[Linha do Tua 59] Mirandela é o coração de um território vasto a que se convencionou chamar Terra Quente Transmontana. A paisagem é dominada por um mosaico diversificado de ocupação agrícola, que se adapta às formas arredondadas do relevo. Havendo exceções, a propriedade é relativamente pequena, e nela estão mais presentes as culturas da oliveira – aqui se produzem alguns dos melhores azeites do país –, a vinha, a amendoeira, bem como alguns frutos, de entre os quais se destaca a cereja. O clima nestas terras de Mirandela é muito quente no Verão, que muitas vezes é antecipado na Primavera ou se «estende» pelo Outono. Estamos num território abrigado, como que um último enclave de características mediterrâneas a norte do Douro, onde predomina já um clima marcadamente continental. Apesar da distância que separa a cidade da orla costeira, Mirandela está a uma cota muito baixa, a pouco mais de 200 metros de altitude. É dos pontos mais baixos da região, e nele converge uma concha de enormes dimensões, definida por um sistema hidrológico composto pelos rios Tuela, Rabaçal e Ribeira de Carvalhais. A linha de escoamento deste complexo fluvial é, justamente, o rio Tua. Estas características fazem deste vale a melhor solução para a penetração da via-férrea até Mirandela e, posteriormente, Bragança. Na época do projeto da Linha do Tua foi equacionada a possibilidade de fazer o acesso a Bragança pelo vale do rio Sabor, que desagua no Douro próximo do Pocinho e nasce um pouco a norte da capital transmontana. Mas este percurso, não sendo tecnicamente mais fácil, era substancialmente mais longo do que a solução através do Tua. Essa via natural foi aproveitada para a construção de um outro ramal de Linha do Douro, a Linha do Sabor, que era suposto ter chegado a Miranda do Douro mas que não passou de Duas Igrejas, uma aldeia a seis quilómetros de Miranda.
Sem comentários:
Enviar um comentário