[pst 146] «No meio da praça da villa, e em frente da Camara, se vê um mono de pedra, que tanto póde ser um porco, como um urso, hippopotamo ou elefante. É a Porca de Murça. Segundo a lenda, era no séc.VIII esta povoação e o seu termo assolados por grande quantidade de ursos e javalis. Os senhores da villa, secundados pelo povo, tantas montarias fizeram, que extinguiram tão daninhas feras ou as escorraçaram para muito longe. Mas, entre a multidão de quadrupedes, havia uma porca (outros dizem uma ursa) que se tinha tornado o terror dos povos, pela sua monstruosa corpulência, pela sua ferocidade, e por ser tão matreira, que nunca podia ter sido morta pelos caçadores. Em 757 o senhor de Murça, cavaleiro de grandes forças e não menor coragem, dicidiu matar a porca, e taes manhas empregou, que o conseguiu; libertando a terra de tão incommodo hospede. Em memoria d' esta façanha se construiu o tal monumento, alcunhado de a porca de Murça". Tal é a interpretação popular recolhida por Pinho Leal (1875), citado por J. Leite de Vascocelos in Religiões da Lusitania. A gente da cidade esqueceu há muito o carácter sagrado deste símbolo primitivo da fecundidade e da força, mas continua a venerá-lo como uma referência coletiva que marca as milenárias origens da comunidade.
Porca de Murça. 29 de janeiro de 1996 |
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