domingo, 23 de outubro de 2022

Persistir

[três viagens 53] As noites no campo e a madrugada fria. Os campos cobertos de geada, alguma surrealidade e identificação de uma paisagem dura, agreste, o labor humano que tende a desaparecer, pelas melhorias das condições de vida. Mas há quem persista nos campos do tempo antigo. Seria curioso saber porquê. Em muitos casos não haverá em tal atitude uma necessidade de compor a economia doméstica. Arriscaria um desejo de terra, a continuidade da luta de antepassados. Um sentimento de vida, de vigor, a que algumas pessoas associaram aos trabalhos agrícolas, ao contacto com a terra, a necessidade mesmo, de sentirem o corpo. Esta interpretação resulta de uma transposição literal a partir do meu próprio trabalho, de um sentido apelo da terra, dos lugares, como se fosse uma atividade há muito aprendida a agora continuada, num movimento perpétuo.


 

1 comentário:

  1. Concordo com a proposta dessa comunhão ancestral entre o homem e a agricultura. Basta agarrar um punhado de terra barrenta para relembrar esses laços antropológicos.

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