Desenhar caminhos
|
Serra do Gerês. 2012 |
[Gerês 13] Aqui não é descrito um diário de viagem, mas apenas alguns apontamentos sobre o habitar a montanha. Quando começamos a caminhar na serra, a partir de uma das suas aldeias, localizadas no sopé da montanha, há uma evidência que não tardaremos a encontrar. São as mariolas: uma ou várias pedras sobrepostas verticalmente, que indicam um caminho de pé-posto, que são os únicos que existem na serra. Estamos no último reduto de todo o Portugal, onde não se encontram estradões a varrer a montanha por heróicos condutores de todo-o-terreno, ou pelas insuportavelmente ensurdecedoras moto-quatro. As mariolas atingem por vezes mais de um metro de altura. Se em dias claros podemos, muitas vezes dispensar o seu auxílio, em situações de clima instável, com neve ou nevoeiro, elas revelam-se como um indicador absolutamente precioso, para o bom termo e a segurança de um percurso. O mais curioso nestas construções precárias e arcaicas é a eficiência do seu código, como que a simplicidade mais rudimentar de intervir na paisagem de uma forma clara, quase impercetível, como que o primeiro passo num território que se quer atravessar.
|
Serra do Gerês. 2012 |
|
Serra do Gerês. 2012 |
|
Serra do Gerês. 2012 |
Sem comentários:
Enviar um comentário