vazias das marcas humanas. O período de um século não é significativo nos processos erosivos que transformam os penedos em matéria diferente. Poderá haver quem não repare nestes horizontes em processo de desertificação humana. Muitos poderão ficar ocultos por uma vegetação que se adensa, mas um dia serão de novo revelados pelas vagas de fogo cíclico, extensões momentaneamente incandescentes, um inferno tão friamente relatado pelo sofrimento das personagens, tão reais quanto ficcionadas, de Torga, dos seus contos crus.
Vila do Conde. 1994

Serra do Alvão. 2002

Penha Garcia, Idanha-a-Nova. 2005

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