Casaco de Orlando Ribeiro. Vale de Lobos. 1997 |
O que eu encontrei na casa de Vale de Lobos, aquilo que procurei pela fotografia, foi o sentido de uma vida austera que era revelada por cada objecto, por cada peça de vestuário, por cada elemento aparentemente insignificante que povoava aquele espaço. Era uma vida quase despojada de matéria, centrada no prazer do conhecimento da diversidade dos lugares, do processo histórico de povoamento do espaço e das formas como a fixação de comunidades humanas se integrava e se adaptava a paisagens e a condicionantes climatéricas previamente existentes. Não havia excesso, luxúria ou qualquer género de ostentação: talvez isso o afastasse da proximidade que queria ter com um mundo essencial que encontrava nas suas pesquisas de campo, fosse numa cidade de interior, numa pequena aldeia da serra, nas planícies do sul, em tantos outros lugares, ou no "bosque de sombras perfumadas", expressão usada por Orlando Ribeiro para descrever a serra da Arrábida, um último reduto da floresta mediterrânea, que nos remete para a vivência significante das paisagens, da relação humana que com elas estabelecemos, mas também para o sentido da permanência, ou o habitar de um universo singular e fascinante.
Obrigada pela partilha.
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