O livro Arquitetura Popular em Portugal é uma obra de referência para o conhecimento de Portugal, do seu território, da sua arquitetura. Quando as seis equipas coordenadas por Keil do Amaral partem para o campo, em 1955, ainda havia a ideia, particularmente junto de uma certa classe política ligada ao governo, que existia uma 'casa portuguesa', arquitetura de identidade nacional e distinta de tudo, específica de Portugal por oposição a outras arquiteturas de outros países. Mas as seis regiões definidas já denunciava um conhecimento aprofundado de uma realidade que se queria expor.
Carlos Carvalho Dias e Arnaldo Araújo integram a equipa que vai percorrer a paisagem de Trás-os-Montes e Alto Douro, sob a coordenação de Octávio Filgueiras. Memórias de Trás-os-Montes e Alto Douro, nos 55 anos do Inquérito à Arquitetura Regional Portuguesa, de Carlos Carvalho Dias, é um livro que nos transporta a esses anos iniciais do projeto e nos dá conta das condições de trabalho da altura, do fascínio e paixão com que o mesmo se desenvolvia. Quem hoje percorre Portugal à procura do conhecimento dos seus lugares, não deixa de encontrar nestas páginas um modo de relação com a terra muito familiar apesar do hiato temporal entretanto decorrido. Este livro, amplamente ilustrado com páginas de cadernos de campo, é um documento único sobre a relação com o espaço.
«Tínhamos, portanto, de ir. E fomos.
«Decidimos partir de manhã cedo, mas não seria possível irmos sozinhos, serra acima, pois era grande o risco de nos perdermos.
«Foi-nos aconselhado que contratássemos uns guias experientes em Lordelo, já acostumados a essa atividade. Foi o que fizemos, falando aos dois que nos indicaram como dos melhlores e, de facto, acompanharam-nos eficientemente pelos caminhos da montanha, caminhos fracamente detetáveis ou apenas pressentidos por quem os conhecia!» (pp.60)
Prefácio de José Manuel Pedreirinho
Edição Opera Omnia. Guimarães. 2013.
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