[permanecer inexistente_07] Havia em Madrid uma singular beleza destruidora. Como uma gigantesca máquina humana construída para nos transformar: a cidade imensa que se estende, descontrolada, pelas terras que ela própria torna estéreis. O projeto de um sonho construído por milhares, milhões de vidas de ambição. Havia naquele fluir de tráfego, o retrato de um movimento cósmico, com a diferença da imprevisibilidade, que reparávamos quando uma viatura à nossa frente se afastava numa direção própria, ou depois uma outra se juntava, como se fosse de repente inevitavelmente óbvio que não havia ali dois destinos humanos minimamente próximos, demasiado afastados mesmo. Mas sabia, no entanto, que duas pessoas vindas de lugares distantes ao redor dessa imensa cidade, se haviam de quotidianamente encontrar, trocar palavras, experiências, pele sobre pele. Madrid era o símbolo de uma poderosa máquina humana em movimento constante, milhares de pessoas orbitam em torno de uma praça do Sol, cidade que parecia agora representar um sistema definido por pontos no espaço celeste.
C7.G - Apostiça, Sesimbra - 38º33’30.73”N / 9º9’0.25”W - 11.12.2013_10:31
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Bonito texto.
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