Margem do Tejo. Santarém, prox.. 1995 |
[Negativos arq. #8] A montanha representa aqui a ideia de um fim, ausência, silêncio, morte. O tempo e o espaço permanecem, mas sem uma descodificação racional. Há o regresso a um mundo pré-humano. Há o imaginar de um espaço como ele poderia ser antes de uma leitura humana. É aqui que encontramos o sentido e o fascínio da arquitetura e de uma espécie que atinge um determinado grau de desenvolvimento biológico e se destaca de outras, cria, no decurso de um tempo longo, um universo de razão, dirige, titubeante, os seus destinos, constrói o seu próprio território no afastamento de uma natureza-mãe. Então, com todas as incertezas, chegamos ao momento presente e olhamos para uma paisagem ancestral, como se olhássemos pela primeira vez para uma paisagem que nos estava inscrita nos genes, mas que já não conhecíamos. É essa paisagem que, de forma ambígua, nos fala do futuro, que nos interroga, que nos questiona sem deixar a mínima pista sobre a continuidade da viagem. Estamos perante a misteriosa seta do tempo.
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