sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Ambiguidade

[três viagens 52] As fotografias contêm em si a ambiguidade de fixarem a imagem retiniana, o espaço e o tempo petrificados. Mas essa petrificação servirá o seu oposto, a irredutível noção da passagem do tempo, a afirmação inquestionável de que tudo muda, que a permanência não existe, que habitamos, todos, uma vertigem, que a vida pode ser um jogo e uma abstração de que apenas. Momentaneamente saltamos fora e habitamos um significado diferente da própria vida. Os trabalhos no campo são essa distração, o mergulho num tempo base, anterior à tomada de consciência da passagem do próprio tempo, uma juventude revivida, em que a eternidade era possível.


 

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