[Suzanne Daveau 15] Este projeto editorial e expositivo foi construído pelo diálogo que fomos estabelecendo com Suzanne Daveau. Numa dessas conversas Suzanne mostrou-nos uma fotografia do saguão do prédio da família, na Rue de Belleville, em Paris, onde era visível o seu irmão, que estava a sair de bicicleta naquele momento. A fotografia seria do segundo quartel do século XX. Todo o ambiente era escuro. As paredes estavam sujas de fuligem. Suzanne chamou-nos a atenção para esse facto. Atualmente a cidade está muito mais limpa. Aqueles eram os tempos da industrialização de Paris, um processo que se iniciara três ou quatro décadas após o que acontecera em Inglaterra. Falou-nos igualmente da construção, no mesmo período, do sistema ferroviário e como isso levara à alteração da demografia de todo o território francês, quando muitas pessoas abandonavam os campos para se deslocarem para as grandes cidades que careciam de mão de obra para as unidades fabris. Suzanne estava a falar-nos de um século e meio de história como se tivesse vivido, presenciado todo esse enorme hiato temporal. E de alguma forma essa era a realidade. Em família, na sua infância e juventude, Suzanne, ouvia as histórias, sobretudo do seu avô, desse último quartel do século XIX e início do século XX. E depois, irremediavelmente, a presença da primeira grande guerra é uma memória muito viva e trágica que marcara a família.
Sem comentários:
Enviar um comentário