(neve gerês 09) Há muitos anos alguém me acusou de nem ver as coisas, mas apenas as fotografar. Trinta anos passaram. A afirmação ficou-me. Na altura, tempos de fotografia analógica, fazia cerca de dez a quinze vezes menos fotografias do que hoje faço. Quando regresso de uma campanha, olho as fotografias e, invariavelmente, questiono-me 'mas onde está todo aquele mundo que vivi há tão pouco tempo?' Sim, as fotografias continuam a parecer-me poucas, mesmo quando me sinto a aproximar de um limite de possibilidade de captura. Um limite físico, espacio-temporal. Quando escrevemos, há uma miríade de pensamentos que conflui em poucas palavras. Quando revemos essas frases, parecer-nos-á impossível tanto ter ficado por dizer. Há uma palavra que falta. Há uma imagem que não encontramos. Continuamos a caminhar na neve.
Excelente artigo! É isso mesmo. Continuamos a caminhar na neve. Tudo perecível, para que a renovação seja possível.
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