[Linha do Tua 50] Segue-se um troço de ferrovia relativamente extenso, com cerca de sete quilómetros, em que a linha tem sentido sul-norte e se desenvolve em curvas suaves. Atendendo à diversidade de situações de paisagem até aqui observada, pode considerar-se que um troço de maior homogeneidade, como este, constitui uma singularidade. À passagem do quilómetro 44, a via afasta-se, pela primeira vez, das margens do rio, mas não por muito tempo. Este desvio terá sido causado pela presença da aldeia de Frechas, que se localiza muito próximo das águas do Tua, a perto de 100 metros do seu leito, numa várzea de acentuada horizontalidade. Alguns elementos patrimoniais atestam a antiga importância desta aldeia. Frechas foi sede de município na Baixa Idade Média, recebeu carta de foral de D. Manuel no ano de 1513, e é provável que lhe tenha sido outorgada uma anterior carta de foral por D. Dinis. A Igreja de São Miguel, matriz de Frechas, deverá ter sido construída no início do século xvi, no entanto foi profundamente remodelada no século xviii e voltou a ser objecto de obras de restauro em 1948, que a deixaram como hoje a encontramos. O Pelourinho, símbolo do poder autárquico, com tipologia de «pinha» e fuste de secção oitavada, decorado com florões e besantes, em faces alternadas, apresenta um desenho quinhentista, pelo que deverá ter sido levantado no início do século xvi, contemporaneamente à entrega da carta de foral. Algumas casas brasonadas, construídas no século xviii, dão a imagem de uma prosperidade que atualmente não se verifica, apesar de a aldeia manter algum dinamismo no quadro da ruralidade em que se inscreve.
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