Serra das Meadas. Lamego. 1996 |
Esta ânsia de conquista, quantas vezes absurda, é acompanhada por um galopante consumo de energia, que se vai procurar em todos os lugares da Terra. País pobre em combustíveis fósseis, Portugal procura nos rios uma fonte de energia, através da construção de barragens, para alimentar de electricidade os grande aglomerados urbanos. São também construídas centrais termoeléctricas, permanecendo a recusa sensata do nuclear. As barragens representam já uma significante intervenção no território, particularmente as de maior dimensão. Mas este processo desmedido e continuado de procura de energias limpas, continua. O poder político orgulha-se, actualmente, das centrais eólicas, que são construídas um pouco por todo o lado. A sua fraca produtividade em relação às necessidades de consumo humano, leva a que o seu número seja cada vez mais elevado. Numerosos locais, nomeadamente serras de média altitude, como que reservas de paisagens íntegras, são devassadas por estradões que rasgam acessos onde, no passado, apenas se podia aceder através de caminhadas demoradas. Esta procura da invisível energia simboliza a conquista desregrada de todo o solo disponível de uma Nação. Assiste-se a um generalizado empobrecimento do território ,a favor de uma uniformização das paisagens. A terra que pisamos é, seguramente, o último reduto e o mais sólido alicerce da vida neste planeta. Cada vez mais nos afastamos do significado profundo e do sentido de um habitar humano. O desenvolvimento imparável das cidades, e o enraizamento cada vez mais fundo da era digital, promovem, também, o afastamento do mundo físico concreto e da espantosa diversidade de lugares e formas de vida do planeta. Talvez fosse este um dos aspectos que mais desalentava Orlando Ribeiro que, em alguns escritos no fim da sua vida, denota uma certa tristeza com o rumo que esta nova face da humanidade está a encetar. Assistia à perda de um mundo milenar e ao desaparecimento de uma sabedoria solidamente edificada por gerações e gerações de trabalho árduo, continuado e de um nunca baixar de braços perante todas as adversidades. (continua)
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