quinta-feira, 17 de julho de 2014

“Contranatura”

[Linha do Tua 24] Se treparmos um pouco a encosta, na tentativa de observarmos o vale de um ponto de vista privilegiado, esta realidade torna-se mais clara. Apesar da sua dimensão alienígena, a via-férrea integra-se perfeitamente na paisagem. Este é um dos factos que faz desta obra uma referência sobre a intervenção num lugar natural. O desenho do traçado, apesar de «contranatura», é delicado e revela um respeito primordial pela Natureza. Certamente que o facto de os meios de intervenção, no passado, serem mais reduzidos e custosos, levava a que se «destruísse» o menos possível a natureza do território sobre o qual se operava. Também é certo que o tempo contribuiu para que, atualmente, se tenha uma leitura de coerência entre a intervenção e a Natureza receptora. Talvez hoje se considerasse um crime construir uma linha-férrea ao longo de um vale com as características do vale do Tua, mas o que é facto é que nos habituámos à existência deste itinerário, que entretanto se integrou no imaginário coletivo de uma identidade, se não de todo o país, pelo menos de um modo significativo nos transmontanos e nos habitantes do Norte Interior de Portugal.

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