quinta-feira, 10 de julho de 2014

Paisagem indomável

[Linha do Tua 18] Volvidos os primeiros seis quilómetros, a linha segue na direção poente-nascente até pouco depois da apeadeiro do Castanheiro. O vale vai apresentando uma sucessão de paisagens diferenciadas e sempre surpreendentes. Do ponto de vista do povoamento humano da paisagem, este é o troço mais isolado de todo o percurso. Numa extensão de cerca de 13 quilómetros, entre a Quinta do Smith, junto à foz do rio, e as proximidades da povoação de Amieiro, ao quilómetro 13, a linha não tem um único ponto de acesso rodoviário. Ao observar uma imagem aérea vemos que esta área é dominada pelo verde-escuro do pinheiro-bravo e do mato rasteiro, pontualmente rasgado por um ou outro estradão de acesso a pequenos terrenos agrícolas ou de exploração florestal, localizado em pontos de cota elevada. Junto à linha, ou nas paredes do vale, observamos extensas superfícies contínuas de granito que dão a impressão de uma terra agreste, tão agreste que é quase impossível a sua exploração pelo homem. Trata-se, no fundo, de um troço de paisagem indomável no centro do Douro vinhateiro. O facto de a pedra dominante ser o granito, uma rocha magmática de extrema dureza, faz-nos também refletir sobre a força extraordinária dos movimentos telúricos que contribuíram para a abertura do vale.


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