sexta-feira, 11 de março de 2016

Pontos em movimento

[permanecer inexistente_12] Registar os pontos de um território que, de outra forma, muito provavelmente, nunca repararíamos neles. Andamos no limbo da aleatoriedade, retrato de um caminho que queremos encontrar, que ligue um passado inacessível a um futuro, sempre, imprevisível, num espaço indeterminado. Movimento interminável e fascinante. Nos pontos de um mapa encontramos rostos desfocados, alguém que não conseguimos identificar, nomear. Alguém próximo, talvez a imagem devolvida por um espelho. Parecia penetrar no absurdo da vida, como se aí estivessem desenhados os pontos que procurava. A invenção dos lugares humanos, brancos, vazios de outras realidades como aquelas que representam as perdas reveladas nas fotografias ao quererem aproximar-se de uma essência vaga, de um fundamento, de uma coerência. Agora, flutuando sobre uma superfície líquida, algo terminava, entre um rio vindo de longínquas montanhas e o mar de horizonte largo de viagens, ficaram as florestas, um pinhal destruído, espaços suburbanos, lugares sem nome, ou o coração de serras pobres e desertas. Chegar ao ponto derradeiro de um imaginário como uma realidade próxima mas indecifrável. Descoberta e perda no mesmo instante. Esvaziamento no momento em que alguma realização parece ter sido atingida. Pontos em movimento em torno de outros pontos. Velocidades diversas, constantes. Universo. [Este é o último post do texto “Permanecer inexistente”, relativo ao projeto Sete Círculos].


C7.M - Covas de Ferro. Sintra - 38º52’5.56”N / 9º15’21.00”W - 12.12.2013_10:32

Sem comentários:

Enviar um comentário