[permanecer inexistente_03] Começara a viagem nas proximidades de Lisboa, na rebentação das ondas na praia da Mata, na Costa de Caparica. A aparente frieza de um conceito de partida era ali desfeita nas águas frias do oceano de uma manhã de dezembro. Para onde apontar a câmara fotográfica? Esta seria a questão recorrente, nos vários locais. Um certo determinismo de fixação dos pés no solo, sobre o ponto, salvaguardadas e respeitadas as margens de erro, era ali quebrado pelo dinamismo da superfície líquida em movimento. Havia também uma rápida transformação atmosférica naquele raiar da aurora, onde as nuvens iam assumindo, céleres, formas sempre diferentes. As próprias cores do firmamento perdiam velozmente o tom rosáceo, para se assumirem como predominantemente azuis; um azul esmaecido por uma névoa que se apresentava com uma materialidade difícil de definir. Uma série de ideias de partida ficavam naquelas ondas. Havia agora a promessa de um desafio enorme onde nada, por certo, se iria repetir. Havia uma enorme vontade de percorrer todos os restantes onze pontos na expectativa de ir ao encontro, em cada um deles, uma forma nova de olhar. Havia uma surpresa em cada ponto, motivada por essa sensação de descoberta, de ser ali, mesmo que esse "ali", fosse uma construção com um acentuado pendor irracional. Avançaria, sucessivamente, para pontos mais afastados, limites geométricos da bacia do Tejo. Complexo montanhoso da Lousã, Romanillos de Atienza, Igrejinha, perto de Arraiolos. Finalmente o Tejo, perto do Bugio. Os itinerários estavam traçados.
C7.C - Balsa del Vallejo, Guadalajara - 41º17’24.14”N / 2º52’43.55”W - 18.12.2013_17.44 |
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